quarta-feira, 11 de janeiro de 2012



Sobre gêneros

* Por Jair Lopes


Homens são de Marte, mulheres são de Vênus”, livro que pretende colocar homens e mulheres em campos opostos, é apenas um dos títulos a disposição do público que enfatiza a diferença de gêneros entre humanos. Para sermos politicamente corretos devemos considerar homens e mulheres iguais então? Nem pensar!
O mundo está repleto de homens afetuosos e românticos (Vênus) e de mulheres agressivas (Marte) mas, no que toca à inteligência, não há qualquer diferença entre os gêneros. É claro que existem diferenças biológicas bem acentuadas entre homens e mulheres, por exemplo: os hormônios influenciam diferentes partes cerebrais de modo que o hormônio masculino (testosterona) e o feminino (estrogênio) atuam nos cérebros dos bebês em formação e também nos adultos. Daí, o formato dos cérebros de mulheres e homens diferirem em consequência desse “tratamento” hormonal diferenciado, embora as diferenças sejam só observáveis por cientistas treinados.
O cérebro feminino apresenta maior número de conexões, enquanto o masculino é ligeiramente maior. Considerando as diferenças de formato não é de se estranhar que os comportamentos difiram também. Contudo, a maioria das diferenças é cultural, instituída pela sociedade. Existe uma sociedade no Laos na qual a família escolhe um dos meninos para ser criado como menina. A ele é dado tratamento como se menina fosse; desde o berço até a adolescência suas roupas, preocupações, gestual e atividades são escolhidas de forma que se torne uma menina de direito, embora seu aparelhamento genético desminta esse gênero, ou seja, são meninos de facto.
A esses meninos escolhidos é permitido somente frequentar classes de aula de garotas e até banheiros femininos. Como a sociedade na qual vivem não discrimina esses meninos-meninas, eles se sentem bem confortáveis, e não abdicam de sua “feminilidade” adquirida mesmo depois de adultos e conscientes de que foram obrigados a assumir aquela identidade. Consta que a porcentagem de homossexuais entre eles é a mesma que entre a população de homens “normais”, ou seja, de homens que foram criados como tal.
Como costumamos dizer, nossa sociedade é machista e, desse modo, as instituições foram criadas, na sua maioria, valorizando o trabalho e as atividades masculinas em detrimento das mulheres. Nas religiões, sejam cristãs ou não, as funções de guias (pastores, rabinos, mulás, padres etc) são masculinas, e não há qualquer indicação que isso tende a mudar em médio prazo. Até a década de setenta alimentava-se, nos EUA, a crença que mulheres eram menos dotadas musicalmente, dizia-se que elas não podiam tocar músicas clássicas nas orquestras. Dessa forma, as melhores orquestras eram essencialmente masculinas.
No rastro do movimento feminista surgiu pressão para que os maestros e diretores de orquestra passassem a fazer testes com os candidatos músicos ocultos por biombos, para que pudessem ser ouvidos, mas não identificados. Resultado: vinte anos depois as grandes orquestras americanas têm um número igual de mulheres e homens nos seus plantéis, e nem por isso a qualidade de seus concertos caiu. Na Europa, como não existe esse teste cego, mais de oitenta por cento dos músicos das orquestras são homens, e muitos músicos continuam acreditando que as mulheres não tocam tão bem quanto os varões.
Existe o mito que homens são melhores que as mulheres em matemática, visto que é maior o número de homens que têm excelente desempenho em testes. Mas é verdade também que o número de homens com desempenho muito ruim é maior, ou seja, se quisermos dizer que os homens são melhores, temos que admitir que também são piores. Empatou, certo? A diferença crucial entre os gêneros é que o desempenho dos homens é mais variado que o das mulheres.
Por último gostaria de dizer, homens e mulheres são iguais em direitos, deveres e inteligência e, fundamentalmente diferentes naquilo que interessa para a perpetuação da espécie: sexo. Já imaginou se mulheres fossem indistinguíveis de homens na aparência? Quem gostaria de fazer sexo com um “aparentemente” homem? Só homossexuais talvez, mas daí a continuidade da raça humana estaria garantida? Viva a diferença!

• Escritor

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