A Bossa nas letras
A bibliografia referente à Bossa Nova é considerável, o que atesta, enfaticamente, sua importância não somente como renovadora vertente musical da MPB, mas também como (e principalmente) renovação cultural, no sentido lato de cultura, catalisadora que foi de novos comportamentos e novos paradigmas de um país que deixava secular atraso e dava grande salto de modernidade. Recorde-se que, na época, o Brasil encarava o que talvez tenha sido o maior desafio da sua história, a construção de Brasília. E o político que liderava essa empreitada (para muitos, aventura), Juscelino Kubitschek, não tardou a ficar conhecido como “presidente Bossa Nova”.
Selecionei alguns livros que, a meu alvitre, retratam os aspectos mais relevantes desse importante movimento, sobre os quais farei breves comentários (quando ou se pertinentes) e cuja menção é mais no sentido de indicar fontes aos que se proponham a realizar pesquisas mais aprofundadas sobre o tema do que propriamente defender alguma tese.
Faço isso até por sugestão de alguns leitores, que se confessaram fascinados pelo assunto e solicitaram que eu o esgotasse. Bem, isso não será possível, principalmente por causa da natureza e da exigüidade deste espaço voltado á literatura. Quem sabe eu o esgote mesmo, mas em um possível (não sei se provável) futuro livro, do qual esta série de textos venha a se constituir em embrião. Mas... não garanto.
Minha primeira sugestão, aos potenciais pesquisadores, é “Rio Bossa Nova”, de Ruy Castro, da Editora Casa da Palavra. O autor dispensa apresentações. É um veterano do mercado editorial, e dos melhores sucedidos, com vários best-sellers no currículo. O livro, na definição do próprio Ruy Castro, “é um passeio pela geografia e pela história da Bossa Nova, um roteiro lítero-musical”. É leitura que, obviamente, recomendo.
O escritor e eclético jornalista conduz o leitor pela mão e o leva às casas de shows, aos barzinhos, às lojas e paisagens que serviram de cenários para o surgimento, desenvolvimento e consolidação desse movimento. É um passeio delicioso e fascinante por um Rio de Janeiro que recém havia deixado de ser a capital do país e que ainda teima em sobreviver, em meio às múltiplas transformações, para melhor ou para pior, ditadas pelo implacável tempo: por mais de meio século de história.
Outro livro bastante útil ao pesquisador é “Eis aqui os Bossa Nova”, de Zuza Homem de Melo, publicado pela Editora Martins Fontes. O autor é dos mais gabaritados e credenciados a escrever sobre algo que não somente testemunhou, mas, sobretudo, viveu. Trata-se respeitado musicólogo, jornalista e produtor musical. Concentra-se, notadamente, na “década mágica” de 1958 a 1968, em que a Bossa Nova surgiu praticamente por acaso e serviu de veículo para que a música brasileira ganhasse definitivamente o mundo.
A sinopse da editora reflete melhor o teor do livro do que eu poderia descrevê-lo. Diz: “As biografias em primeira pessoa são um achado, assim como as reflexões, com a visão recôndita da obra por cada autor. Como numa máquina do tempo, o livro nos transporta a João Gilberto ensinando ao baterista o tec-tec-tec da bossa, a Tom perguntando ‘tem um dinheirinho nisso?’, a Carlos Lyra descobrindo, surpreso, que alguém tinha batizado aquele punhado de novos cantores de bossa nova”.
O terceiro livro é, diria, mais técnico. Nem por isso, contudo, é menos precioso. Aliás, pelo contrário: é preciosíssimo. Trata-se de “A linguagem harmônica da Bossa Nova”, de José Estevam Gava, com apresentação de Maria de Lourdes Sekeff e prefácio de Regis Duprat. A publicação integra o projeto “Edição de Textos de Docentes e Pós-Graduados da UNESP” e foi editado e publicado pela editora dessa importante universidade paulista.
José Estevam Gava é bacharel em música, mestre em artes e doutor em História. Como se vê, é credenciadíssimo para escrever a propósito. E escreve. E escreve muito bem. O livro divide-se em quatro partes: “Percurso musical bossanovista”, “Momento da Bossa Nova”, “Atores principais” e “Harmonia”. Como toda obra acadêmica que se preze, traz farta bibliografia sobre o tema, além das fontes de que se valeu para escrever sua preciosa obra.
O quarto livro que selecionei e recomendo é “Breve história da Bossa Nova”, de Guca Domenico, lançado em 2008 pela Editora Claridade. O próprio título da obra define o seu teor. Trata-se de conciso e enxuto panorama histórico desse importantíssimo movimento cultural, com seus momentos marcantes e principais personagens. O autor, todavia, não se limita a historiar. Faz pertinente e aguçada análise crítica das origens e conseqüências da Bossa Nova.
Guca Domenico (como é conhecido) ou Carlos Augusto Domenico (seu nome de batismo) é um compositor, cronista e poeta do interior do Estado de São Paulo, mais especificamente da cidade de Santa Cruz do Rio Pardo. É conhecido nos meios artísticos por integrar o conjunto “Língua de Trapo”.
Além de contextualizar a Bossa Nova, traçando um panorama político, econômico e social da época do seu surgimento, apresenta preciosos dados biográficos de alguns de seus personagens mais marcantes, como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto e Nara Leão, entre outros. Selecionei, ainda, mais três livros sobre o assunto, mas desses tratarei com mais vagar em outro texto.
Boa leitura.
O Editor.
A bibliografia referente à Bossa Nova é considerável, o que atesta, enfaticamente, sua importância não somente como renovadora vertente musical da MPB, mas também como (e principalmente) renovação cultural, no sentido lato de cultura, catalisadora que foi de novos comportamentos e novos paradigmas de um país que deixava secular atraso e dava grande salto de modernidade. Recorde-se que, na época, o Brasil encarava o que talvez tenha sido o maior desafio da sua história, a construção de Brasília. E o político que liderava essa empreitada (para muitos, aventura), Juscelino Kubitschek, não tardou a ficar conhecido como “presidente Bossa Nova”.
Selecionei alguns livros que, a meu alvitre, retratam os aspectos mais relevantes desse importante movimento, sobre os quais farei breves comentários (quando ou se pertinentes) e cuja menção é mais no sentido de indicar fontes aos que se proponham a realizar pesquisas mais aprofundadas sobre o tema do que propriamente defender alguma tese.
Faço isso até por sugestão de alguns leitores, que se confessaram fascinados pelo assunto e solicitaram que eu o esgotasse. Bem, isso não será possível, principalmente por causa da natureza e da exigüidade deste espaço voltado á literatura. Quem sabe eu o esgote mesmo, mas em um possível (não sei se provável) futuro livro, do qual esta série de textos venha a se constituir em embrião. Mas... não garanto.
Minha primeira sugestão, aos potenciais pesquisadores, é “Rio Bossa Nova”, de Ruy Castro, da Editora Casa da Palavra. O autor dispensa apresentações. É um veterano do mercado editorial, e dos melhores sucedidos, com vários best-sellers no currículo. O livro, na definição do próprio Ruy Castro, “é um passeio pela geografia e pela história da Bossa Nova, um roteiro lítero-musical”. É leitura que, obviamente, recomendo.
O escritor e eclético jornalista conduz o leitor pela mão e o leva às casas de shows, aos barzinhos, às lojas e paisagens que serviram de cenários para o surgimento, desenvolvimento e consolidação desse movimento. É um passeio delicioso e fascinante por um Rio de Janeiro que recém havia deixado de ser a capital do país e que ainda teima em sobreviver, em meio às múltiplas transformações, para melhor ou para pior, ditadas pelo implacável tempo: por mais de meio século de história.
Outro livro bastante útil ao pesquisador é “Eis aqui os Bossa Nova”, de Zuza Homem de Melo, publicado pela Editora Martins Fontes. O autor é dos mais gabaritados e credenciados a escrever sobre algo que não somente testemunhou, mas, sobretudo, viveu. Trata-se respeitado musicólogo, jornalista e produtor musical. Concentra-se, notadamente, na “década mágica” de 1958 a 1968, em que a Bossa Nova surgiu praticamente por acaso e serviu de veículo para que a música brasileira ganhasse definitivamente o mundo.
A sinopse da editora reflete melhor o teor do livro do que eu poderia descrevê-lo. Diz: “As biografias em primeira pessoa são um achado, assim como as reflexões, com a visão recôndita da obra por cada autor. Como numa máquina do tempo, o livro nos transporta a João Gilberto ensinando ao baterista o tec-tec-tec da bossa, a Tom perguntando ‘tem um dinheirinho nisso?’, a Carlos Lyra descobrindo, surpreso, que alguém tinha batizado aquele punhado de novos cantores de bossa nova”.
O terceiro livro é, diria, mais técnico. Nem por isso, contudo, é menos precioso. Aliás, pelo contrário: é preciosíssimo. Trata-se de “A linguagem harmônica da Bossa Nova”, de José Estevam Gava, com apresentação de Maria de Lourdes Sekeff e prefácio de Regis Duprat. A publicação integra o projeto “Edição de Textos de Docentes e Pós-Graduados da UNESP” e foi editado e publicado pela editora dessa importante universidade paulista.
José Estevam Gava é bacharel em música, mestre em artes e doutor em História. Como se vê, é credenciadíssimo para escrever a propósito. E escreve. E escreve muito bem. O livro divide-se em quatro partes: “Percurso musical bossanovista”, “Momento da Bossa Nova”, “Atores principais” e “Harmonia”. Como toda obra acadêmica que se preze, traz farta bibliografia sobre o tema, além das fontes de que se valeu para escrever sua preciosa obra.
O quarto livro que selecionei e recomendo é “Breve história da Bossa Nova”, de Guca Domenico, lançado em 2008 pela Editora Claridade. O próprio título da obra define o seu teor. Trata-se de conciso e enxuto panorama histórico desse importantíssimo movimento cultural, com seus momentos marcantes e principais personagens. O autor, todavia, não se limita a historiar. Faz pertinente e aguçada análise crítica das origens e conseqüências da Bossa Nova.
Guca Domenico (como é conhecido) ou Carlos Augusto Domenico (seu nome de batismo) é um compositor, cronista e poeta do interior do Estado de São Paulo, mais especificamente da cidade de Santa Cruz do Rio Pardo. É conhecido nos meios artísticos por integrar o conjunto “Língua de Trapo”.
Além de contextualizar a Bossa Nova, traçando um panorama político, econômico e social da época do seu surgimento, apresenta preciosos dados biográficos de alguns de seus personagens mais marcantes, como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto e Nara Leão, entre outros. Selecionei, ainda, mais três livros sobre o assunto, mas desses tratarei com mais vagar em outro texto.
Boa leitura.
O Editor.
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Ruy Castro sabe muito. Para nossa informação é bom mergulharmos na história.
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