Pra variar
* Por Ivo Theis
Quarta-feira, 18 de janeiro de 2012: em audiência no Tribunal de Justiça, de São Paulo, na qual estiveram presentes, entre outros, os representantes da massa falida da Selecta, o juiz titular da 18ª Vara Cível da Comarca da Capital, Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, decidiu conceder 15 dias de prazo para que a prefeitura de São José dos Campos, o governo do Estado e a União negociassem uma solução.
O caso: a “solução” era para uma comunidade de sem-tetos que, em 2004, ocupou um verdadeiro latifúndio urbano, de 1,3 milhão de metros quadrados, em São José dos Campos, São Paulo. Essa comunidade era constituída, até domingo, por cerca de 1,7 mil famílias, ou seja, entre seis e oito mil pessoas. Gente simples, pobre, humilde.
Domingo, 22 de janeiro de 2012, 6h: à força de 2 mil soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, oriundos de 33 municípios, acompanhados de helicópteros, blindados, armas de fogo, bombas de gás e pimenta, a gente simples e pobre da Ocupação Pinheirinho foi, truculentamente, desalojada de seus casebres.
Ainda o caso: os moradores desalojados que, fazia oito anos, viviam no Pinheirinho, integravam uma comunidade de gente simples pobre. Mas, eram pais e mães de família, que erigiram seus casebres por meio de mutirões, trabalhavam e tinham filhos nas escolas.
Domingo, 22 de janeiro de 2012, fim do dia: depois de muita violência (com feridos graves, talvez, até mortos), não havia mais Ocupação Pinheirinho. Tivesse alguém permanecido e teria de sobreviver sem água, eletricidade, telefone – cortados. E sem a Capela Madre Tereza de Calcutá, construída pelos moradores, tombada sob o peso dos tratores da prefeitura.
Outra parte do caso: contrariando decisões da Justiça Federal, as ordens para o despejo executado pela Polícia Militar teriam partido do governador Geraldo Alckmin. E a massa falida da (acima referida) Selecta, que reclama o terreno, é de propriedade de um tal Naji Nahas. E tudo indica que essas coisas se ligam...
Quanto à violência: ela foi material e simbólica, policial e governamental, e também esteve presente na manipulação da informação. Não foi dirigida contra branco rico e poderoso. Foi perpetrada contra o povo simples e pobre, contra a gente humilde e indefesa. Pra variar.
• Professor, economista e doutorado em Geografia
Quarta-feira, 18 de janeiro de 2012: em audiência no Tribunal de Justiça, de São Paulo, na qual estiveram presentes, entre outros, os representantes da massa falida da Selecta, o juiz titular da 18ª Vara Cível da Comarca da Capital, Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, decidiu conceder 15 dias de prazo para que a prefeitura de São José dos Campos, o governo do Estado e a União negociassem uma solução.
O caso: a “solução” era para uma comunidade de sem-tetos que, em 2004, ocupou um verdadeiro latifúndio urbano, de 1,3 milhão de metros quadrados, em São José dos Campos, São Paulo. Essa comunidade era constituída, até domingo, por cerca de 1,7 mil famílias, ou seja, entre seis e oito mil pessoas. Gente simples, pobre, humilde.
Domingo, 22 de janeiro de 2012, 6h: à força de 2 mil soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, oriundos de 33 municípios, acompanhados de helicópteros, blindados, armas de fogo, bombas de gás e pimenta, a gente simples e pobre da Ocupação Pinheirinho foi, truculentamente, desalojada de seus casebres.
Ainda o caso: os moradores desalojados que, fazia oito anos, viviam no Pinheirinho, integravam uma comunidade de gente simples pobre. Mas, eram pais e mães de família, que erigiram seus casebres por meio de mutirões, trabalhavam e tinham filhos nas escolas.
Domingo, 22 de janeiro de 2012, fim do dia: depois de muita violência (com feridos graves, talvez, até mortos), não havia mais Ocupação Pinheirinho. Tivesse alguém permanecido e teria de sobreviver sem água, eletricidade, telefone – cortados. E sem a Capela Madre Tereza de Calcutá, construída pelos moradores, tombada sob o peso dos tratores da prefeitura.
Outra parte do caso: contrariando decisões da Justiça Federal, as ordens para o despejo executado pela Polícia Militar teriam partido do governador Geraldo Alckmin. E a massa falida da (acima referida) Selecta, que reclama o terreno, é de propriedade de um tal Naji Nahas. E tudo indica que essas coisas se ligam...
Quanto à violência: ela foi material e simbólica, policial e governamental, e também esteve presente na manipulação da informação. Não foi dirigida contra branco rico e poderoso. Foi perpetrada contra o povo simples e pobre, contra a gente humilde e indefesa. Pra variar.
• Professor, economista e doutorado em Geografia
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