Escolhas
* Por Ana Flores
Algumas mulheres se queixam das conquistas feministas, alegando que só aumentaram o trabalho e as responsabilidades da mulher, principalmente da casada e com filhos, que em tempos idos – ou nem tão idos assim - sempre contava com alguém para pagar as contas da família.
Outras acham que as conquistas valem qualquer trabalho a mais, bem melhor que a dependência com a qual solteiras ou casadas tinham que conviver. Seja qual for a posição feminina sobre o assunto, quem continua passando ao largo da questão são as agências de publicidade.
A imagem que ilustra o anúncio de cartão de crédito de um banco, espalhado em pontos de ônibus da cidade, é a de uma mulher jovem, carregando três sacolas de shopping em cada mão, sugerindo subliminarmente o melhor destino para o dinheiro de uma conta bancária.
Em época de Natal e Dia das Mães, as figuras maternas de qualquer idade são sempre mostradas sorrindo ao lado de geladeiras, roupas, móveis e eletrodomésticos. Nos anúncios para presentes, nunca se vê uma mãe sorrindo satisfeita ao lado de um computador, que passou a fazer parte importante em sua vida, assim como liquidificadores e geladeiras. Cada um na sua hora, com utilidades específicas, mas não excludentes.
A questão aqui não é a velha e batida discussão sobre a situação ideal da mulher, se trabalhando dentro ou fora de casa. Como toda luta coroada por conquistas, há vantagens e desvantagens nos resultados, e esse tema não foge à regra.
Mas há uns quarenta anos se abriram opções para quem quis se arriscar a ser dona do próprio nariz, escolher estado civil, ter filhos ou não, morar sozinha ou acompanhada.
Assim também para confirmar sua preferência por estar pessoalmente à frente da organização pessoal da casa e da família, desde as compras de alimentos até o transporte dos filhos à escola, às festas e ao dentista. Desse quadro, desafortunadamente não faz parte a mulher trabalhadora, de baixo poder aquisitivo, cuja única saída é sustentar sozinha a família em jornadas duplas e triplas de trabalho.
Mas chama a atenção como certo segmento da propaganda ainda finge não perceber que a mulher moderna não precisa gastar seu salário apenas em acessórios e maquiagem, itens sempre bem-vindos para alegrar a vida.
Quem não tem seu momento de dona do mundo com aquele batom deslumbrante? Mas além dele, a mulher de hoje também sente prazer em financiar sua própria viagem, comprar periféricos para seu computador, escolher um carro pela segurança e desempenho, abrir seu próprio negócio, conhecer e degustar vinhos para poder escolher o que mais lhe apetece e por aí vai. Por enquanto, esses ainda são nichos masculinos, com raras exceções.
Talvez por pouquíssimo tempo, pois no nicho culinário e no dos cuidados com os filhos, antes predominantemente das mulheres, os homens, felizmente, já estão entrando sem bater.
• Escritora
* Por Ana Flores
Algumas mulheres se queixam das conquistas feministas, alegando que só aumentaram o trabalho e as responsabilidades da mulher, principalmente da casada e com filhos, que em tempos idos – ou nem tão idos assim - sempre contava com alguém para pagar as contas da família.
Outras acham que as conquistas valem qualquer trabalho a mais, bem melhor que a dependência com a qual solteiras ou casadas tinham que conviver. Seja qual for a posição feminina sobre o assunto, quem continua passando ao largo da questão são as agências de publicidade.
A imagem que ilustra o anúncio de cartão de crédito de um banco, espalhado em pontos de ônibus da cidade, é a de uma mulher jovem, carregando três sacolas de shopping em cada mão, sugerindo subliminarmente o melhor destino para o dinheiro de uma conta bancária.
Em época de Natal e Dia das Mães, as figuras maternas de qualquer idade são sempre mostradas sorrindo ao lado de geladeiras, roupas, móveis e eletrodomésticos. Nos anúncios para presentes, nunca se vê uma mãe sorrindo satisfeita ao lado de um computador, que passou a fazer parte importante em sua vida, assim como liquidificadores e geladeiras. Cada um na sua hora, com utilidades específicas, mas não excludentes.
A questão aqui não é a velha e batida discussão sobre a situação ideal da mulher, se trabalhando dentro ou fora de casa. Como toda luta coroada por conquistas, há vantagens e desvantagens nos resultados, e esse tema não foge à regra.
Mas há uns quarenta anos se abriram opções para quem quis se arriscar a ser dona do próprio nariz, escolher estado civil, ter filhos ou não, morar sozinha ou acompanhada.
Assim também para confirmar sua preferência por estar pessoalmente à frente da organização pessoal da casa e da família, desde as compras de alimentos até o transporte dos filhos à escola, às festas e ao dentista. Desse quadro, desafortunadamente não faz parte a mulher trabalhadora, de baixo poder aquisitivo, cuja única saída é sustentar sozinha a família em jornadas duplas e triplas de trabalho.
Mas chama a atenção como certo segmento da propaganda ainda finge não perceber que a mulher moderna não precisa gastar seu salário apenas em acessórios e maquiagem, itens sempre bem-vindos para alegrar a vida.
Quem não tem seu momento de dona do mundo com aquele batom deslumbrante? Mas além dele, a mulher de hoje também sente prazer em financiar sua própria viagem, comprar periféricos para seu computador, escolher um carro pela segurança e desempenho, abrir seu próprio negócio, conhecer e degustar vinhos para poder escolher o que mais lhe apetece e por aí vai. Por enquanto, esses ainda são nichos masculinos, com raras exceções.
Talvez por pouquíssimo tempo, pois no nicho culinário e no dos cuidados com os filhos, antes predominantemente das mulheres, os homens, felizmente, já estão entrando sem bater.
• Escritora
O pior é ainda ouvir, muitas das vezes dentro do
ResponderExcluirseu próprio lar que a gente aguente as consequências...
Não brigo para ser melhor que ninguém, brigo pelo
respeito a minha individualidade.
Ótimo texto.
Abraços