Curiosidade à parte...
* Por Lêda Selma
Ah! não vou mesmo, de jeito maneira, nem que a coruja ria, o galo chie e o elefante mie! Tem graça Ir ao consultório de um dermatologista e deparar-me com aquela pele desfavorecida de viço, marcada por acne, manchas? E endocrinologista farturento, ou seja, com mais carne do que osso, mais banha que espaço? Nem pensar! Isso vale para o cardiologista. Para este, no máximo, manequim tamanho ‘M’! Agora, pneumologista arfante, com tosse, ixe! Pernas, pra que te quero?!
Não se trata de brincadeira, apenas, constatações como a do angiologista com veias enormes ramificadas pernas afora. Convenhamos, no mínimo, constrangedor! Mas de causar descrença, digno de desconfiança, o médico ler o laudo e, só depois, ver o RX, a tomografia, a ressonância... Feiíssimo, hem, doutor?! Que Deus me resguarde de suas vistas, amém! E psiquiatra com tipo e trejeitos de paciente? Bem, fazer o quê?! Afinal, onde encontrar um sem tais características? Se não houver outra saída, ó Cristo, por piedade, proteja minha cabeça!
Nenhuma implicância com a classe médica, não, não, nada disso (Deus me segure o ímpeto!). Tanto que mudarei o foco. Alguém se entregaria aos cuidados de um dentista, ou seja, odontólogo (mais chique e moderno, apregoam), cujos dentes escuros ou avariados lhe sorrissem um riso amarelo? Francamente! E quem contrataria os serviços de um advogado que, de cara, todo prosa e cheio de propriedade, alardeasse: sou adevogado! Confiança zero! E só mesmo o santo protetor dos ouvidos aviltados para salvá-los de um colapso auditivo fatal!
Pois é, que cada qual capriche em sua estampa de apresentação. As aparências, às vezes, enganam, porém, não raro, também revelam. E espantam.
Curioso: todo profissional carrega suas peculiaridades e ‘tiques’. Um exemplo, a mania do cardiologista: apalpar, com os dedos, o pulso de quem está ao seu lado. Proctologista, ginecologista... Hã?!
Dizem as línguas viperinas, aquelas de palmo e meio, que o cirurgião já cumprimenta o paciente com o bisturi na mão. As queixas do doente? Depois de combinada a cirurgia, recebem atenção, ora! Eu, hem?!
Mas há os exageros, ah! e quantos?! Minha mãe – hum, que saudade! – contou-me que, nos confins do sertão baiano, certa senhora, acometida de forte dor no joelho, marcou hora no consultório do ortopedista. Atendente mal-humorada, espera longa, calor a dilatar poros e impaciências, e a dor, ali, imperativa, a zanzar pelo joelho, a escorregar perna abaixo, enfim, um sofrimento de dar dó! Finalmente, a consulta. Sentado, o médico, sisudo, olhar acocorado sobre a ficha, inicia a anamnese, leigamente conhecida como perguntação; em seguida, levanta-se para examinar a mulher que, indisfarçadamente surpresa, percebe-o manco. Aí, pronto, tudo desanda! E foi tanto o desandamento que, entre muxoxos e lamúrias, ao sair, ela joga no primeiro lixo os pedidos de exames. Aturdida, sua filha aborda-a: “Que maluquice é essa, mãinha?!”. Maluquice?! Maluca eu seria se entregasse meu mal àquele médico sem competência, pois continuaria manquejante enquanto vida tivesse. Assunte: se ele, sequer, conseguiu curar sua própria enfermidade, vai curar a minha, vai? Oxente!”.
E não parou por aí. De outra feita, um homem chega ao centro cirúrgico, todo desconjuntado. De imediato, é chamado o cirurgião e, logo, toda a equipe apronta-se para a cirurgia. O acidentado olha para o doutor, na realidade, o tal ortopedista, e nota seu andar pender para um lado; uma cisma cutuca-lhe a mente. Súbito, vê outro médico, espécie de assessor do cirurgião, capengando e, então, desesperado, começa gritar: “Tirem-me daqui, senão, pelo andar da carruagem, ou melhor, dos doutores, o próximo manco serei eu. Socorro!”.
• Poetisa e cronista, licenciada em Letras Vernáculas, imortal da Academia Goiana de Letras, baiana de Urandi, autora de “Das sendas travessia”, “Erro Médico”, “A dor da gente”, “Pois é filho”, “Fuligens do sonho”, “Migrações das Horas”, “Nem te conto”, “À deriva” e “Hum sei não!”, entre outros.
* Por Lêda Selma
Ah! não vou mesmo, de jeito maneira, nem que a coruja ria, o galo chie e o elefante mie! Tem graça Ir ao consultório de um dermatologista e deparar-me com aquela pele desfavorecida de viço, marcada por acne, manchas? E endocrinologista farturento, ou seja, com mais carne do que osso, mais banha que espaço? Nem pensar! Isso vale para o cardiologista. Para este, no máximo, manequim tamanho ‘M’! Agora, pneumologista arfante, com tosse, ixe! Pernas, pra que te quero?!
Não se trata de brincadeira, apenas, constatações como a do angiologista com veias enormes ramificadas pernas afora. Convenhamos, no mínimo, constrangedor! Mas de causar descrença, digno de desconfiança, o médico ler o laudo e, só depois, ver o RX, a tomografia, a ressonância... Feiíssimo, hem, doutor?! Que Deus me resguarde de suas vistas, amém! E psiquiatra com tipo e trejeitos de paciente? Bem, fazer o quê?! Afinal, onde encontrar um sem tais características? Se não houver outra saída, ó Cristo, por piedade, proteja minha cabeça!
Nenhuma implicância com a classe médica, não, não, nada disso (Deus me segure o ímpeto!). Tanto que mudarei o foco. Alguém se entregaria aos cuidados de um dentista, ou seja, odontólogo (mais chique e moderno, apregoam), cujos dentes escuros ou avariados lhe sorrissem um riso amarelo? Francamente! E quem contrataria os serviços de um advogado que, de cara, todo prosa e cheio de propriedade, alardeasse: sou adevogado! Confiança zero! E só mesmo o santo protetor dos ouvidos aviltados para salvá-los de um colapso auditivo fatal!
Pois é, que cada qual capriche em sua estampa de apresentação. As aparências, às vezes, enganam, porém, não raro, também revelam. E espantam.
Curioso: todo profissional carrega suas peculiaridades e ‘tiques’. Um exemplo, a mania do cardiologista: apalpar, com os dedos, o pulso de quem está ao seu lado. Proctologista, ginecologista... Hã?!
Dizem as línguas viperinas, aquelas de palmo e meio, que o cirurgião já cumprimenta o paciente com o bisturi na mão. As queixas do doente? Depois de combinada a cirurgia, recebem atenção, ora! Eu, hem?!
Mas há os exageros, ah! e quantos?! Minha mãe – hum, que saudade! – contou-me que, nos confins do sertão baiano, certa senhora, acometida de forte dor no joelho, marcou hora no consultório do ortopedista. Atendente mal-humorada, espera longa, calor a dilatar poros e impaciências, e a dor, ali, imperativa, a zanzar pelo joelho, a escorregar perna abaixo, enfim, um sofrimento de dar dó! Finalmente, a consulta. Sentado, o médico, sisudo, olhar acocorado sobre a ficha, inicia a anamnese, leigamente conhecida como perguntação; em seguida, levanta-se para examinar a mulher que, indisfarçadamente surpresa, percebe-o manco. Aí, pronto, tudo desanda! E foi tanto o desandamento que, entre muxoxos e lamúrias, ao sair, ela joga no primeiro lixo os pedidos de exames. Aturdida, sua filha aborda-a: “Que maluquice é essa, mãinha?!”. Maluquice?! Maluca eu seria se entregasse meu mal àquele médico sem competência, pois continuaria manquejante enquanto vida tivesse. Assunte: se ele, sequer, conseguiu curar sua própria enfermidade, vai curar a minha, vai? Oxente!”.
E não parou por aí. De outra feita, um homem chega ao centro cirúrgico, todo desconjuntado. De imediato, é chamado o cirurgião e, logo, toda a equipe apronta-se para a cirurgia. O acidentado olha para o doutor, na realidade, o tal ortopedista, e nota seu andar pender para um lado; uma cisma cutuca-lhe a mente. Súbito, vê outro médico, espécie de assessor do cirurgião, capengando e, então, desesperado, começa gritar: “Tirem-me daqui, senão, pelo andar da carruagem, ou melhor, dos doutores, o próximo manco serei eu. Socorro!”.
• Poetisa e cronista, licenciada em Letras Vernáculas, imortal da Academia Goiana de Letras, baiana de Urandi, autora de “Das sendas travessia”, “Erro Médico”, “A dor da gente”, “Pois é filho”, “Fuligens do sonho”, “Migrações das Horas”, “Nem te conto”, “À deriva” e “Hum sei não!”, entre outros.
Os males invitáveis também acometem os médicos, e as intercorrências não têm nada a ver com erro médico.Mas no geral, quem não cuida de si, não saberá cuidar do outro.
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