Macacos outra vez
* Por Fernando Yanmar Narciso
* Por Fernando Yanmar Narciso
Podemos dizer muita coisa sobre o Deus bíblico, inclusive debater ad nauseam se Ele realmente existe. Mas um fato no mínimo curioso a Seu respeito é que, sempre que o Divino foi simbolicamente convidado ao banco dos réus, seja na realidade ou na ficção, Ele nunca conseguiu ganhar uma causa. E, por mais estranho que possa parecer, já ocorreram muitos julgamentos dos feitos Dele mundo afora. Sem sombra de dúvida, o mais famoso de todos os casos foi o que ficou mundialmente conhecido como O Julgamento do Macaco.
Em 1925, em Dayton, Tennessee, uma cidadezinha devorada pela religião, o professor de biologia John Scopes foi preso ao tentar ensinar a Teoria da Evolução de Darwin aos seus alunos, coisa que, naquele tempo, era um crime no estado.
Esse caso entrou para a História devido ao embate apaixonado entre o promotor William Jennings Bryan, um advogado cristão dos mais xiitas que já havia sido três vezes candidato à presidência, e o advogado de defesa de Scopes, Clarence Darrow, um notório ateu famoso por usar táticas de defesa um tanto incomuns. Numa cidade 100% religiosa como Dayton, ele nem precisou abrir a boca para conquistar a repulsa geral da população, que logo enxergou o julgamento como uma luta do “bem” contra o “mal”.
Só o fato de esse julgamento ter ocorrido já é um absurdo, posto que Darwin já havia publicado A Origem das Espécies há quase 80 anos antes do julgamento, e ainda há gente que considera suas descobertas verdadeiras heresias.
Conforme os dias iam passando, não demorou a Darrow se dar conta de que o julgamento não passava de uma mera formalidade, pois toda a população já havia traçado o destino de Scopes, estando dispostos até a formar uma milícia para linchar o professor em praça pública. Após ter tido a presença de cientistas convidados por ele barrada na corte, conquistado o ódio dos cidadãos e com a iminente condenação da testemunha, Darrow teve um estalo: venceria os argumentos de Bryan em seu próprio jogo, sabatinando-o num assunto que ele supostamente era a autoridade máxima no tribunal: A Bíblia. Submetido ao interrogatório heterodoxo de Darrow, ficou claro ao fim do dia que o conhecimento do promotor a respeito das antigas escrituras era tão limitado como o da maioria dos cristãos, e, como nunca havia lido e tampouco planejava ler A Origem Das Espécies, ele não tinha nenhum moral para acusar Scopes. Entretanto, mesmo após Darrow ter ganhado o coração da audiência, o réu foi eleito culpado pelo júri, mas por ter sido defendido de maneira tão convincente pelo advogado, não precisou cumprir nenhuma pena e tampouco retornar ao banco de réus posteriormente.
A longevidade do caso Scopes e do debate criacionismo/evolucionismo é impressionante. Tanto que, em 1955, uma peça de teatro intitulada O Vento Será Tua Herança, escrita por Jerome Lawrence e Robert Edwin Lee, ficcionalizando e dramatizando o caso, estreou na Broadway, fazendo um enorme sucesso. Tão grande que, em 1960, Stanley Kramer levou o caso às telonas, num filme que é, na minha opinião, o maior tesouro da história de Hollywood.
Vale a pena conferir.
Voltando à teoria de Darwin, poderíamos pensar nela por um momento. O principal argumento contra o evolucionismo é que ele de algum modo reduz a importância dos seres humanos, colocando-nos no mesmo barco dos outros animais “irracionais”. Mas por que somos tão convencidos? Por que nos vemos tão importantes? Seria por nossa capacidade de raciocinar? Por tudo que somos capazes de construir? Pois para mim não existe um animal mais irracional que nós, homens. Qualquer outro animal consegue estabelecer um equilíbrio com o ambiente onde vive, nós não. Assim que os recursos se esgotam, fazemos as malas e vamos esgotar os recursos de outro lugar.
Isso sim é ser racional!
• Designer
Em 1925, em Dayton, Tennessee, uma cidadezinha devorada pela religião, o professor de biologia John Scopes foi preso ao tentar ensinar a Teoria da Evolução de Darwin aos seus alunos, coisa que, naquele tempo, era um crime no estado.
Esse caso entrou para a História devido ao embate apaixonado entre o promotor William Jennings Bryan, um advogado cristão dos mais xiitas que já havia sido três vezes candidato à presidência, e o advogado de defesa de Scopes, Clarence Darrow, um notório ateu famoso por usar táticas de defesa um tanto incomuns. Numa cidade 100% religiosa como Dayton, ele nem precisou abrir a boca para conquistar a repulsa geral da população, que logo enxergou o julgamento como uma luta do “bem” contra o “mal”.
Só o fato de esse julgamento ter ocorrido já é um absurdo, posto que Darwin já havia publicado A Origem das Espécies há quase 80 anos antes do julgamento, e ainda há gente que considera suas descobertas verdadeiras heresias.
Conforme os dias iam passando, não demorou a Darrow se dar conta de que o julgamento não passava de uma mera formalidade, pois toda a população já havia traçado o destino de Scopes, estando dispostos até a formar uma milícia para linchar o professor em praça pública. Após ter tido a presença de cientistas convidados por ele barrada na corte, conquistado o ódio dos cidadãos e com a iminente condenação da testemunha, Darrow teve um estalo: venceria os argumentos de Bryan em seu próprio jogo, sabatinando-o num assunto que ele supostamente era a autoridade máxima no tribunal: A Bíblia. Submetido ao interrogatório heterodoxo de Darrow, ficou claro ao fim do dia que o conhecimento do promotor a respeito das antigas escrituras era tão limitado como o da maioria dos cristãos, e, como nunca havia lido e tampouco planejava ler A Origem Das Espécies, ele não tinha nenhum moral para acusar Scopes. Entretanto, mesmo após Darrow ter ganhado o coração da audiência, o réu foi eleito culpado pelo júri, mas por ter sido defendido de maneira tão convincente pelo advogado, não precisou cumprir nenhuma pena e tampouco retornar ao banco de réus posteriormente.
A longevidade do caso Scopes e do debate criacionismo/evolucionismo é impressionante. Tanto que, em 1955, uma peça de teatro intitulada O Vento Será Tua Herança, escrita por Jerome Lawrence e Robert Edwin Lee, ficcionalizando e dramatizando o caso, estreou na Broadway, fazendo um enorme sucesso. Tão grande que, em 1960, Stanley Kramer levou o caso às telonas, num filme que é, na minha opinião, o maior tesouro da história de Hollywood.
Vale a pena conferir.
Voltando à teoria de Darwin, poderíamos pensar nela por um momento. O principal argumento contra o evolucionismo é que ele de algum modo reduz a importância dos seres humanos, colocando-nos no mesmo barco dos outros animais “irracionais”. Mas por que somos tão convencidos? Por que nos vemos tão importantes? Seria por nossa capacidade de raciocinar? Por tudo que somos capazes de construir? Pois para mim não existe um animal mais irracional que nós, homens. Qualquer outro animal consegue estabelecer um equilíbrio com o ambiente onde vive, nós não. Assim que os recursos se esgotam, fazemos as malas e vamos esgotar os recursos de outro lugar.
Isso sim é ser racional!
• Designer
Por conta dessa nossa imensa prepotência em breve voltaremos a andar de quatro.
ResponderExcluirBom te ver.
Abração
Fiquei feliz em ver que saiu da toca e voltou a dar a sua contribuição aos temas polêmicos. Disperso pelo mundo, seu texto rendeu muita discussão. Foi bom te ver de volta.
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