Historietas*
** Por José Calvino de Andrade Lima
Paixão de Cristo – Rir ainda é o melhor remédio
Vamos rir? Era Semana Santa. Antigamente todos os anos no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, era armado o circo Tomara que não chova (por não ter empanada). O proprietário do circo havia dado, uns dias antes do espetáculo, uma pisa num rapaz, em razão do mesmo haver dado uma cantada em sua amante.
Mas o que aconteceu? O referido rapaz é contratado pelo diretor do espetáculo, junto aos demais desocupados para fazer o papel de soldado (os algozes de Jesus). Jesus carregava a cruz ao calvário, após colocarem a coroa de espinhos (feita de palha) na cabeça. Na hora em que os soldados chegavam a ele diziam: "Salve, rei dos judeus!; e davam-lhe falsas bofetadas, açoitando-o com sacos de estopa.
O rapaz inimigo, premeditadamente, colocou um "quiri" (pau) dentro do saco e danou pelo lombo do Cristo. Ao reconhecer o dito cujo, Jesus soltou a cruz e foi em cima do inimigo. Foi aí que começou a inesperada comédia. Brigando, Jesus leva desvantagem... e outras cacetadas foram dadas. Cristo então
corre, para alegria da platéia, que gritava: "Jesus frouxo!", "Jesus frouxo!".
Honestos e desonestos
Vejamos algumas das causas mais freqüentes de problemas para as empresas e que podem interferir na sua sobrevivência: Custos, Preços, falta de Capital de giro, Inadimplência dos clientes...
Somente com uma gestão adequada e muito controle financeiro é que se poderá obter os resultados pretendidos de manter a sustentabilidade financeira (sic).
Pasmem com o que um ex-comerciante falido disse: " É melhor ter empregados desonestos do que honestos!" Perguntei o motivo e ele respondeu: " O honesto é reivindicador e não atende bem a clientela. Já o desonesto não pede aumento e trata bem os clientes. E ainda tem uma coisa, o honesto coloca você na justiça." Isso foi o principal motivo que o levou à falência. É a cara do Brasil.
O samba de um calouro
Esta aconteceu lá pelos anos 50, durante um dos diversos programas de calouros da Rádio Clube de Pernambuco, a PRA-8. Um matuto de Glória do Goitá, a fim de ganhar uma bicicleta "Raleigh", que era o prêmio principal, se apresentou
ao animador do programa e disse que iria cantar um samba. E logo um samba de sua autoria, o que deixou platéia e apresentador surpresos. Foi dado o sinal para a orquestra e se iniciou uma verdadeira batucada. O matuto entra bem lento, com o seu cabelo "royalbriado" e trunfinha "a la Tyrone Power", um dos astros de Hollywood da época:
- A primeira casa... – e o solista, com o seu piston, melodiava: "Táá...rá...rá...rááá..."
E o matuto prosseguia:
- A segunda casa... – E o pistão: Táá...rá...ráá...rááá..."- A terceira casa..., - a quarta casa..., a quinta casa..., a sexta casa..., a sétima casa..."- já na batida de samba rasgado – - A vigésima casa..." Sem sair deste ritmo, o matuto conseguiu arretar o locutor do programa. Este fez sinal para a orquestra, dizendo:
- Vá fazer Vila Popular na casa da puta que o pariu.
Ônibus/Sopa/Beliscada
Antigamente, o povão chamava os ônibus de "sopa" e, um dia, uma mulher viajava na linha de Nova Descoberta-Casa Amarela. Em dado momento, ela reclamou ao cobrador que estava sendo beliscada pelo mágico Seu Alegria, dono de um pequeno circo, em Casa Amarela, e apelidado de Tomara-que-não-chova (por não ter empanada).
O mágico se defendeu, dizendo que era o galo que carregava no colo. Foi bem pior. O cobrador disse ser proibido levar animais no coletivo. "Seu Alegria" não teve dúvidas e jogou a ave pela janela. Ao descer na parada do Vasco da Gama, lá estava o galo de novo no braço de Seu Alegria para surpresa de todos. Aí Seu Alegria gritou para dona:
"Segue a tua viagem beliscada", para a risadagem dos passageiros. Por isso, até os anos 60, muita gente também chamava os ônibus de "Beliscada".
Sargento peba
No regime militar havia muitas promoções por atos de bravura ou merecimento. Principalmente na Polícia Militar de Pernambuco, chamavam os promovidos sem curso de "Peba", "Joly" ou "Mobral". Em 67, aconteceu um espetáculo grotesco: Um cabo "peba", comandando uma guarnição da radiopatrulha, ao passar pela ponte do Pina, avistou uma velhinha pescando com um arame "unha-de-véio" (crustáceo). O peba ordenou o soldado motorista parar a viatura, desceu, e resolveu jogar-se em cima da velhinha derrubando-a na lama. A velha quase morre de susto! Ambos melados de lama foram parar no Hospital da Polícia Militar. Na outra semana cantou no Boletim Geral a promoção do peba a sargento por ter praticado "um ato heróico no salvamento da vítima de afogamento..."
Almas penadas
Zezinho trabalhava na padaria de seu Manoel, um português avarento da peste, a padaria ficava na Rua Padre Lemos em Casa Amarela, bem perto do cemitério.
Desde pequeno que ele tinha medo de alma. Além de trabalhar no balcão, fazia papel também de "pãozeiro" (anos 50 era quem entregava de madrugada nas casas dos clientes). Certo dia, quando passava pela calçada do cemitério, ouviu uma voz fanhosa:
- Ei, me dá um pão.
O susto foi tão grande que Zezinho derrubou o balaio cheio de pães e voltou às carreiras para a padaria mais branco do que cal. Só não viu o vigia "Fom-fom" (apelido de ter a voz nasal) morrendo de rir. Na padaria, o portuga carola tranqüilizou Zezinho:
- Fique calmo, Deus é pai. Vou descontar os pães de seu salário. Agora, você deve acender velas toda segunda-feira, à noite, para as almas penadas.
Zezinho pediu demissão na hora, dizendo:
- Alma, eu não quero ver mais nunca, nunca, nunca, nunca...
* Extraído dos livros "Miscelânea Recife" e "Fiteiro Cultural", pp. 68-72
** Escritor, poeta e teatrólogo
** Por José Calvino de Andrade Lima
Paixão de Cristo – Rir ainda é o melhor remédio
Vamos rir? Era Semana Santa. Antigamente todos os anos no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, era armado o circo Tomara que não chova (por não ter empanada). O proprietário do circo havia dado, uns dias antes do espetáculo, uma pisa num rapaz, em razão do mesmo haver dado uma cantada em sua amante.
Mas o que aconteceu? O referido rapaz é contratado pelo diretor do espetáculo, junto aos demais desocupados para fazer o papel de soldado (os algozes de Jesus). Jesus carregava a cruz ao calvário, após colocarem a coroa de espinhos (feita de palha) na cabeça. Na hora em que os soldados chegavam a ele diziam: "Salve, rei dos judeus!; e davam-lhe falsas bofetadas, açoitando-o com sacos de estopa.
O rapaz inimigo, premeditadamente, colocou um "quiri" (pau) dentro do saco e danou pelo lombo do Cristo. Ao reconhecer o dito cujo, Jesus soltou a cruz e foi em cima do inimigo. Foi aí que começou a inesperada comédia. Brigando, Jesus leva desvantagem... e outras cacetadas foram dadas. Cristo então
corre, para alegria da platéia, que gritava: "Jesus frouxo!", "Jesus frouxo!".
Honestos e desonestos
Vejamos algumas das causas mais freqüentes de problemas para as empresas e que podem interferir na sua sobrevivência: Custos, Preços, falta de Capital de giro, Inadimplência dos clientes...
Somente com uma gestão adequada e muito controle financeiro é que se poderá obter os resultados pretendidos de manter a sustentabilidade financeira (sic).
Pasmem com o que um ex-comerciante falido disse: " É melhor ter empregados desonestos do que honestos!" Perguntei o motivo e ele respondeu: " O honesto é reivindicador e não atende bem a clientela. Já o desonesto não pede aumento e trata bem os clientes. E ainda tem uma coisa, o honesto coloca você na justiça." Isso foi o principal motivo que o levou à falência. É a cara do Brasil.
O samba de um calouro
Esta aconteceu lá pelos anos 50, durante um dos diversos programas de calouros da Rádio Clube de Pernambuco, a PRA-8. Um matuto de Glória do Goitá, a fim de ganhar uma bicicleta "Raleigh", que era o prêmio principal, se apresentou
ao animador do programa e disse que iria cantar um samba. E logo um samba de sua autoria, o que deixou platéia e apresentador surpresos. Foi dado o sinal para a orquestra e se iniciou uma verdadeira batucada. O matuto entra bem lento, com o seu cabelo "royalbriado" e trunfinha "a la Tyrone Power", um dos astros de Hollywood da época:
- A primeira casa... – e o solista, com o seu piston, melodiava: "Táá...rá...rá...rááá..."
E o matuto prosseguia:
- A segunda casa... – E o pistão: Táá...rá...ráá...rááá..."- A terceira casa..., - a quarta casa..., a quinta casa..., a sexta casa..., a sétima casa..."- já na batida de samba rasgado – - A vigésima casa..." Sem sair deste ritmo, o matuto conseguiu arretar o locutor do programa. Este fez sinal para a orquestra, dizendo:
- Vá fazer Vila Popular na casa da puta que o pariu.
Ônibus/Sopa/Beliscada
Antigamente, o povão chamava os ônibus de "sopa" e, um dia, uma mulher viajava na linha de Nova Descoberta-Casa Amarela. Em dado momento, ela reclamou ao cobrador que estava sendo beliscada pelo mágico Seu Alegria, dono de um pequeno circo, em Casa Amarela, e apelidado de Tomara-que-não-chova (por não ter empanada).
O mágico se defendeu, dizendo que era o galo que carregava no colo. Foi bem pior. O cobrador disse ser proibido levar animais no coletivo. "Seu Alegria" não teve dúvidas e jogou a ave pela janela. Ao descer na parada do Vasco da Gama, lá estava o galo de novo no braço de Seu Alegria para surpresa de todos. Aí Seu Alegria gritou para dona:
"Segue a tua viagem beliscada", para a risadagem dos passageiros. Por isso, até os anos 60, muita gente também chamava os ônibus de "Beliscada".
Sargento peba
No regime militar havia muitas promoções por atos de bravura ou merecimento. Principalmente na Polícia Militar de Pernambuco, chamavam os promovidos sem curso de "Peba", "Joly" ou "Mobral". Em 67, aconteceu um espetáculo grotesco: Um cabo "peba", comandando uma guarnição da radiopatrulha, ao passar pela ponte do Pina, avistou uma velhinha pescando com um arame "unha-de-véio" (crustáceo). O peba ordenou o soldado motorista parar a viatura, desceu, e resolveu jogar-se em cima da velhinha derrubando-a na lama. A velha quase morre de susto! Ambos melados de lama foram parar no Hospital da Polícia Militar. Na outra semana cantou no Boletim Geral a promoção do peba a sargento por ter praticado "um ato heróico no salvamento da vítima de afogamento..."
Almas penadas
Zezinho trabalhava na padaria de seu Manoel, um português avarento da peste, a padaria ficava na Rua Padre Lemos em Casa Amarela, bem perto do cemitério.
Desde pequeno que ele tinha medo de alma. Além de trabalhar no balcão, fazia papel também de "pãozeiro" (anos 50 era quem entregava de madrugada nas casas dos clientes). Certo dia, quando passava pela calçada do cemitério, ouviu uma voz fanhosa:
- Ei, me dá um pão.
O susto foi tão grande que Zezinho derrubou o balaio cheio de pães e voltou às carreiras para a padaria mais branco do que cal. Só não viu o vigia "Fom-fom" (apelido de ter a voz nasal) morrendo de rir. Na padaria, o portuga carola tranqüilizou Zezinho:
- Fique calmo, Deus é pai. Vou descontar os pães de seu salário. Agora, você deve acender velas toda segunda-feira, à noite, para as almas penadas.
Zezinho pediu demissão na hora, dizendo:
- Alma, eu não quero ver mais nunca, nunca, nunca, nunca...
* Extraído dos livros "Miscelânea Recife" e "Fiteiro Cultural", pp. 68-72
** Escritor, poeta e teatrólogo
Errata: "O samba de um calouro" "...Este fez sinal para a orquestra parar, dizendo:(...)"
ResponderExcluirDesculpa aí pessoal!
Abraços
Imagino que os casos da Casa Amarela sejam devido a sua proximidade ao bairro, ou até de ser morador. Gostei das palavras diferentes ao leitor mineiro, pois me lembrei do meu ex-marido, que é nascido em Fortaleza e criado em Natal, que fica a 350 km de você. Então é ler e lembrar. O caso da velhinha pescadora foi o de final mais inesperado, devido a inversão. A história tem coisas...
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