quinta-feira, 3 de novembro de 2011







Frágil

* Por Pedro J. Bondaczuk

Frágil:
a fragilidade
é característica
dos sonhos,
dos ideais,
da nossa lida,
das convicções,
da vida...

Frágil
como delicada
taça de cristal
que se rompe
a um toque
desastrado.

Frágil
como a pétala
de uma flor
arrancada
da corola,
como borboleta
guardada
como troféu,
como beija-flor,
como amizades
como o amor.

Frágil
qual recém-nascido
abandonado
ao próprio
destino.

Frágeis
são nossas
crenças,
mutantes,
incertas,
volúveis,
cessantes.

Frágeis
são nossos
sonhos
à mercê
das circunstâncias.

Frágeis
são os ideais
de igualdade
fraternidade
e solidariedade
adstritos
às ambições.

Frágeis
são meus
versos loucos
dependentes
de emoções
voláteis.

Frágil
é minha tristeza
minha alegria
minha certeza,
minha agonia,
pois frágil mesmo
é minha poesia.

Frágeis
os amores
unilaterais
estéreis e sem
correspondência.

Frágil,
criatura querida,
é esta estrutura
metamorfoseada,
ora jovem,
ora envelhecida,
porquanto
fragílima
é nossa vida.

Frágil é tudo:
o universo,
as estrelas,
o tempo
e o vento,
pois, creia,
a fragilidade
é a característica
dos sonhos,
da realidade,
da mentira,
da verdade,
dos ideais,
das artes,
da ciência
da filosofia
de tudo, enfim
da existência.

* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk

3 comentários:

  1. Tão frágil quanto o sentimento que a
    poesia nos desperta.

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  2. Nosso planeta Terra é frágil. Um meteoro está a caminho. Que não se encontre na mesma rota que nós.
    Destaco:
    "Frágil,
    criatura querida,
    é esta estrutura
    metamorfoseada,
    ora jovem,
    ora envelhecida,
    porquanto
    fragílima
    é nossa vida".
    Esta parte foi a mais bonita!

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  3. Pedro, com toda fragilidade é uma poesia forte.
    Na nona estrofe, chama a atenção:
    " Frágil
    é minha tristeza
    minha alegria
    minha certeza,
    minha agonia,
    pois frágil mesmo
    é minha poesia."

    Parabéns, poetamigo!
    Abração do,

    José Calvino
    RecifeOlinda

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