quinta-feira, 27 de outubro de 2011







Só no Rio é assim...

* Por Fabiana Bórgia

As pessoas gostam de luxo, mas não gostam de pagar por ele. A praia é de graça.
Todo mundo que gosta de arte já acha que é artista. E não é uma grande verdade? O artista faz arte ou a arte faz o artista? Algo a se pensar...
Copacabana é uma merda, mas tem o seu charme. Princesinha do mar, que nada. Copacabana teve seu glamour, mas... continua sendo Copacabana. Gente espremida pelas ruas movimentadas. Mas uma coisa é certa: ninguém morre de tédio em Copa. Ontem me disseram: "Talvez eu mude para Copacabana para ter uma velhice feliz!" Também é algo a se pensar.
Leblon: todo mundo se acha chique. Chique? É. O Leblon é demais! Eu deveria morar no Leblon. Mas, infelizmente, o Leblon não é chique. É só um bairro caro, delicioso e inigualável. Chique? Chique sou eu, paulista, que moro no Rio. Chique sou eu, que sou carioca, mas não nasci no Rio.
Santa Teresa: Montmartre do Rio. É vero. Santa Teresa tem seus encantos escondidos. Eu adoro o "Parque das Ruínas". Acho que adoro ruínas, porque elas me lembram que um dia foram. E, embora tenham sido, continuam sendo. Fica um pedaço de eternidade nas ruínas. É isso. Mas Santa Teresa também é bonde. Santa Teresa traz a visão de quem está acima: visão dos pássaros. Santa Teresa é ainda zona sul? Se não for, deveria ser. E deveria ser Tereza. Com Z. Quem sabe, Thereza? Por causa da minha santa amiga Thereza, que não é santa. Será que também deveria ser?
Lapa: a verdadeira fauna do Rio de Janeiro. Sem maiores explicações. Uma beleza!
Ipanema. Basta caminhar pelas ruas de Ipanema que você enxerga Vinicius. Você reencontra na estátua de Drummond os seus versos. Ops! Isso é Copa! Voltando à Ipanema... Você relê as cartas de Clarice a Fernando Sabino. Todos eles moram lá. Ipanema, rainha do mar.
Botafogo. Morei duas vezes em Botafogo. Fui tão bem acolhida! Era final de Botafogo, quase Urca. Minha primeira percepção de Rio de Janeiro é Botafogo. Desculpem, mas eu gosto de falar sobre a zona sul.
Flamengo. Quase Laranjeiras. Seus restaurantes antigos e tradicionais. "Lamas". E o famoso "Belmont", minha segunda casa.
Laranjeiras? Minha casa. Gente. Gente. Gente. Túnel Santa Bárbara por perto. Cosme Velho. E túnel Rebouças. Eu não sabia que cabia tanta gente em Laranjeiras! Restaurantes. Pequenas livrarias. Arte. Mesmo no meio desta muvuca. Zona sul com cara de subúrbio. Eu me sinto gente em Laranjeiras! É bom se sentir povo.
Urca é Nelson Rodrigues em casas. Em falta de privacidade. No boteco "Bar Urca". O cassino (e TV Tupi) que agora está sendo restaurado. Tive esta ideia há anos e anos atrás. Mas ideia sem dinheiro não acontece. Ainda cultivo todas as minhas ideias, mas falta adubo: dinheiro. Tenho uma plantação de ideias que acontecem na Urca e na Praia Vermelha.
Não falei da Lagoa? Nem do Jardim Botânico? Qualquer palavra limita este universo. Melhor ir até lá e sentir verde, respirar verde e voltar renovado. Observação importante: jamais na hora do rush.
Paro por aqui. Se eu escrever demais, fica cansativo. Desculpem, mas eu amo a zona sul.

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

Um comentário:

  1. Gostei, Fabiana!
    Parece que estou no Rio, é assim mesmo...Oh!
    Bom final de semana para todaos.
    Abração do,

    José Calvino
    RecifeOlinda

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