terça-feira, 18 de outubro de 2011







Carta a um amigo

* Por Evelyne Furtado


Tive um encontro rápido com um amigo. Cumprimentei-o com a alegria de sempre, porém notei uma certa aflição no seu semblante. Perguntei-lhe se estava bem e ele me respondeu que sim, mas sem muita convicção. Convidei-o para um café que ele recusou, pois estava atrasado para um compromisso. Disse-me que estava estressado com as pressões de ordem profissional e pessoal. Desejei-lhe sorte e o abracei mais uma vez.

Nos despedimos e segui com uma sensação de que poderia fazer mais por uma pessoa tão querida. Não sou de me meter na vida das pessoas sem ser chamada a fazê-lo e não podia fazer nada naquele momento, pois ele não havia se mostrado disponível. Dormi mal naquela noite. Entre sono e vigília surgia a imagem aflita do meu querido amigo. Ao acordar, criei coragem liguei para ele. Informaram-me, então, que ele havia viajado para tratar de negócios e que não tinha previsão para o seu retorno. Em seguida tentei o celular, que se encontrava desligado.

Enfim eu não tinha como me comunicar com ele e resolvi escrever-lhe para dizer que ele não estava só naquele momento. Portanto, meu querido, se você chegar a ler essa carta, saberá que naquela noite que nos encontramos eu sofri com você e que tentei encontrá-lo para conversarmos. É preciso que você saiba que é amado e que sempre haverá um regaço para acolher sua cabecinha cansada. Haverá ternura em dose certa para uma pessoa querida como você. E que também haverá perdão, se você precisar.

Quero que você tenha consciência de que tudo passa nessa vida. Nenhum mal se perpetua, tenha absoluta certeza disso. Há que se ter paciência para esperar dias melhores. Esse item, não tenho de sobra, mas ainda assim posso partilhar com você. Abraços? Você terá todos que quiser. Companhia para tomar um chope e falar da vida, também. Carinho darei todo que dispuser. Compreensão me esforçarei, pode crer.

Enquanto isso vá dando sua risada gostosa sempre que surgir ocasião. Use essa inteligência privilegiada que Deus lhe deu na arte que lhe escolheu. E, não perca a fé, pois como disse Gil "a fé não costuma falhar". No mais, lembre-se de mim que nunca cansei de gostar de você daquele jeitinho que você sabe.

Não deixarei de cumprir nosso ritual noturno. Por isso continue me esperando antes de adormecer. Fico por aqui, rezando e esperando que as nuvens escuras saiam de cima sua cabeça e que o sol volte a iluminar seus dias. Que a paz chegue ao seu coração, meu anjo, com todo esse amor que me liga a você.


• Poetisa e cronista de Natal/RN

3 comentários:

  1. Imagino que deva ser grande e de muito tempo essa bonita amizade que liga vocês dois. Também me pareceu ser real, e não uma ficção, este seu relato. Seu amigo é um privilegiado: tem um anjo da guarda de carne, osso e muito talento. Parabéns, Evelyne.

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  2. É preciso não deixar a pressa nossa e a dos outros estragar as belas amizades que resistem ao tempo.

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  3. Amigos são dádivas e bálsamo.
    Abraços

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