domingo, 23 de outubro de 2011







As inclinações recíprocas

* Por Haukur Haraldsdóttir

Quando os peixes começam a ganhar raízes no fundo do mar,
os pescadores mergulham num tão longo desespero
que desatam a escrever-lhes poemas de amor,
que lançam até dois mil metros de profundidade,
em papelinhos verdes presos aos anzóis.

Os peixes, porém, cansados de tanto lixo,
devolvem os papéis e as palavras,
aproveitando apenas os anzóis
para erguer os seus muros de arame farpado.

Tradução de Cristovão Meireles

• Poeta islandês (1867-1906).

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