Dez passos
* Por Evelyne Furtado
Eram dez passos contados entre ela e a porta. Dez passos para libertação e uma força monumental paralisando-a.
Berggasse, 19. O endereço que a perseguia em sonhos há meses. Fixação e motor de seus atos nos últimos dias.
A noite caía e seus ossos tremiam. Fazia muito frio naquele outono. Era Outubro em Viena, no começo do século XX.
A mulher no passeio encolhia-se. Chegara a seu destino, mas não reunia coragem para entrar. Não sabia como se portar. Não fazia parte daquele tempo, daquele grupo, nem daquela gente que a fascinava.
Não se tem notícia de quanto tempo durou o impasse. Ninguém contou. Mas há quem lembre da mulher a dez passos de desvendar seus sonhos.
Não se sabe se chegou a entrar. Nunca mais a viram por lá. Não sabem, também, que no século seguinte, uma mulher protege-se do sol, em uma cidade tropical e coleciona sonhos em um envelope onde se lê Berggasse, 19, em caligrafia grande e caprichada.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
* Por Evelyne Furtado
Eram dez passos contados entre ela e a porta. Dez passos para libertação e uma força monumental paralisando-a.
Berggasse, 19. O endereço que a perseguia em sonhos há meses. Fixação e motor de seus atos nos últimos dias.
A noite caía e seus ossos tremiam. Fazia muito frio naquele outono. Era Outubro em Viena, no começo do século XX.
A mulher no passeio encolhia-se. Chegara a seu destino, mas não reunia coragem para entrar. Não sabia como se portar. Não fazia parte daquele tempo, daquele grupo, nem daquela gente que a fascinava.
Não se tem notícia de quanto tempo durou o impasse. Ninguém contou. Mas há quem lembre da mulher a dez passos de desvendar seus sonhos.
Não se sabe se chegou a entrar. Nunca mais a viram por lá. Não sabem, também, que no século seguinte, uma mulher protege-se do sol, em uma cidade tropical e coleciona sonhos em um envelope onde se lê Berggasse, 19, em caligrafia grande e caprichada.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
Caramba, que multidimensão temporal. Um pequeno texto, um grande nó na cabeça. Adoro paradoxos assim. Ainda mais no seu inconfundível estilo, Evelyne. Muito bom.
ResponderExcluirVou acabar me apaixonando por Freud através dos seus escritos, Evelyne. Vale a sinopse de um filme, um mix de tempos, num mesmo espaço. Quão maravilhosa é a literatura que nos permite caminhar seus passos através de suas palavras e chegar à porta. Eletrizante! Agora, vamos a continuação, ao encontro, afinal, quando poderá entregar-lhe o envelope dos seus sonhos.
ResponderExcluirMarcelo e Mara, eu sou apaixonada por ele, sim, rs. Estava conhecendo melhor Jung e escrevi sobre Freud. Quem explica? Beijos e obrigada, queridos.
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