quarta-feira, 16 de março de 2011




Braços abertos

* Por Sayonara Lino


Enquanto o tempo passava, e para não percebê-lo, tecia. Ao longo das semanas, um delicado véu foi confeccionado para protegê-la. Era assim a existência daquele ser aparentemente frágil, mas internamente forte, ainda que um tanto fragmentado pelos chacoalhões da vida, pela incompreensão alheia. Olhar para a colina através da janela funcionava como um lenitivo para as dores que trazia na alma.

Assemelhava-se aos que se não se identificam com o grupo no qual estão inseridos. Procuram pelos seus e demoram a a encontrar a verdadeira família, reunida não por laços sanguíneos, mas por afinidade de idéias.

Nem todos encontram seus semelhantes que estão por aí, espalhados no mundo. A moça tece sem pausa, se esconde um pouco e poupa sua psique. Aguarda o momento em que desfrutará da companhia daqueles que a aguardam a fim de recebê-la, finalmente, de braços abertos.


* Jornalista, com especialização em Fotografia e em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Colunista do portal www.ubaweb.com/revista

3 comentários:

  1. Braços abertos daqueles a quem podemos olhar nos olhos
    e sentir nesse abraço que fazemos parte do todo.
    Beijos Sayonara

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  2. O comportamento lembra a estadia num asilo ou sanatório, os anteriormente chamados manicômios. Achei a ideia excelente de formar a família por laços de ideias e não de sangue. Na certa isso evitaria distúrbios por ocasião das separações de bens, os insuportáveis inventários. Do outro lado, a noção de liberdade total, mesmo entre paredes.

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  3. Nubia e Mara, obrigada por comentarem. É interessante a observação de cada pessoa quando lê o texto, as interpretações. Bacana!
    Super abraço!

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