domingo, 27 de março de 2011



Roda o céu


* Por Alejo Carpentier


Roda o céu – que não concorde

sua tentativa e o grácil tempo –

a procurar a posse da chave

sobre a nuca mais fria

desse alto império dos séculos.

Roda o céu – o alento o coroa

de água mansa em palácios

silenciosos sobre o rio –

a dizer sua imagem clara.

Sua imagem clara

vai o céu presumir –

os mastins desvelados contra o vento –

de um aroma aconselhado.

Roda o céu

sobre esse aroma impregnado

nas janelas

como uma obscura potência

desviada a novas terras.

Roda o céu

sobre a estranha flor

deste céu,

desta flor,

único cárcere,

coroa sem ruído.


• Poeta, romancista, contista e músico cubano

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