terça-feira, 29 de março de 2011



A grande mentira


* Por José Calvino de Andrade Lima


A nossa história sempre foi alicerçada nas mentiras, muitas vezes com intuito de criar mártires e heróis. A falta de lideranças ao longo de nossa história fez com que nossos fatos históricos fossem acobertados por acontecimentos ilógicos e sem um embasamento real do acontecido. Entre muitos, podemos citar a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial (1939-1945),a importância irrelevante do país, no contexto mundial.

As propagandas nazistas e fascistas vinham de maneira contundente, enfeitiçando a política do caudilho gaúcho Getúlio Vargas, que via nesse discurso uma maneira de persuasão e de convencimento de massas, uma idolatria e manipulação de uma imensidão de proletários. Essa simpatia era latente nos grandes discursos da Candelária.

Por outro lado, a tendência de entregar a construção da siderúrgica nacional a um grupo alemão despertou a cobiça dos ianques, que de todas as maneiras tentou impedir esse projeto. O Brasil era um país imenso com áreas inexploradas e com poucas estradas de acesso, onde poderia dar guarida a oficiais alemães refugiados, onde muitos permaneceram na clandestinidade.

A Alemanha na época dos famigerados bombardeios a nossos navios encontrava-se famélica, e em face de extinção na sua beligerância, onde o custo deste intento ilógico seria muito alto para os germânicos e sem nenhum motivo para mudar a face da guerra. A nossa odisséia na Itália foi premiada com umas série de reveses, proporcionados pelos aliados. Nápoles, que fica no sul da Itália, e o campo de batalha era no Norte.

O 5º exército americano combinara em colocar no porto caminhões para transporte dos soldados brasileiros, mas esse comboio não se encontrava lá. Depois souberam que ficava a 30 quilômetros, onde os pracinhas tiveram que percorrer a pé. E o pior, caminhando sem armamento, com farda semelhantes às dos alemães, sendo confundidos como prisioneiros de guerra. Mas não param por aí os problemas. O treinamento dado no Brasil aos homens convocados foi rápido e artificial, sendo complementado na própria guerra. Os soldados foram enviados com fardamento adequado aos trópicos, enquanto a guerra era nos montes Apeninos, , ao norte da Itália, a 1.500 metros de altitude, e numa temperatura que chegava 20 graus abaixo de zero.

Apesar de todas adversidades, conseguimos tomar Monte Castelo, onde o contingente alemão encontrava-se com fome e sitiado, com pouca munição, prestes à rendição. Enquanto isso no Brasil, milhares de nordestinos foram convocados para região Amazônica, para a extração da borracha para suprir as necessidades das tropas aliadas; milhares deles sucumbiram pelas doenças tropicais, como malária e febre amarela, esquecidos na nossa medíocre história.

A participação brasileira nunca foi reconhecida nas homenagens pós prélio, dos países aliados. Uma total falta de respeito dos que morreram inutilmente pela pátria, em um conflito de interesses econômicos. Dentro deste breve contexto podemos acreditar que interesses econômicos e a nossa tendência nazi-fascista despertaram o receio de tornamo-nos aliados das forças do eixo (Japão, Alemanha e Itália), fazendo com que os americanos bombardeassem nossos navios, e colocando-se assim, um ponto final nas pretensões de Getúlio Vargas.

O Brasil exportava produtos agrícolas e recebia em troca armamentos e mecânica pesada, coisa que os EUA se recusava em nos fornecer. O bloqueio britânico a navios que transportavam mercadoria alemã para o Brasil tornou esse comércio inviável. Essa obscuridade histórica perdura por mais de meio século, sem que nos seja fornecida a realidade dos fatos, que desencadearam nossa participação nessa inútil e desgastante guerra..


* Formado em comunicações internacionais, escritor, teatrólogo, poeta, compositor e rei do Maracatu Barco Virado. Como escritor e poeta, tem trabalhos publicados nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Folha de Pernambuco e em vários sites... Tem 11 títulos publicados, todas edições esgotadas.

2 comentários:

  1. Fatos históricos.
    Fontes.
    Arquivos...
    Para quê? Se a verdade ainda está atrás
    das cortinas.
    Gosto de textos que falem sobre o contexto
    histórico, sempre nos surpreendem.
    Beijão Zé

    ResponderExcluir
  2. Bem interessante esse questionamento, abrindo-se uma ampla vertente para discussões.

    ResponderExcluir