terça-feira, 29 de março de 2011



Cora Coralina


* Por Evelyne Fujrtado


Cora Coralina, da coleção Melhores Poemas, caiu como chuva mansa em tarde de verão. O livro escolhido por outra Ana como presente de amigo oculto virtual, foi recebido com muita alegria, afinal a autora é dona do lirismo que me encanta desde que a conheci nos anos oitenta.

A poetisa tardia, mas com alma de menina, até hoje me inspira nas incontáveis vezes que desço com ela as ruas de Goiás Velho. Cora Coralina teve seus poemas editados em livros pela primeira vez em 1965, quando o calendário contabilizava os 76 anos vividos pela escritora.

Sua poesia não foi muito bem recepcionada pelos intelectuais da época: Eles não estavam preparados para tanta ousadia. Mas os grandes se reconhecem e Drummond viu de longe o "brilho solitário do diamante de Goiás".

O poeta mineiro revelou ao resto do país Cora Coralina, que fez poesia até na escolha de seu pseudônimo. Ana, seu nome de batismo, foi "freudiana" no poema Minha Infância; foi historiadora ao registrar em versos os hábitos de sua época e foi, acima de tudo libertária ao se expor sem medos, em uma tentativa – a meu ver – de compreender a si própria.

O livro tem o sabor dos seus doces, mas também traz em versos o gosto forte próprio de quem viveu com intensidade. A obra é ousada na forma e no conteúdo. Coisa de quem "Nasceu Antes do Tempo", como ela se define em um das suas poesias. Um rico presente que agradeço e recomendo.


• Poetisa e cronista de Natal/RN

8 comentários:

  1. Cora Coralina é tudo de bom. Parabéns, Evelyne, pela tocante homenagem à poetisa de Goiás. Um beijo pra você.

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  2. Ave Cora! Como goiana legítima, senti um quê de orgulho com seu texto. E Cora já recebeu várias homenagens dos artistas daqui, dentre eles, Marcelo Barra, que compôs a Música cujo título leva seu nome, e na primeira parte diz assim:

    Mulher da terra
    Ao pé da serra
    Velha menina
    Voa e me ensina a ser passarinho
    Que bebe da fonte e volta pro ninho

    Cora, da casa da ponte
    Dos versos, do tempo
    Do rio que leva
    Segredos de Ana
    Pra algum lugar

    Coralina coragem
    Coralina coração
    Flor do tempo
    Força e vontade
    Pedra por pedra
    Ana por Ana...

    P.s. Perdoe-me pela empolgação. Cora emociona!

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  3. "Não morre aquele
    Que deixou na terra
    A melodia de seu cântico
    Na música de seus versos"

    Cora Coralina

    Grande homenagem a Cora Coralina.
    Parabéns, Evelyne!

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  4. Homenagem justa a quem na maturidade
    se revelou menina.
    Salve Cora Coralina.
    Beijos

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  5. Nubia é de tal modo talentosa, que faz poesia até num simples comentário! Arre! Rss

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  6. Nem posso compreender como acontecem criações tão belas. Para Cora Coralina, fazer versos tocantes era tão fácil quanto falar. Pelo menos é o que sinto ao lê-la. Há uma espontaneidade que desconcerta. Homenageada e homenagem se cruzam no mesmo tom doce e suave.

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  7. Marcelo, andamos sintonizados de tal forma, que ao comentar, usei a mesma palavra usada por você horas antes e sem lê-lo. Desculpe se pareço cópia.

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  8. Um coro perfeito para Cora Coralina! Beijos e obrigada Marcelo, Marleuza, Núbia, José Calvino e Mara!

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