segunda-feira, 21 de março de 2011




Canção de divórcio de Oscar Wilde



* Por Talis Andrade


Todas manhãs
a mesma mulher
a mesma cara lavada
Todos os dias
a mesma rotina
o corpo navegando
a rota traçada
o corpo navegando
águas tranqüilas

Todas as noites
a mesma mulher
deitada na cama
o corpo exposto
o corpo descomposto
o corpo parecendo
insossa carne
de carneiro fria

Todas as noites
essa acedia
- O jantar
é servido

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

2 comentários:

  1. "Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação."

    Lindo, mesmo sentindo uma nota de tristeza...
    Abraços

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  2. O marido não deveria estar muito melhor do que a esposa de carne insossa e fria não, no entanto se vê no direito de "assediar", com esses em profusão, as mulheres outras, com suas tenras carnes. Embora proteste, é frequente e real.

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