terça-feira, 27 de julho de 2010







Chiquinha Gonzaga

* Por Risomar Fasanaro

Ali estava eu com alguns amigos no Teatro Paulo Autran, no SESC Pinheiros, para ver a apresentação de “Chiquinha Gonzaga em Revista”. Os ingressos tinham sido comprados por nosso amigo Valdimir com quase um mês de antecedência, e eu contava os dias para ver aquela apresentação.
Piano, flauta, violão, gaita e violinos, executaram o que de melhor existe na obra dessa autora.
A seleção feita por Ana Fridman e Gilberto Assis foi extremamente cuidadosa, como Fridman mesmo conta durante a apresentação. E tanto os instrumentistas como os cantores parecem ter dedicado o melhor de si àquela apresentação.
Todas as composições eram inéditas, apenas “Corta-Jaca” era conhecida do público.
Fiquei surpresa com a sofisticação de algumas das músicas de Chiquinha Gonzaga; que beiram à música erudita, enquanto outras exploram mais o lado do humor, faceta mais conhecida das suas composições. Tenho a impressão de que sua obra ainda não foi suficientemente divulgada e valorizada como merece.
Além da grande compositora que foi, Chiquinha Gonzaga destaca-se na história do país por ter sido uma das primeiras a lutar pela liberação da mulher, quando nem se falava em Feminismo.
Ela também foi uma ativista no movimento pela abolição da escravatura. Segundo seus biógrafos saía às ruas vendendo de porta em porta as partituras de suas músicas, para com o dinheiro ajudar na luta contra a escravidão.
Infelizmente a apresentação desse show foi somente naquela noite. Mas quem quiser poderá entrar no endereço abaixo e ouvir algumas de suas composições que estão no CD “Chiquinha Gonzaga em Revista”.
http://blogln.ning.com/profiles/blog/show?id=2189391%3ABlogPost%3A268097

* Jornalista, professora de Literatura Brasileira e Portuguesa e escritora, autora de “Eu: primeira pessoa, singular”, obra vencedora do Prêmio Teresa Martin de Literatura em júri composto por Ignácio de Loyola Brandão, Deonísio da Silva e José Louzeiro. Militante contra a última ditadura militar no Brasil.

3 comentários:

  1. Li duas biografias de Chiquinha Gonzaga. Ela viveu muito, da metade do século XIX ao começo do século XX, (1847/1935)e as abordagens das suas atitudes libertárias foram duramente criticadas especialmente nas duas vezes em que ela abandonou os filhos com os pais deles e viajou com novos namorados, em duas ocasiões e quando, após uma viagem longa à Europa, apareceu com um rapaz que se fez passar por filho dela. Tenho um CD com músicas da maestrina ao piano tocadas por Talita Peres, pianista campeã. As suas composições são ricas e belas. Deveriam sim, ser mais estudadas e valorizadas. Em tudo Chiquinha Gonzaga foi diferente das demais mulheres do seu tempo. A sua coragem é talento são incontestáveis.

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  2. Obrigada, Mara! Fiquei mais apaixonada pelas músicas de Chiquinha Gonzaga após ver esse show. Não conhecia seu lado de compositora quase erudita.
    Beijos

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