Relação sexuada
“A relação entre homem
e mulher será sempre sexuada. O homem é homem e a mulher é mulher. Será sempre
uma relação pessoal, de uma pessoa feminina com uma pessoa masculina, e não
precisa, necessariamente, intervir a sexualidade de ambos. Não precisa assumir
a forma amorosa, mas ser apenas a maravilhosa relação pessoal entre o homem e a
mulher”.
Esta lúcida afirmação
não é minha (por isso, grafei-a entre aspas), mas do filósofo espanhol Julián
Marias – que assinava o sobrenome da mãe, Aguilera, como costume na Espanha, e
que morreu em dezembro de 2005, aos 91 anos de idade, e foi tido e havido como
o principal discípulo do também filósofo, seu conterrâneo, José Ortega y Gasset
– em matéria publicada no “Caderno de Sábado”, do “Jornal da Tarde” de São
Paulo, publicada em 5 de dezembro de 1987.
Há algum erro ou
contradição nessa afirmativa? Existe, nela, o mínimo laivo de machismo ou de
menosprezo pela condição feminina? Claro que não, embora alguns entendam,
equivocadamente, que sim. Marias (que ao lado de Gasset é dos poucos filósofos
que compreendo, sem precisar recorrer a dicionários e, portanto, admiro, pela
clareza e exatidão de suas propostas) não quis dizer (e não disse) que o homem
seja superior à mulher, ou vice-versa. Limitou-se a constatar o óbvio (algo
difícil de muitos entenderem): são diferentes. E viva a diferença! Caso não a
houvesse, sequer existiríamos.
Por mais que respeite
as mulheres (e as respeito profundamente), e as ame (amo-as de paixão), jamais
cometeria a heresia de tratá-las da mesma forma que trato os homens (muitas
reclamam essa igualdade de tratamento). Por que? Por machismo? Por menosprezo?
Jamais! Por reverência!
Óbvio que essa forma
diferente de tratamento não implica em subtrair da mulher seus mais comezinhos
direitos, como o da igualdade no trabalho, no lar, na escola e em todo e
qualquer lugar. Não implica em questionar sua competência em nenhum setor da
vida apenas por causa da diferença de gênero, até porque essa não depende de
sexo, de raça, de crença ou seja lá do que for. Não implica em tratá-la como
perpétua criança ou como “propriedade” masculina, como não faz muito era
costume (alguns imbecis ainda agem assim mundo afora).
Para mim, as mulheres
sempre serão diferentes e ficaria aflito e infeliz se assim não fosse. Uma dessas
diferenças, por exemplo, é do ponto de vista estético. Não consigo, por mais
que tente, ver beleza no homem. Para o meu gosto pessoal, beleza é prerrogativa
exclusivamente feminina. Por mais que uma mulher possa ser considerada “feia”,
na comparação com muitas outras, ainda assim, para mim, sempre será mais bela
do que o mais bonito dos homens. Preconceito? Creio que não. Entendo que se
trate de bom-gosto. Em todo o caso... que atire a primeira pedra quem achar que
estou errado.
Outrossim, não me
entra na cabeça o fato de um homem, que queira merecer esse nome (não confundir
com o meramente “macho”, pois o cão, o gato e o veado também o são) agredir
qualquer mulher, não importa o motivo. E essa desgraça ocorre, ainda, pelo
mundo afora, na maioria das vezes impune, ou com punições que descambam para o
ridículo. Isso é absolutamente inconcebível. Recentes estatísticas revelam que,
apenas nos Estados Unidos, a cada vinte segundos, em média, uma mulher é
agredida. E no Brasil?
Outra coisa que não
compreendo (e, obviamente, com a qual jamais irei concordar) é quando duas
pessoas, que exerçam a mesmíssima função, são remuneradas de forma
diferenciada, apenas por serem de sexos diferentes. No caso, as mulheres
continuam ganhando menos. E são preteridas em promoções, sobretudo quando se
trata de alguma chefia. E são discriminadas na política. O Brasil, em 509 anos
de História, nunca teve uma mulher no comando do País. Qual a razão objetiva?
Nenhuma! Puro preconceito (aqui, sim, cabe essa constatação).
Eu, como editor (e,
portanto, chefe da minha editoria), sempre preferi (e continuarei preferindo)
trabalhar com repórteres femininas. Por que? Por razões puramente práticas.
Salvo exceções, elas sempre se mostraram mais objetivas, mais assíduas, mais
dinâmicas, mais caprichosas, mais responsáveis, criativas e sensíveis. E afirmo
isso do alto de mais de quarenta anos de experiência.
Creio que deixei clara
minha posição. Quanto aos direitos, defendo (e sempre defenderei) que as
mulheres têm e sempre deverão ter, sem qualquer exceção, os mesmíssimos do
homem, quer no trabalho, quer no lar, na igreja, na escola, na sociedade etc.
Já quanto ao tratamento, pelo menos da minha parte, este será sempre e sempre
diferenciado, com mais respeito, mais afeto, mais ternura e mais admiração
pelas mulheres. Quem achar que estou equivocado... atire a primeira pedra.
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Entendo seus motivos, mas é uma forma de preconceito de gênero. As boas mulheres são boas, assim como as más são malignas.
ResponderExcluirO ser humano é a pior espécie na face da terra. Estamos no mesmo barco!!!
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