A estratégia da hiena
* Por Ruth Barros
A
fiel escriba ainda não viu, mas adorou, uma peça que está em São Paulo com a
Zezé Polessa chamada Não Sou Feliz Mas Tenho Marido. Nesse mundo em que as
casadas, grande parte infelizmente mal casada, se dão por feliz com qualquer
marido, a impressão que tenho é que elas agem como hienas, esperando a carniça.
Uma de minhas chegadas caiu na rede de uma dessas hienas. Rezo ao Deus dos
homens e animais para que a linda se livre. O que acontece é que a fofa está
enrolada com um cara que acabou de se separar, ou melhor, que está tentando
desesperadamente se separar. No princípio, ao saber que o marido queria dar
linha, a titular da pasta deu baixaria, chegou a telefonar para a linda que,
garota esperta, desconversou.
Pois a jararaca oficial mudou de
atitude, está posta em sossego, fingindo que concorda com tudo, sem pôr um
limite ao falecido, que entra e sai para ver os filhos quando bem entende,
ganha um prato de comida de quebra e ainda roupa lavada.
- Ela está usando a estratégia da hiena
– reconhece minha amiga. –. Como se contenta com qualquer coisa, é aquele tipo
que parece não se afetar com traições, relação ruim ou mentiras, desde que
mantenha a posse, está fingindo de morta, de boa, para não espantar a presa. A
vida deles caiu de podre, é inviável, mas a fulana parece ser fã de carniça,
tanto que as vezes que tentou sair de casa ele acabou voltando e ela aceitando,
mesmo que fosse para cumprir tabela.
Assustador? É, mas é bem mais comum do
que parece à primeira vista. Senão grande maioria, boa parte das mulheres se
contenta com qualquer coisa, “um homem pra chamar de meu”, mesmo que a relação
tenha apodrecido há tempos. Ao invés de irem em busca de carne fresca, preferem
o conforto (eca) da carniça.
Depois desse lero todo fui espiar na
Internet e descobri que fui injusta – com as hienas. Até elas têm capacidade de
reverter esse quadro, vejam só: “Na verdade, as
hienas não riem. À noite, elas costumam soltar o seu uivo esquisito, que parece
uma gargalhada. Os antigos diziam que a hiena era a encarnação de espíritos de
feiticeiros. A hiena é desengonçada, peluda, com maxilares grandes e a traseira
caída. Ela se alimenta principalmente de cadáveres, devorando todos os corpos
que encontra pelo caminho. Mas, se precisar, ela também é eficiente caçadora. A
hiena é encontrada na África e na Ásia Meridional”.
Anabel Serranegra também
quer saber de onde vem o dinheiro da compra do dossiê
* Maria Ruth de Moraes e Barros,
formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como
correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De
volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV
Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e
autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista
Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.
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