Namoro pela internet
* Por
Isabel Furini
Entrou na internet,
ficou fascinada pelas redes sociais. Fazer amigos em todos os lugares do mundo.
A época de globalização exige isto – dinamismo, contatos, novos horizontes. Até
casamento. Estava tão entusiasmada!
Trocou mensagens com
um rapaz tão simpático. Ele perguntou se ela era linda daquele jeito ou se a
foto era photoshop. E ela se sentiu a mulher mais linda do mundo. Foi honesta,
a foto era verdadeira.
Falando e falando...
Ele disse que queria conhecê-la, mas lamentavelmente ele trabalhava numa
empresa do governo de Portugal e tinha um cargo importante. Não podia falar
sobre isso. Mas, se ela pudesse ir até a cidade de Lisboa, ele poderia arranjar
algum tempo livre para levá-la aos melhores lugares. A moça achou a proposta
interessante, mas... Ele insistiu. Insistiu. Ela decidiu que viajaria no
Carnaval.
Ele disse que conhecia
uma empresa de turismo muito boa em Curitiba. Amigos de amigos. De confiança.
Fabíola se deixou convencer. Foi até a agência de viagem que o José Joaquim
indicou e realmente foi muito bem recebida. Comprou pacote incluindo passagem
área ida e volta e hotel.
– Podemos incluir
alguns tours para que conheça a cidade.
– Não preciso! Um
rapaz que mora lá vai me acompanhar. Talvez comecemos um namoro.
A funcionária sorriu.
Fabíola viajou. A
viagem foi ótima, o hotel maravilhoso, mas o rapaz não deu sinal de vida. Nos
três primeiros dias, ficou no hotel esperando uma ligação. Não aconteceu. Ela
ligou para o número que ele lhe dera, mas ninguém atendeu.
Estava deprimida,
pensando que algo ruim devia ter acontecido a esse maravilhoso rapaz. Algo
muito ruim para ele não vir até o hotel, nem ligar, nem responder e-mails, nem
fazer contato pela internet.
A recepcionista a viu
tão desiludida, tão triste, que sentiu pena dela:
– Você é jovem,
divirta-se. Tem outras pessoas no mundo.
– Mas eu vim aqui por
ele, pelo José Joaquim.
– Minha querida... –
disse por fim a recepcionista. - você não é a única. Esse rapaz nem mora em
Portugal. Ele mora no Brasil mesmo e usa nome falso na internet. Na realidade
ele ganha a vida desse jeito. Recebe comissão das passagens que consegue
vender.
Fabíola terminou
anotando alguns Tours para conhecer a cidade e falar com outras pessoas, mas
não conseguiu mesmo um namorado! Está noivando e com data marcada para o
casamento.
– Afinal aquele
canalha me trouxe sorte! – escreveu no seu blog.
* Isabel Furini é escritora e poeta premiada,
autora de “Eu quero ser escritor – a crônica”, do Instituto Memória, Curitiba.
Vigaristas unidos pela internet.
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