sexta-feira, 24 de março de 2017

O estranho


* Por Eduardo Oliveira Freire


Quando Laurinda viu pela janela um homem estranho a caminhar ao redor da casa, sentiu aperto no peito. Falou para o marido comprar alarmes e até uma arma.

O marido achou exagero, mas realizou o desejo da mulher para ela ficar calma. Com o passar do tempo, Laurinda via o estranho todos os dias e o medo aumentava. Quem era aquele homem? Sentia-se cada vez mais em perigo.

O marido resolveu que precisavam tirar umas férias juntos e foram à casa da serra. Laurinda, mesmo em outro lugar, sentia a presença do estranho, porém decidiu ocultar o medo do esposo.

Madrugada na serra, o breu era mais intenso e parecia uma manta pesada que a sufocava. Teve pesadelos de estar sendo perseguida. Quando acordou, viu que o marido não estava na cama e foi procurá-lo no escritório.

Ele estava ao telefone e dizia baixo para ter calma que tudo acabaria logo. Laurinda ficou curiosa e se concentrou para ouvi-lo, já que uma forte chuva começava.

Ouviu que o marido planejava algo, estranhou seu jeito, não parecia o homem com que conviveu por vinte anos. Ouviu-o dizer para alguém que ela já assinou as apólices e só faltavam os detalhes para matá-la.

Então a verdade revelou-se. O estranho que ela via ao redor da casa era o marido, o tempo todo. Não o tinha reconhecido, porque fora de casa, era outro, o caçador que esperava o momento certo para agir.

Foi ao quarto e pegou a arma da bolsa. Retornou para onde o marido estava e atirou até acabar munição.

Depois, ligou à polícia e disse que matou um estranho que tinha invadido sua vida.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


Um comentário:

  1. Que louco. Apenas um bom ficcionista para dar um murro deste tamanho no estômago do desamparado leitor.

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