Parâmetros de beleza
O que é belo? O que é feio? Existe um
padrão universal de beleza, um parâmetro infalível e consensual, que a defina,
sem sombra de dúvidas? Não! Trata-se de um conceito sumamente subjetivo e vago,
que não comporta definições. O povo, em sua sabedoria, cunhou até um chavão a
respeito: “quem ama o feio, bonito lhe parece”.
Nem sempre formas perfeitas são o
parâmetro único de beleza (embora seja um deles). No caso de pessoas, por
exemplo, há muitas mulheres belíssimas exteriormente, mas que, na comparação
com outras sem a mesma perfeição formal, perdem para elas por causa, digamos,
de um sorriso bonito, de um olhar expressivo, de lábios bem-desenhados, de
gestos graciosos ou por outros detalhes até mais sutis, porém perceptíveis
instintivamente, da rival menos perfeita.
Suponhamos que haja vida inteligente em
outros planetas e que os extraterrestres, um dia, nos visitem (ou sejam
visitados por nós). Dificilmente, esses seres serão sequer parecidos conosco.
Podem ter mais braços e pernas do que nós, seus sentidos podem não ser apenas
os cinco dos humanos (ou, quem sabe, sejam menos) e a cor da sua pele talvez
seja de uma tonalidade muito diferente da que estamos acostumados e que, por
isso, consideramos “bela”.
Caso isso ocorra, para os nossos padrões
de beleza, esses ETs nos parecerão, com certeza, horrendos, esquisitos,
monstruosos. Mas como nós seriamos avaliados por eles? Provavelmente, da mesma
forma como os avaliarmos. A mulher mais bonita da Terra, perfeitíssima em todas
as formas, absolutamente proporcional em todas as medidas, pareceria, aos
extraterrestres, igualmente uma criatura
horrenda, caricata e monstruosa.
Deixando de lado essas abstrações – que
provavelmente não passam de pura fantasia –
(pois se existir vida em outros planetas, as distâncias que nos separam
são de tal sorte, que podemos afirmar, com quase cem por cento de certeza, que
jamais ocorrerá esse encontro), é fácil de concluir que o gosto estético é
subjetivo. Varia de pessoa para pessoa e através do tempo.
Muitas coisas (e pessoas) que nossos
antepassados consideravam belas hoje já não são consideradas dessa forma e
vice-versa. O filósofo inglês do século XVIII, Edmund Burke, escreveu um livro
precioso a respeito, intitulado “Uma investigação filosófica sobre a origem das
nossas idéias do sublime e do belo” (Papirus Editora).
A propósito de outros aspectos da
beleza, que não exclusivamente a forma, escreveu: “Para compor uma beleza
humana perfeita e realçar seu efeito, o rosto deve refletir uma benevolência e
uma afabilidade que se harmonizem com a delicadeza, a suavidade e a fragilidade
da forma exterior”.
O belo, portanto, para ser consensual,
deve aliar, à perfeição das formas (quando possível), o que chamo de “graça”.
Isso é válido tanto para pessoas, quanto para coisas, paisagens e até sons. O
que para uns não passa, por exemplo, de uma algaravia sem sentido de ruídos
desconexos e até ensurdecedores, para outros pode ser percebida como a música
dos anjos, como o que há de mais harmonioso e inspirador no universo.
E como definir o conceito de graça?
Talvez como sutileza, irradiação, charme, simpatia ou “it”, como se dizia
antigamente. Em suma, escrevi, escrevi e escrevi e não cheguei a nenhuma
conclusão definitiva sobre o que é belo e o que é feio. Contudo, por intuição,
certamente, o leitor inteligente já terá estabelecido, há muito, seu parâmetro
pessoal para esses conceitos.
O escritor italiano Paolo Mantegazza
escreveu o seguinte a respeito: “A graça é o esplendor da beleza, é a beleza em
movimento e moça, é o sorriso da infância, é a bondade da força, é o perfume do
fruto saboroso, é a elegância da palmeira que se curva, ondeando, às carícias
do vento; a graça é a poesia da beleza”.
Felicíssima, no meu entender, essa
definição! Por verdadeira é, também, poética e bela. De fato, a graça é o
esplendor da beleza, é seu encanto, sua magia, seu complemento e sua poesia.
Para mim, é o que basta.
Boa leitura!
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Poucos terão dúvida quando se depararem com uma rara beleza. Ainda que existam os padrões de beleza sugeridos pela perfeição e harmonia, não duvide de que o belo seja branco e jovem, essa é a ordem.
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