segunda-feira, 6 de março de 2017

Pierrô


* Por Olivaldo Júnior


Começaria o Carnaval sexta-feira, à noite, e só o daria por encerrado ao meio-dia da Quarta-Feira de Cinzas.          Não tinha como dar errado.

Moço ainda, pintou sua cara, vestiu-se a caráter e se fez um Pierrô. Aquela lágrima triste pintada em relevo. "Não, não sei se devo...". Deve. Pinta sua cara, amigo, e que a Colombina o queira!

Colombina? Onde estaria ela? Num baile qualquer (no que ele estaria), num filme bem velho, nas ruas antigas, no tempo remoto da delicadeza. Onde o Chico para nos cantar uma marchinha? Não sei. Só sei que o moço sairia logo em busca da flor, da única rosa que o quer bem: a dele.

Haveria mesmo essa tal de tampa da panela de que os mais velhos falavam? Hoje há mais tampa que panela, né? Bem, ele estava decidido. Vestiu-se todo para isso.

Ei! A marchinha ao longe não me deixa mentir! Vai, "menino", vai para o seu sonho! Colombina está na esquina! Arlequim? Sai já de mim! Pega o seu lugar no bloco, desbloqueia a mente e tenha fé.

"Quem é você
Adivinha se gosta de mim"...

É o Chico, rapaz, vai lá! Que os mascarados sejam por você! Eu, daqui de cima, o vejo ir. Está bonito. Quisera eu ter seu porte alegre, seu compromisso com o próximo beijo, com a próxima lua em seus braços!

Palhaço, não achei minha "mina", a Colombina, minha alma, e voo só. Boa sorte, amigo! A noite não é mais uma criança. É uma rua de esperança sob os pés de quem não dança: ama.

* Escritor paraibano


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