quinta-feira, 9 de março de 2017

Aqua pro nobis



* Por Luís Augusto Cassas



de áries a aquário
em pleno martírio
somos todos peixes
árido santuário
queimando em círios

tudo o que cultivar
o amor e o mar
dirá ao mar: abre-te!
e qual afiado sabre
o amar  se abrirá!

diz-me senhora:
o que te inunda as órbitas
desrepresa os seios
e resseca a flora?
_ o mar também chora!

da onda da discórdia
darei trégua à mágoa
mas quem blasfemar
contra o reino da água
não terei misericórdia

horas de Urano
lembrai-vos de Sara
fecundou-a  um rio
e irrigou o Saara
de nos infortúnios!

louco stradivarius
tua nota úmida
povoe o relicário:
um aquário sem peixes
não é santuário



In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 270



* Poeta maranhense


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