domingo, 10 de abril de 2016

Meio da floresta


* Por Pedro J. Bondaczuk


O homem tem que definir objetivos para a sua vida, sem os quais não chega a lugar algum, a não ser ao destino comum de todos os seres viventes, animais ou vegetais: a morte. Esta é a única certeza que temos. Nossa jornada no mundo caracteriza-se pelo incerto, pelo desconhecido, pelo casual.

Para traçar rumos corretos, é necessário que as pessoas entendam que vivem por alguma razão e que esta não se restringe a comer, beber, dormir, reproduzir-se e morrer, para que sua descendência percorra o mesmo ciclo indefinidamente, buscando apenas conquistas materiais e a satisfação dos sentidos.

Não é por acaso que esse ser complexo e ainda primitivíssimo (em termos de relacionamento) é dotado de razão e livre arbítrio. Possui essas características para promover o próprio desenvolvimento mental e espiritual (entendendo-se aqui "espírito" como a essência do indivíduo) e, por conseqüência, o da espécie.

Dante Aligheri, na "Divina Comédia", diz: "No meio do caminho da nossa vida nos encontramos numa floresta escura". Ocorre que não podemos afirmar qual é a "metade" dessa nossa jornada, já que, embora sabendo que a morte é certa, desconhecemos quando, como e onde ela virá . Cada momento pode ser o último dessa aventura que para uns é fascinante e cheia de compensações e, para a maioria, penosa, sofrida e dolorosa.

O tempo é o nosso grande capital e não pode ser desperdiçado de maneira fútil e tola, com coisas que agradam os sentidos, mas obliteram a razão. A pior das situações pode ser revertida com esforço e sabedoria. Mas é preciso ação. Os obstáculos podem ser removidos, mas certamente não sairão sozinhos do caminho.

O que o poeta quis dizer, no verso citado, é que todos temos um momento de impasse, de desafio para definição de um rumo, de tomada da decisão que pode nos conduzir à evolução (se a tomarmos) ou à acomodação (caso nos recusemos).

Temos quatro maneiras de sair desse "labirinto": fugir, lutar contra, esquecer ou agir. Ninguém irá decidir por nós. E mesmo que delegássemos essa tarefa, nós é que arcaríamos com as conseqüências.

Bem dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade: "No meio do caminho havia uma pedra..." Elas existem em profusão na vida de todos... Alguns, descobrem atalhos mais suaves e chegam ao seu objetivo. A maioria recua e aceita passivamente a derrota. Mesmo com chances de vencer...

* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk



Um comentário:

  1. Os derrotados podem ter lutado muito, com todas as suas forças, sem ter obtido sucesso.

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