Polêmicas sobre a existência de Homero
A polêmica sobre se houve um poeta cego, pobre, mas
talentosíssimo, chamado Homero, ou se essa figura enigmática (e carismática) é
apenas um conceito, uma personificação, um símbolo da criatividade e da cultura
grega, em época remotíssima da humanidade, embora persista aqui e ali, já foi
muito mais intensa. Nos dois séculos anteriores, o XX e o XIX, esse debate
empolgou milhares e milhares de estudiosos e especialistas em Literatura de
várias partes do mundo, sem que se chegasse a alguma conclusão minimamente verossímil.
Por que? Por absoluta ausência de provas minimamente confiáveis. O que houve (e
há) são somente teses, sugestões e suposições variadas, algumas bem construídas
e outras nitidamente absurdas, por serem demasiadamente fantasiosas.
Foram escritos, somente nos últimos duzentos anos, sem
nenhum exagero, centenas de milhares de livros, quer por parte dos que
defendiam a existência real, de carne e osso, desse suposto autor de duas
magníficas epopéias, que são a “Ilíada” e a “Odisséia”, e dos que sempre
negaram que esse personagem fosse real, que fosse mais do que mero símbolo de
um povo e de uma época. Tive acesso a alguns deles e nenhum me convenceu, nem
de um lado e nem do outro. E por que afirmo. Então, estar convencido que houve,
realmente, um poeta chamado Homero, possivelmente cego, e autor de duas obras
literárias geniais, que sobreviveram a milênios da História e que chegaram até
nós? Baseado em que provas, ou mesmo em que evidências baseio minha convicção?
Por estranho que pareça, em nenhuma, pois estas, reitero, não existem. Todas as
que são apontadas como tal não resistem à mais elementar análise. Estou
convicto da existência de Homero com base única e tão somente num fator a que sempre dei crédito (e que raramente
me enganou): a intuição.
A “Ilíada” e a “Odisséia” são coerentes demais para terem
sido urdidas por várias “cabeças”. Minha convicção aumentou um tantão a mais
quando me informei que o arqueólogo amador alemão, Henrich Schliemann,
descobriu (e comprovou, sem sombra de dúvidas) que a Troia, cenário da epopéia de
Homero, de fato existiu. E que foi mesmo destruída por um incêndio, como
descrito no referido poema. Destaque-se que até a segunda metade do século
XVIII, essa cidade não passava de lenda. Havia até consenso a esse respeito. Se
a história contada em versos pelo poeta, seja ele quem for, foi real ou não foi
não se tem certeza (e nem se pode ter). Contudo, por que o tal narrador (ou
mesmo se fossem vários, ou mais de um, no que não creio) inventaria tal enredo,
tendo em conta, pelo que se sabe, que já em épocas muito mais próximas á nossa,
na Grécia Antiga, ninguém se dava o trabalho de elaborar ficção?
Apesar de "Homero" ser um nome grego, nada de
concreto se sabe sobre ele na Grécia. Desconhecem-se o local em que teria
nascido e a época em que isso teria ocorrido. A data de nascimento, por
exemplo, oscila em cem anos. Pode ter sido em 750 ou em 850 antes de Cristo. Ou
em qualquer ano intermediário entre estes dois, com uma centena de
possibilidades (719 ou 780, ou 815, por
exemplo). O escritor satírico, Luciano de Samosata, em sua fabulosa “Verdadeira
História”, faz do poeta um babilônio que assumiu o nome de Homero apenas quando
tomado "refém" (que em grego era grafado com a palavra “homeros”).
Quando o imperador Adriano perguntou ao oráculo de Delfos quem esse personagem
era, Pítia proclamou que ele era um ítaco, filho de Jocasta e Telêmaco, ambos,
por sinal, citados na Odisseia.
Quanto ao local de nascimento, minha intuição me faz crer
que a corrente majoritária, que aponta sua terra natal como sendo a cidade de
Esmirna, na atual Turquia, é que está certa. E, quanto à data, creio que seja algo
em torno de 820 antes de Cristo. E você, paciente e bem informado leitor, o que
acha de tudo isso? Homero realmente existiu ou não passa de um símbolo? Foi um
babilônio, feito refém ou nasceu em alguma cidade grega? Claro, qualquer que seja
sua opinião, será baseada exclusivamente na intuição (como é a minha), já que
inexistem provas para as duas principais teses.
Boa leitura.
O Editor.
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Ainda que a Bíblia tenha sido escrita por muitas pessoas, acredito que Homero existiu e escreveu sozinho os dois livros. Faz mais sentido.
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