quinta-feira, 28 de abril de 2016

Publique agora!


* Por Gustavo do Carmo


Só fazia dez minutos que ele estava ali. Mas parecia que já tinham passado duas horas. A fila para retirar o crachá de identificação e acesso ao moderno arranha-céu no Centro da cidade não andava. O vento do mar aterrado vinha forte. Ele não conseguia respirar. Seus ouvidos chegavam a doer.

Para alívio de Edgar, cinco minutos depois, chegou a sua vez de se identificar. Mostrou a identidade, o CPF, olhou uma webcam para registrar a sua imagem no servidor da portaria e enfim foi autorizado a entrar no hall do prédio. Um hall luxuoso, aliás. Com muito granito nas paredes, piso de mármore, vidro e detalhes em alumínio.

Teve tempo para observar porque precisou esperar mais cinco minutos na fila para o acesso ao elevador. Eram seis. Entrou na cabine do meio, mais para a esquerda. Pediu o vigésimo andar para o ascensorista.

O elevador estava cheio. Era impossível ver todo mundo que estava com ele. Fixou sua atenção apenas em um jovem e tímido rapaz negro, de óculos fundo de garrafa. Uma senhora gorda que falava em voz alta para a amiga que tinha problemas cardíacos. E um menino de aparentes cinco anos que queria mexer nos botões do elevador, mas era impedido carinhosamente pelo idoso e cansado ascensorista.
A criança insistia:
— Ah, deixa?
A mãe ralhava:
— Arthur Vítor! Qual a parte do deixa o moço em paz que você não entendeu?

Uma tela de LCD mostrava notícias como o novo ministério do segundo mandato da presidente, da atriz que assumiu romance com um empresário mexicano, da nova contratação do Corinthians e da alta do dólar. Chegou o seu andar.

Edgar saiu do elevador e logo avistou a suntuosa sede da editora de livros onde pretendia publicar o seu livro de contos. Ou melhor, republicar. A primeira que publicou o sabotou: entregou o convite apenas na véspera do lançamento (e mesmo assim porque ele foi buscar), não catalogou o livro, não registrou o código de barras, não revisou direito, sequer divulgou, colocou-o no arquivo do site logo no segundo dia após o lançamento e o site ainda estava com vírus.

O resultado? Só apareceram seus parentes, ele ficou impedido de distribuir em grandes livrarias (a editora ainda o escondeu em sua sede sem identificação na Lapa e obviamente também não distribuiu) e o livro foi um fracasso.

Apesar da grandeza, a editora só ocupava duas salas do luxuoso edifício. Mesmo assim, a decoração era de igual refinamento.  Edgar demorou para encontrar o portão de vidro. Precisou tocar o interfone para a porta ser aberta.

Entrou e encontrou, na recepção, uma senhora loura, de uns cinquenta anos, atrás de uma bancada de madeira trabalhada. Ele retirou da sua pasta preta o calhamaço encadernado em espiral na papelaria do bairro de subúrbio onde mora e se anunciou:
— Boa tarde. Eu queria deixar esses originais para avaliação.

Com muita pouca vontade, cara amarrada, a recepcionista pegou a encadernação com desdém. Só faltou pegar com uma pinça para não sujar a mão. Ela disse com a sua voz anasalada:
— Espere um minuto que eu vou entregar para o editor.

Levantou-se abruptamente da cadeira. Antes de entrar em uma porta de alumínio polido, contrastando com o papel de parede em tom pastel personalizado, com a logomarca da editora, abriu a porta automática de vidro para o jovem negro e tímido que estava no elevador com Edgar.

O rapaz também entregou um calhamaço igualmente encadernado em papelaria. Repetiu as palavras de Edgar:
— Boa tarde. Eu queria deixar esses originais para avaliação.

Com a mesma falta de vontade, ainda de cara amarrada, a recepcionista pegou a segunda encadernação com o mesmo nojo. Repetiu o que havia dito:
— Vou entregar os originais de vocês para o editor.

Os sofás de espera eram de couro preto e havia livros da editora à disposição para aqueles que aguardavam. Edgar e o rapaz sentaram-se em um deles, que tinham três lugares cada.
Edgar pegou um dos livros e leu a sinopse. Era um romance adolescente sobre vampiros. Odiava esse assunto. Devolveu-o imediatamente à mesa de cabeceira, mas o seu colega de aspiração lhe pediu.

Perto da porta havia um cartaz em tamanho natural da série de livros de um famoso bruxo, escrito por uma inglesa. Na parede, a foto de uma escritora e atriz brasileira, famosa por seus romances policiais.

Mesmo se gostasse, Edgar não conseguiria ler o romance dos vampiros, pois quatro moças, sentadas no sofá perpendicular ao dele, conversavam alto sobre o teste de estágio que tinham feito  na semana anterior. As quatro eram bonitas, mesmo uma sendo gorda. Eram duas morenas, uma ruiva e uma loura, que era a gordinha. Edgar já começava a demonstrar impaciência.

O jovem rapaz, ao contrário, conseguia ler o livro com vontade. Mas parou a leitura para tentar vencer a sua timidez e puxar assunto com Edgar.
— Eu vi que você também está tentando publicar um livro. É sobre o quê?
— É uma coletânea de contos de terror. E o seu?
— É um romance ambientado numa UPP numa favela. Eu tinha escrito um roteiro e tentei entregar para um famoso cineasta babaca, que além de me acusar de perseguição ficou debochando do meu texto na imprensa. Eu só estava correndo atrás do meu objetivo, como sempre me mandam fazer.
— Essa gente só produz e publica os trabalhos dos amigos. Quer apostar que eles vão negar os nossos livros?
— Pelo menos a gente está tentando, né?  Comentou o jovem negro, resignado.
— Ah, mas um dia isso tem que acabar.
Sem graça, o jovem perguntou o nome do homem com quem conversava.
— É Edgar Alan Pontes. Um dia você vai ouvir falar muito sobre mim. Ele estendeu a mão. 
— Prazer, Wesley dos Santos.

Enquanto os dois apertaram as mãos, a recepcionista loura, com cara amarrada, voltou à recepção batendo a porta e dizendo para uma das meninas.
— O chefe mandou a Luana entrar. 

A morena de seios e ancas grandes se animou e foi em direção à porta de alumínio sob desejos de boa sorte das amigas.
— Quanto a vocês — a recepcionista continuou com a mesma carranca — o editor não aprovou o romance do Wesley e mandou dizer que a editora não publica contos.

A expectativa deu lugar à decepção em Wesley, que se levantou para pegar a sua encadernação e ir embora. Revoltado, Edgar contestou:
— Como assim, não publica contos? Acabei de ver um livro de contos daquela mesma escritora ali! Disse, apontando para o quadro da moça morena na parede.
— Mas ela é nossa contratada. Ela pode.
— E nós não podemos? Vocês não podem contratar a gente? Só contratam os amigos e a amante do editor? Ele, aliás, sequer leu o livro do Wesley.

Antes de se encaminhar à porta, Wesley tocou de leve o ombro do novo amigo e tentou dissuadi-lo.
— Deixa isso pra lá, cara. Vamos embora.
— Espera aí! Bloqueou-o, segurando pelos seus braços.
Até então, a recepcionista mal-humorada ouviu em silêncio as indagações de Edgar, que começava a se exaltar, reagiu.
— Olha, se o senhor não se retirar daqui eu vou chamar a polícia.
— Pode chamar! Pode chamar! Eles vão saber que eu tenho uma bomba aqui! Gritou.

Edgar levantou a camisa e mostrou um cinto que parecia conter diversos artefatos explosivos. As três moças gritaram. A ruiva magrinha urinou no chão de tão nervosa.
— Se não publicarem o meu livro e o do meu amigo aqui — disse apontando para Wesley — eu detono e explodo todo mundo nessa joça! Ameaçou, gritando.

Com medo de ser tratado como cúmplice, Wesley se explicou para a recepcionista.
— Olha, eu não tenho nada a ver com esse louco, não, hein! Eu vou embora.

Wesley sentiu um cano em sua cabeça. Era Edgar, que sacou um revólver que estava guardado em sua pasta.
— Eu disse pra você esperar!

O jovem rapaz, que não era tão tímido quanto aparentava levantou os braços e implorou.
— Não faz nada comigo, não. Cara. Eu tenho pais me esperando em casa.
— Eu também tenho. Senta lá com as meninas.
Wesley foi de encontro às meninas que choravam no sofá do canto da sala de espera. Já Edgar correu para a bancada da recepção e, apontando o revólver para a recepcionista loura mal-humorada, exigiu que ela desligasse a porta e a trancasse com a chave.  

Luciana, a recepcionista loura antipática, já tinha chamado a segurança através do alarme silencioso. Em cinco minutos o andar já estava interditado e totalmente ocupado por seguranças e policiais. O edifício também foi evacuado por motivo de ameaça terrorista. O balcão de identificação dos ventos uivantes interrompeu o serviço.

A imprensa já estava no local. Anunciava como primeiras informações que um fundamentalista muçulmano tinha invadido o moderno arranha-céu do centro da cidade e que estava com uma bomba. Plantão ao vivo em todas as emissoras, mas Edgar ainda não tinha aparecido na janela. E nem dava, pois o prédio era todo envidraçado, a editora ficava em andar alto e ninguém iria escutar.  

Antes de ouvir o ruído dos helicópteros sobrevoando o prédio e observar a multidão pequena como uma colônia de formigas que se aglomerava na frente do prédio e a bela paisagem da baía de Guanabara, Afonso, o dono da editora e, naturalmente, o editor, percebeu o burburinho em sua própria sala comercial.

Interrompeu a entrevista que fazia com Luana, a morena avantajada, e saiu do seu escritório repleto de livros, certificados e troféus. Foi ver o que acontecia na recepção aos gritos, como um patrão que tenta botar ordem na casa.
— O que está acontecendo aqui, hein? Quem é você?
— Eu sou o cara que vai explodir todo mundo aqui nesse prédio se não publicar o livro que eu escrevi! Respondeu Edgar, apontando o revólver para Afonso.
— Isso é impossível. Não dá para publicar.
— É impossível para escritores sem pistolão, sem Q.I.! Para os seus amigos tudo é possível! Eu só libero vocês depois que o meu livro for editado, revisado e mandado para a gráfica. Aliás, o meu e do meu amigo Wesley, que eu acabei de conhecer.
— Olha, eu não tenho a nada ver com isso não, tá? Se justificou o amedrontado escritor negro.
— Ninguém te perguntou nada. Gritou Edson.
— Está bem. Eu publico. Venha a minha sala. Mas libera as reféns.  A gente conversa depois.
— Você acha que eu sou idiota? Eu libero todo mundo, a polícia invade o escritório, me prende e eu não tenho o livro publicado. Eu sei que vou preso. Mas quero o meu livro publicado e bem divulgado.
— Mas o revisor não está aqui.
— Você não é editor, escritor, faz tudo? Dono dessa merda aqui. Se vira!
— Mas o advogado da editora não está aqui. Não dá para fazer o contrato. Também não dá para registrar e catalogar agora. Leva dias para sair.
— Você não tem contatos? Para os seus amigos sai rapidinho. E na emergência da situação também. Se vira. Manda chamar. Liga pro advogado. Liga pro despachante. Mas quero o meu livro e o do meu amigo nas livrarias amanhã.

Edgar ouve uma das meninas reféns dizer — Esse homem é louco. Ele sequestrou todo mundo para publicar o livro dele. Se dirigiu a ela, tomou o seu celular, desligou e guardou na sua pasta.
— Depois eu devolvo.

Em seguida, apontou a arma de volta para Afonso e exigiu que ele ligasse imediatamente para o advogado e para o despachante. Entregou-lhe também um pen-drive com todos os seus textos e o mandou usar o computador da recepção.  
— A coletânea está em CONTOS.EDGAR.DOC. Eu só trouxe o calhamaço para atender às exigências absurdas de vocês. Você tem algum pendrive, Wesley?
 — Não.
— Bem, então o seu fica pra depois. Eu tentei ajudar. Agora você vai revisar só os meus contos.

Enquanto Afonso ligava para o despachante, Edgar se virou para uma das moças, a ruiva, a pegou pelos braços com o revólver apontado em seu pescoço e foi com ela até a porta de vidro. Mandou-a pedir que a polícia não arrombe a porta e avisar que iria liberar todos assim que o editor mandasse o seu livro para o parque gráfico. Ainda reafirmou que iria detonar a bomba que carregava por baixo da camisa se as exigências externas não fossem cumpridas. Ainda pediu uma pizza e refrigerante para matar a fome dos reféns.

Cientes da motivação inusitada do escritor, que estava tratando razoavelmente bem os reféns, a polícia e a imprensa piedosamente atenderam às exigências.

Enquanto Afonso revisava o texto, fazendo algumas correções, Edgar começou a desabafar para os reféns, que comiam a pizza e o refrigerante, que fez tudo aquilo por desespero pela situação econômica do pai, do medo da irmã ficar desempregada, da saúde da mãe e da sua incapacidade psicológica para trabalhar. Contou a história do boicote da editora que publicou o seu primeiro livro.
— Cansei de correr atrás e morrer na praia. Cansei de ser enganado. Tive um conto plagiado por um cara que pensava ser seu amigo. Cansei de ver a panelinha da zona sul e parentes de gente famosa vencendo facilmente na vida, tendo os seus livros facilmente publicados. Aliás, vocês moram onde? Podem falar, não precisam mentir.

Luana morava em Botafogo. Afonso na Barra. Luciana na Gávea. A ruivinha no Jardim Botânico. A lourinha gorda em Icaraí, Niterói. A morena magra também. Só Wesley que morava na favela. Mas no Dona Marta, em Botafogo.
— Estão vendo! Moram todos na região nobre da cidade. E do estado também. Até o Wesley, que mora na favela.
— Você está exagerando. Já publicamos livros de gente que nasceu em Bento Ribeiro. Até de um índio que morava em uma comunidade ribeirinha. Respondeu Afonso.
— Essa gente que nasceu em Bento Ribeiro já era famosa quando teve o livro publicado e livro de índio todo intelectual gosta de ler. Enquanto eu, que moro no subúrbio, tenho que atender às exigências esdrúxulas de originais impressos em espaço duplo, fonte determinada, público-alvo do livro.
— É exatamente para ninguém plagiar que exigimos tudo isso. A regra vale para todos. Disse Luciana, pela primeira vez desde que virou refém, com carinho.
— Mentira! Essa falácia é desculpa para não ler e privilegiar a panelinha. Eu tenho dificuldades de me expressar. De definir exatamente o que eu quero. Me comunico através dos meus contos. As pessoas, ao mesmo tempo que acham que eu não tenho nada, que eu sou um oportunista, um preguiçoso, vagabundo, no fundo têm certeza que eu tenho algum problema mental. Os psiquiatras não conseguem identificar. Dizem que não é déficit de atenção, não é autismo, não é nada. Mas normal eu não sou. Ele diz, já chorando. — Parece até que para ter um livro publicado é preciso ser usuário de drogas, prostituta, ex-presidiário, deficiente ou mesmo morrer.

Luciana teve vontade de dizer que ele já era um deficiente mental e um sequestrador e mesmo assim não teria o livro publicado. Mas apenas se limitou a dizer:
— Desculpe a sinceridade, mas essa gente desperta mais interesse e vende mais.  
— Aff! Cansei de ouvir essas desculpas. Artista é muito arrogante. O Wesley aí foi vítima deles. Foi acusado de perseguição por um cineasta babaca que não queria ver o roteiro dele. Depois ficou dizendo que o roteiro não era o seu estilo. Ficou debochando. Mas aposto que ia plagiar. Tenho certeza que existe uma máfia de plagiadores no mercado editorial. Os atores que se lançam na literatura já têm um texto pronto, vindo dos originais que os coitados aspirantes mandam sem ter retorno.
— Isso não é verdade. Eles escrevem seus próprios textos e atendem as mesmas exigências para qualquer um. Esclareceu Afonso.  
— É sim! E é mentira que essas regras são para todos. Agora cala a boca e continua a revisão. Senão, não libero todo mundo tão cedo.
— Mas foi você quem puxou assunto.

Após doze horas, o livro ficou pronto. Afonso fez tudo: revisão, diagramação, textos de orelha e capa. Foi mandado, pela internet, para a gráfica, que ficava no mesmo bairro de subúrbio onde Edgar morava. Sabendo da informação, Edgar liberou todos.

O luxuoso escritório ficou uma bagunça e fedendo com a urina da ruiva nervosa e os restos de pizza.

Edgar foi algemado na saída, ainda no corredor do andar, para desespero e vergonha dos pais e da irmã, que apareceram no prédio a partir da quarta hora do sequestro. A mãe passou mal, mas sobreviveu.

A coletânea de contos do Edgar foi realmente impressa. Mas não chegou a ser distribuída nas livrarias. Não havia o código de barras e nem a catalogação. Afonso enganou Edgar. E foram impressos apenas 100 exemplares, como teste.

Edgar foi posteriormente internado no manicômio judiciário e renegado pelos pais, a irmã, os parentes e a mídia.

Já o romance ambientado na Unidade de Polícia Pacificadora de uma favela, que conta a história de um amor impossível entre uma policial da Força de Segurança e um traficante, escrito por Wesley, foi lançado no mês seguinte, catalogado, registrado e codificado.

A noite de autógrafos teve a presença da mídia, do editor Afonso, da recepcionista Luciana (que ficou simpática e amiga do autor), das outras reféns feitas pelo ausente Edgar e dos vizinhos do autor na favela. Fez o maior sucesso. O autor conquistou até o amor da ruivinha, com quem se casou e teve um casal de gêmeos.

Com as vendas de Amor na UPP, Wesley pagou um advogado para relaxar a prisão ou atenuar a pena de Edgar e o contratou como seu assessor de imprensa. Ficou eternamente grato ao novo amigo, apesar de ameaçado pelo seu revólver de brinquedo e o cinturão de cilindros de papel.

Dois anos depois, com o dinheiro economizado do salário, Edgar pagou uma outra editora para lançar o seu primeiro romance, Publique Agora, sobre o sequestro que cometeu. A tiragem foi pequena, o livro mal divulgado e não vendeu nada. Ele escrevia muito mal.

* Jornalista e publicitário de formação e escritor de coração. Publicou o romance “Notícias que Marcam” pela Giz Editorial (de São Paulo-SP) e a coletânea “Indecisos - Entre outros contos”.
 Bookess - http://www.bookess.com/read/4103-indecisos-entre-outros-contos/ e
PerSe -http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/WF2_BookDetails.aspx?filesFolder=N1383616386310
Seu  blog, “Tudo cultural” - www.tudocultural.blogspot.com é bastante freqüentado por leitores



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