Fast-food
* Por Paulo José Cunha
Sem o afeto de mãos em oferta.
Apenas combustível,
carga rápida,
compacta munição.
A cada mordida,
rumor de máquinas
triturando receitas de família
moendo fornos de barro,
derretendo panelas de cobre,
incinerando colheres de pau.
Nada de conversas ao pé do fogo.
Nada de maledicências entre alquímicos temperos.
Nada de velhas cozinheiras provando o ponto da calda.
Nada de panelas sujas de fuligem.
Nada de cantigas tristes, dos tempos que não voltam mais. Nada de lembranças.
-apenas-o-blim-blom-das-senhas-histéricas-rugindo-nos-painéis
-e-as-rasantes-de-sanduíches-plásticos-em-bandejas-voadoras-
Eh-lá! Eh-lá-hô!
Um sabor eletrônico, único e bom.
A aurora do mundo futuro.
·
Poeta, jornalista, professor e documentarista
piauiense, autor dos livros “Salto sem trapézio”, “Perfume de resedá”,
“Vermelho, um pessoal garantido” e “Caprichoso, a terra do azul”.
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