quarta-feira, 13 de maio de 2015

Thor, o cachorrinho desaparecido


* Por Mara Narciso


Thor é um cachorrinho comum, branquinho e da raça poodle. É bem “danado”, “um verdadeiro cão”, nas palavras da sua dona Tia Clarice, porém, feliz como todo animal bem-amado. Ele nasceu há um ano, no dia 30 de março de 2014, junto com dois irmãozinhos, Ana Flor e Brad. Sua mãe Nikita mora com Tia Áurea, onde também permaneceu Ana Flor, e Brad mora com Tia Marlene.

Na sua casa, no Bairro Jardim Panorama, Thor tem espaço para correr em amplos quintal e jardim, quadra, piscina, plantas e sol. Convive com criança, Heitor, neto de Tia Clarice, e recebe toda a atenção. Quando ele sai correndo e a pessoa grita, ele se apavora e corre mais, ficando desnorteado. Para ser atendido, a pessoa tem de falar de forma carinhosa. Ele adora ser acariciado no pescoço e no corpinho, próximo da junção das patinhas dianteiras. Tia Clarice viu a sua vida se transformar com a chegada de Thor. Tornou-se mais feliz em conviver com esse “terrível” cachorrinho, que é um grande companheiro, que não sai da casa, não sabe andar pelo bairro, não sabe voltar.

No dia 5 de maio, terça-feira, por volta das 11 h e 30 m, quando Cleuza abriu o portão para receber a feira, Thor saiu, e ela não percebeu. Quando Tia Clarice chegou e procurou por Thor, já estranhou não ter sido recebida por ele. Chamou, andou pela casa, e nada. Ficou apavorada, quando entendeu que ele havia desaparecido. Então, com Tia Marlene e Célio, deram um giro de carro pelo bairro e depois percorreram uma parte a pé, chamando por ele em cada portão, a espera de um latido. Não viram nem rastro.

Para a dona, foi como se perdesse uma pessoa. Ficou em pânico só de imaginar a possibilidade de maus-tratos ou atropelamento. Trocou idéias com aqueles que poderiam ajudar através da internet. A família ficou em polvorosa e participou da busca através do Whatsapp, Facebook e Instagran com sugestões e aflições compartilhadas. Cláudia, filha de Tia Clarice, mostrou a foto de outro cachorro, para substituição, mas ela nem cogitou. Claricinha, Sandra e Victor se empenharam postando fotos e investigando.

O termo inconsolável é referido quando somem cachorros. Pois aqui foi igual. Tia Clarice ligou para todo mundo, e depois ficou praticamente de cama, num desalento total. Nem quis receber os irmãos para rezar o terço, coisa que faz toda terça-feira. A espera vai aumentando o desespero, pois a possibilidade do reencontro vai ficando menor a cada hora.

Na noite desse mesmo dia, Victor, também neto de Tia Clarice, soube através de um print enviado por um amigo do Facebook, de que tinha sido encontrado um cachorrinho com as mesmas características de Thor. Estava escrito assim: “encontrei esse anjinho perdido. Quem é o dono?” Fez contato com o grupo por diversas vezes, comparou as fotos que tinha e a que foi postada e achou que poderia ser o mesmo cachorro. Pediu à moça para que falasse com sua avó via telefone. No dia seguinte, a troca de informações entre Tia Clarice e quem o encontrou mostrou tratar-se sim, do mesmo bichinho.

O cãozinho, quando foi encontrado, estava próximo a Unimontes, e tinha descido toda a Rua Santa Lúcia. Seguia uma bicicleta e quando ele se aproximava do homem que a guiava, este dizia: sai cachorro. Maira Meira voltava da academia, e quando viu a cena, deduziu tratar-se de um cachorro perdido. Pegou o animal, levou para casa e postou a foto no Grupo de Animais Desaparecidos do Facebook.

Victor e Tia Clarice decidiram ir ver o cachorro. A moça que o achou, também precisava ter certeza, antes de entregá-lo. Marcaram o encontro para as 18 h e 15 m da quarta-feira, ao lado da Igreja Sagrado Coração de Jesus, no mesmo bairro, próximo de onde Thor tinha ficado o tempo todo.

Emocionante foi o reencontro dos dois. Quando seus olhares se cruzaram, ocorreu um impacto bilateral. Thor ficou estático, imóvel, mudo, assim como Tia Clarice que, de súbito o pegou nos braços, apatetada, dura como pau, sem capacidade de falar nada. A moça percebeu que, caso não fossem amigos, Thor não ficaria quietinho. Após agradecimentos, somente depois de entrarem no carro, naquela emoção paralisada, foi que o cachorrinho se mexeu. Foi então que mostrou alegria, como bem sabem fazer os cães, latindo e lambendo a cara dela, já sem ele há mais de 36 horas. Thor foi encontrado limpo e alimentado (ainda que não conseguisse comer, devido ao stress) graças à internet, e as pessoas de bom coração. Tratar mal os animais é crime. Mas aqui, o final foi feliz.

*Foto tirada por Victor, dentro do carro, logo depois do reencontro.

*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”   


3 comentários:

  1. O Thor me faz lembrar meu Nick, também um poodle, só que pequeno, como se fosse de brinquedo, mas valente como ele só. Que falta que o meu cãozinho me faz! Bela narrativa, Mara. E com final feliz, o que é melhor.

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  2. É como sempre digo: ninguém é mais boa gente do que um cachorro. Não existe animal mais amoroso e companheiro. Seu relato me prendeu do início ao fim, Mara. Abraços!

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  3. Ando precisando de um cachorrinho. Thor salvou a minha tia. Feliz com isso. Obrigada amigos, pela atenção.

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