segunda-feira, 11 de maio de 2015

Rogo


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral

Pai de misericórdia, hoje vos peço
não somente pelo meu pai cuja
alma ainda se prende a um corpo
fragilizado pela tempestade na
forma de doença, eu vos rogo
pelos cuidadores que emprestam
braços e pernas, cujos domingos
de sol se esvaem pelas janelas, se
perdem no alarido da feira e nas
gargalhadas dos desconhecidos
que não olham para a tua janela e
nem escutam teus suspiros. Rogo
pelas famílias que mesmo no sofrimento
guardam sempre um lugar à mesa.
Rogo pela serenidade e abnegação,
rogo pelo teu cansaço e comiseração.
Rogo por ti que olha com amorosidade
o ser que não te enxerga, que abre a
boca esperando o alimento mas segura
tuas mãos, talvez com medo de que fujas
ou desistas. Rogo por ti que não escolhes
mas que por amor acolhes.
Rogo por ti que enxugas as lágrimas furtivas
mas sorri.
Rogo, rogo e apenas rogo...

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. Não fácil acompanhar uma alma presa num corpo quase morto. Aprovei versos e sinceridade.

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