Um futebol diferente
* Por
Mouzar Benedito
Antes da fuga e da
recaptura que o caracterizou como preso político, André foi convidado para
fugir com presos comuns. Ele seria uma pessoa chave nessa história, pois sua
função na época era cuidar do vestiário do campo de futebol que havia lá
dentro.
Não quis fugir, mas
assegurou aos presos que não os denunciaria. Eles, então, cavaram um túnel de
dentro do vestiário até a rede de esgotos.
A fuga foi marcada
para um domingo à tarde, no intervalo de um jogo entre dois times de
presidiários. Era um dia de comemoração de qualquer coisa, e na platéia,
assistindo ao jogo, estavam o diretor do presídio e um monte de autoridades.
No intervalo do jogo,
os times entraram no vestiário, passaram-se os quinze minutos regulamentares e
não saiu ninguém. Mais um pouquinho de espera e finalmente os agentes
penitenciários foram ver o que tinha acontecido. Viram só aquele buraco no
chão.
Mas a surpresa maior
foi numa avenida ali perto. Muitas pessoas viram espantadas uma tampa de bueiro
abrir-se e saírem dois times de futebol inteiros correndo avenida afora.
* Jornalista
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