terça-feira, 10 de março de 2015

Um futebol diferente


* Por Mouzar Benedito


Antes da fuga e da recaptura que o caracterizou como preso político, André foi convidado para fugir com presos comuns. Ele seria uma pessoa chave nessa história, pois sua função na época era cuidar do vestiário do campo de futebol que havia lá dentro.

Não quis fugir, mas assegurou aos presos que não os denunciaria. Eles, então, cavaram um túnel de dentro do vestiário até a rede de esgotos.

A fuga foi marcada para um domingo à tarde, no intervalo de um jogo entre dois times de presidiários. Era um dia de comemoração de qualquer coisa, e na platéia, assistindo ao jogo, estavam o diretor do presídio e um monte de autoridades.

No intervalo do jogo, os times entraram no vestiário, passaram-se os quinze minutos regulamentares e não saiu ninguém. Mais um pouquinho de espera e finalmente os agentes penitenciários foram ver o que tinha acontecido. Viram só aquele buraco no chão.
Mas a surpresa maior foi numa avenida ali perto. Muitas pessoas viram espantadas uma tampa de bueiro abrir-se e saírem dois times de futebol inteiros correndo avenida afora.


* Jornalista

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