Valdick
* Por
Ana Deliberador
A roupa toda preta, o
chapéu… Ser chamado de Valdik Soriano era a glória para aquele homem.
E a pose de
conquistador, então! Passava pela avenida, lançando, imagina-se, olhares
profundos – por trás daqueles óculos escuros – para as pedestres que com ele
cruzavam.
E aquele sorriso… pretendia
ser fatal? Todas as tardes, a mesma coisa. Sobe e desce a avenida principal,
devagar quase parando, em seu Maverick.
Todos os amigos, todos
os conhecidos, sabiam da sua fama mas isso não importava. Importava – e muito –
que era um pouco complicado no que dizia respeito à honestidade. Brincou,
brincou, abusou tanto que teve mandado de prisão expedido contra si.
Um dia o delegado, seu
grande amigo, chamou-o com urgência: precisava de um grande favor seu. Tinha
uns documentos importantíssimos para o delegado de Sertanópolis. Será que ele
poderia levá-los, já que estava indo para Londrina, e era passagem? Poderia
trazer os documentos de volta?
– Mas é claro, meu
amigo, levo e trago!
E foi. Pegou seu reluzente
carro e tomou rumo de Sertanópolis.
Chegando na delegacia
mandou entregar o envelope para o delegado e sentou-se na recepção.
Logo veio o delegado:
_ Seu Caramuru, o
senhor está preso!
_ Como!? Por quê!? O
que é isso!?
O delegado mostrou-lhe
então o documento que trouxera: seu próprio mandado de prisão!
* Professora, pintora e escritora
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