Quem tem medo do Lula??
* Por
Emir Sader
Lula é odiado porque
deveria ter dado errado e deixado as elites para seguirem governando o Brasil.
Odeiam nele o pobre, o nordestino, o trabalhador.
A direita – midiática,
empresarial, partidária, religiosa – entra em pânico quando imagina que o Lula
possa ser o candidato mais forte para voltar a ser presidente em 2018. Depois
de ter deixado escapar a possibilidade de vencer em 2014, com uma campanha que
trata de colocar o máximo de obstáculos para o governo de Dilma – em que o
apelo a golpe e impeachment faz parte do desgaste –, as baterias se voltam
sobre o Lula.
De que adiantaria
ajudar a condenar a Dilma a um governo sofrível, se a imagem do Lula só aumenta
com isso? Como, para além das denúncias falsas difundidas até agora, tratar de
desgastar a imagem de Lula? Como, se a imagem dele está identificada com todas
as melhorias na vida da massa da população? Como se a projeção positiva da
imagem do Brasil no mundo está associada à imagem de Lula? Como se a elevação
da auto-estima dos brasileiros tem a ver diretamente com a imagem de Lula?
Mas, quem tem tanto
medo do Lula? Por que o ódio ao Lula? Por que esse medo? Por que esse ódio?
Quem tem medo do Lula e quem tem esperanças nele? Só analisando o que ele
representou e representa hoje no Brasil para entendermos porque tantos adoram o
Lula e alguns lhe têm tanto ódio.
Lula deu por
terminados os governos das elites que, pelo poder das armas, da mídia, do
dinheiro, governavam o país só em função dos seus interesses, para uma minoria.
Derrotou o candidato da continuidade do FHC e começou uma série de governos que
melhoraram, pela primeira vez, de forma substancial, a situação da massa do
povo brasileiro.
Quem se sentiu afetado
e passou a odiar o Lula? As elites políticas que se revezavam no governo do
Brasil há séculos. Os que sentiram duramente a comparação entre a forma deles
de governar e a de Lula. Sentiram que o Brasil e o mundo se deram conta de que
a forma de Lula de governar é a forma de terminar com a fome, com a miséria,
com a desigualdade, com a pobreza, com exclusão social. Eles sofrem ao se dar
conta que governar para todos, privilegiando os que sempre haviam sido
postergados, é a forma democrática de governar. Que Lula ganhou apoio e
legitimidade, no Brasil, na América Latina e no mundo justamente por essa forma
de governar.
Lula demonstrou, como
ele disse, que é possível governar sem almoçar e jantar todas as semanas com os
donos da mídia. Ele terminou seu segundo mandato com mais de 80% de referências
negativas na mídia e com mais de 90% de apoio. Isso dói muito nos que acham que
controlam a opinião publica e o país por serem proprietários dos meios de
comunicação.
Lula demonstrou que é
possível – e até indispensável – fazer crescer o país e distribuir renda ao
mesmo tempo. Que uma coisa tem a ver intrinsecamente com a outra. Que, como ele
costuma dizer, “O povo não é problema, é solução”. Dinheiro nas mãos dos pobres
não vai pra especulação financeira, vai pro consumo, para elevar seu nível de
vida, gerando empregos, salários, tributação.
Lula mostrou, na
pratica, que o Brasil pode melhorar, pode diminuir suas desigualdades, pode dar
certo, pode se projetar positivamente no mundo, se avançar na superação das
desigualdades – a herança mais dura que as elites deixaram para seu governo.
Para isso precisa valorizar seu potencial, seu povo, elevar sua auto-estima,
deixar de falar mal do país e de elogiar tudo o que está lá fora, especialmente
no centro do capitalismo.
Lula fez o Brasil ter
uma política internacional de soberania e de solidariedade, que defende nossos
interesses e privilegia a relação solidaria com os outros países da America
Latina, da África e da Ásia.
Lula foi quem resgatou
a dignidade do povo brasileiro, de suas camadas mais pobres, em particular do
nordeste brasileiro. Reconheceu seus direitos, desenvolveu políticas que
favoreceram suas condições de vida e uma recuperação espetacular da economia,
das condições sociais e do sistema educacional do nordeste.
Lula é odiado porque
deveria dar errado e deixar em paz as elites para seguirem governando o Brasil
por muito tempo. Um ódio de classe porque ele é nordestino, de origem pobre,
operário metalúrgico, de esquerda, líder máximo do PT, que deu mais certo do
que qualquer outro como presidente do Brasil. Odeiam nele o pobre, o
nordestino, o trabalhador, o esquerdista. Odeiam nele a empatia que ele tem com
o povo, sua facilidade de comunicação com o povo, a popularidade insuperável
que o Lula tem no Brasil. O prestígio que nenhum outro político brasileiro teve
no mundo.
A melhor resposta ao
ódio ao Lula é sua consagração e consolidação como o maior líder popular
da historia do Brasil. A força moral das
suas palavras – que sempre tentam censurar. Sua trajetória de vida, que por si
só é um exemplo concreto de como se pode superar as mais difíceis condições e
se tornar um líder nacional e mundial, se se adere a valores sociais, políticos
e morais democráticos.
Quem odeia o Lula,
odeia o povo brasileiro, odeia o Brasil, odeia a democracia.
O Lula é a maior
garantia da democracia no Brasil, porque sua vida é um exemplo de prática
democrática. O amor do povo ao Lula é a melhor resposta ao ódio que as elites
têm por ele.
* Sociólogo e
cientista político
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