sábado, 17 de dezembro de 2011







Temperança e parcimônia

* Por Ruth Barros


Anabel desconhece duas coisas que sejam tão cacetes e necessárias na vida de qualquer garota medianamente esperta como essas duas damas, temperança e parcimônia. Excessos nunca são bons – metaforicamente falando – e devem ser corrigidos. Ao mesmo tempo, ser Exagerado, como cantava o saudoso e adorado Cazuza é das grandes fontes de diversão da vida. O que fazer? Parar enquanto a situação está ainda dominada mas a gente não quer controlar nem um pouquinho porque está tudo muito bom, ou ir até o fim e sofrer todas as conseqüências? E olha que exageros podem pode ter até alguma conseqüência boa, daquelas que não aconteceriam sob rédea curta.

Eu, humilde escriba, sempre achei a situação das mais complicadas. Tomemos o caso do álcool, por exemplo. Teoricamente deveríamos parar de beber enquanto ainda temos algum controle – ou melhor ainda, antes da segunda dose, caso estejamos ao volante. No caso do volante nem se discute, é completamente idiota sair dirigindo chapado por aí arriscando a própria vida e saúde e pior, a dos outros que não têm nada a ver com isso. Mas digamos que o futuro alcoolizado da questão esteja a pé, de carona ou de vassoura e melhor, sem incomodar ninguém a não ser a si mesmo? Ok, bêbado que não seja chato é praticamente impossível, mas a questão é colocada apenas para efeito de raciocínio. Se o cara está se divertindo, se não é ofensivo, se não tem necessidade imediata (mulher, filho, trabalho urgente ou qualquer outra coisa) porque parar enquanto está tudo bem? Admito que a situação tem um pouco mais de ses que o recomendável, mas como já havia avisado, é delicada.

O humor, como sempre, foi quem deu uma das melhores respostas que já vi para essa questão. Na década de 80 havia um cartunista gaúcho, um cara genial, Edgar Vasques (o que foi feito dele?), que criou um personagem fabuloso, um faminto chamado Rango que andava com um bêbado, o Baba. Quando o Rango, preocupado com o amigo, o aconselhava a enxugar com temperança, o Baba respondia:
- Temperança? Não conheço essa dama, mas se ela pagar uma...

Temperança e parcimônia no fundo são limites, coisa que praticamente ninguém quer ter – qualquer dúvida pensem no governo federal tentando colocar rédeas e mordaça na imprensa, enquanto o presidente Lula insulta os colegas de covardes – mas que acaba se fazendo necessária no mundo dito civilizado. Aqui vão muitos ses de novo, mas se Bush não tivesse sido tão possuído pelo desejo de vingança, os Estados Unidos não estariam metidos nessa confusão que parece não ter fim no Iraque; Michael Jackson, por exemplo, que já tinha vários filhos, três senão me engano, precisava novamente aumentar a família e arranjar novas crianças de origem duvidosa, quer dizer, mãe desconhecida, enquanto responde a processos por molestar sexualmente menores?

Por outro lado, vários personagens, anônimos ou famosos, teriam muito a ganhar se se conseguissem soltar um pouco as amarras, em bom português, soltar a franga. Já viram como a Sandy melhorou – não ficou nenhuma maravilha não, mas que melhorou, melhorou – depois que deixou um pouco de lado o jeitinho nhem nhem nhem de ser, caiu um pouco mais na vida e aproveitou para largar pra trás aquele irmão?

Anabel Serranegra é fã de Vera Fischer, primeira e única, que arrebenta a boca do balão e sempre consegue manter o domínio de cena

* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário