A dama do metrô
* Por Osvaldo Pastorelli
Não adianta gritar mais, pensou. Ninguém me ouvira, disse para si mesma. Apesar de estar com a boca meio amordaçada, Selene sentia o pescoço dolorido de tanto virar a cabeça de um lado para outro. Sonolenta, os braços adormecidos, as pernas bambas, conseguia ainda ter alguma noção. Há quanto tempo estava ali? Não sabia. Com os olhos vendados e a boca amordaçada pouca coisa dava para perceber. Das coxas notava um líquido que escorria. Fora estuprada, pensou ao reavivar um pouco a mente. Sim, foi isso, estuprada.
Completamente nua, amarrada na cama, pelo menos parecia ser uma cama, com os pulsos e os tornozelos amarrados, sem conseguir se mexer, sentiu o peso de um corpo penetrando-a, a principio lentamente, depois com violência que chegava as raias da loucura. Ao mesmo tempo uma boca macia de lábios suaves, úmidos roçava seu rosto, seus lábios, pescoço, seios sussurrando palavras desconexas que a fazia se sentir excitada. Sua mente num marasmo de lucidez e sombras, se esforçava para não perder os sentidos. Mas havia momentos que Selene apagava e ela era tragada pela desconhecido torpor. Num instante de lucidez, percebeu que fora virada de bruços e estava sendo penetrada, mas que estranho, não era por homem, e, sim por mulher. Travesti? Não isso não, tentou gritar. Foi então que sentiu um pênis de borracha levando-a gozar mais uma vez.
Uma aragem fina, arrepiou sua pele. Estava com frio. Tentou se cobrir mas não achou nada. Numa lucidez instantânea, Selene notou que estava deitada em algo gelado, parecendo cimento. Seria calçada? Um banco de praça? Não teve tempo em responder. Caiu novamente na sonolência do sono.
Acordou com um bafo quente e fedido em seu pescoço. Empurrou a cara barbuda que espetava seus seios nus. Conseguiu sair debaixo de um corpo magro, nu, fedido, molambento. A cabeça doía. Como fora parar ali, no meio da praça, nua, ao lado de um mendigo que nunca vira, abraçado a ela e também nu? Meus Deus, o maldito do mendigo transara com ela aproveitando que estava desacordada. Chorando desesperadamente, se ajoelhou ao lado do mendigo que, assustado não sabia o que fazer.
Tempos depois, se perguntavam, porque não quisera dar queixa, não sabia o que dizer, isto é, sabia sim, mas não queria quebrar o prazer, pois apesar de ter reconhecido o fato como uma vingança bem feita, e, o pior sabia quem fora o autor, ou autores, ela tinha gostado.
• Poeta e artista plástico
* Por Osvaldo Pastorelli
Não adianta gritar mais, pensou. Ninguém me ouvira, disse para si mesma. Apesar de estar com a boca meio amordaçada, Selene sentia o pescoço dolorido de tanto virar a cabeça de um lado para outro. Sonolenta, os braços adormecidos, as pernas bambas, conseguia ainda ter alguma noção. Há quanto tempo estava ali? Não sabia. Com os olhos vendados e a boca amordaçada pouca coisa dava para perceber. Das coxas notava um líquido que escorria. Fora estuprada, pensou ao reavivar um pouco a mente. Sim, foi isso, estuprada.
Completamente nua, amarrada na cama, pelo menos parecia ser uma cama, com os pulsos e os tornozelos amarrados, sem conseguir se mexer, sentiu o peso de um corpo penetrando-a, a principio lentamente, depois com violência que chegava as raias da loucura. Ao mesmo tempo uma boca macia de lábios suaves, úmidos roçava seu rosto, seus lábios, pescoço, seios sussurrando palavras desconexas que a fazia se sentir excitada. Sua mente num marasmo de lucidez e sombras, se esforçava para não perder os sentidos. Mas havia momentos que Selene apagava e ela era tragada pela desconhecido torpor. Num instante de lucidez, percebeu que fora virada de bruços e estava sendo penetrada, mas que estranho, não era por homem, e, sim por mulher. Travesti? Não isso não, tentou gritar. Foi então que sentiu um pênis de borracha levando-a gozar mais uma vez.
Uma aragem fina, arrepiou sua pele. Estava com frio. Tentou se cobrir mas não achou nada. Numa lucidez instantânea, Selene notou que estava deitada em algo gelado, parecendo cimento. Seria calçada? Um banco de praça? Não teve tempo em responder. Caiu novamente na sonolência do sono.
Acordou com um bafo quente e fedido em seu pescoço. Empurrou a cara barbuda que espetava seus seios nus. Conseguiu sair debaixo de um corpo magro, nu, fedido, molambento. A cabeça doía. Como fora parar ali, no meio da praça, nua, ao lado de um mendigo que nunca vira, abraçado a ela e também nu? Meus Deus, o maldito do mendigo transara com ela aproveitando que estava desacordada. Chorando desesperadamente, se ajoelhou ao lado do mendigo que, assustado não sabia o que fazer.
Tempos depois, se perguntavam, porque não quisera dar queixa, não sabia o que dizer, isto é, sabia sim, mas não queria quebrar o prazer, pois apesar de ter reconhecido o fato como uma vingança bem feita, e, o pior sabia quem fora o autor, ou autores, ela tinha gostado.
• Poeta e artista plástico
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