A mente mais poderosa
A relevância do trabalho científico do físico e cosmólogo inglês, Stephen Hawking é extraordinária e foge ao alcance do leigo. Seus principais campos de pesquisa são a cosmologia teórica e a gravidade quântica, conceitos tão complexos que desafiam a mente dos mais renomados e brilhantes cientistas através do mundo. Abordarei, posto que superficialmente (já que não sou físico), algumas de suas descobertas e proposições oportunamente. Todavia, meu objetivo, nesta série de reflexões sobre este que é um dos maiores gênios vivos do mundo, não é o de explicar e interpretar suas revolucionárias teorias, até porque meu conhecimento da matéria me impede de empreender tarefa desse porte.
O que quero ressaltar é o poder da mente humana para a superação de obstáculos virtualmente intransponíveis, façanha que nos maravilha e nos surpreende. Desde a infância, meus três ídolos, os que tomei como parâmetros e inspiração ao longo dos anos, são o ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, por sua inabalável persistência na busca dos seus objetivos; o físico alemão Albert Einstein, por sua disciplina mental e ousadia intelectual e Helen Keller, que sendo cega, surda e muda, superou essas terríveis deficiências orgânicas e se tornou uma das maiores conferencistas dos Estados Unidos.
Então, claro, não sabia da existência de Stephen Hawking e mesmo se soubesse, de nada adiantaria, pois na ocasião ele (que é apenas 11 meses e alguns dias mais velho do que eu) era, também, menino. Todavia, o cientista de Cambridge reúne, simultaneamente, as características que mais me atraem nas três personalidades que elegi como paradigmas. Ou seja, dispõe de mente cartesiana e tão brilhante quanto a de Albert Einstein, a quem não fica nada a dever; a persistência de Abraham Lincoln e a vontade e alegria de viver de Helen Keller. Daí meu entusiasmo por ele, que faço questão de partilhar com o mundo, mesmo sob o risco da perda de objetividade em meu texto, o que busco suprir com a paixão.
A doença que acometeu Stephen Hawking, quando tinha 21 anos de idade, é um tanto rara. É mais conhecida como “Mal de Lou Gehring”, nome que lhe foi dado em referência a um dos mais famosos jogadores de beisebol de todos os tempos, nos Estados Unidos. Esse atleta, até hoje admirado e reverenciado em seu país por suas proezas esportivas, foi acometido desse mal em 1937. A esclerose amiotrófica lateral causa paralisia progressiva em todo o corpo. Os músculos, todos eles, aos poucos, perdem o tônus e a doença, além de progressiva, é irreversível.
O físico inglês, por exemplo, só tem algum domínio sobre os três dedos intermediários da mão esquerda. É com eles que aciona, por exemplo, o sintetizador de voz, única forma que dispõe para se comunicar com o mundo. É verdade que sua privilegiada mente está além, muitíssimo além deste Planeta. Essa paralisia quase completa (com a exceção citada) e a impossibilidade de falar sem auxílio do aparelho é sua realidade cotidiana desde 1965. Naquele ano, após contrair pneumonia, teve que ser submetido a uma traqueostomia que resultou no corte acidental das cordas vocais.
Mas quem pensava que este acidente seria o fim do notável cientista bem-humorado, do professor competente e do requisitado conferencista (e creio que não havia uma só pessoa que não pensasse isso), ou que ele se deixaria abater e se entregaria á sua tragédia, estava muito enganado. De 1965 para cá, o notável físico nunca deixou de produzir. E o que produziu foi assombroso para cientistas sem nenhum problema orgânico. Imaginem para um homem paralisado dos pés à cabeça! Como não se entusiasmar por alguém assim?!!!
Três dedos de apenas uma das mãos (e só eles) são toda a força muscular de que Stephen Hawking dispõe. O que você faria se estivesse em seu lugar? Eu... certamente piraria! No entanto... com apenas esses três dedos, por exemplo, ele locomove. Aciona a cadeira de rodas motorizada, que lhe substitui as pernas e que pode atingir, até, a velocidade de 36 quilômetros por hora. Com ela, desloca-se pela casa sem precisar de ajuda de ninguém. Anos atrás, até brincava de esconde-esconde com Timmy, o filho caçula, que na oportunidade tinha dez anos de idade, no gramado de sua casa. Hoje, continua brincando, mas com o neto.
Com esses três dedos, Hawking liga o sintetizador de voz, com o qual “fala” com as pessoas, dá aulas na universidade, profere conferências e até conta anedotas – de finíssimo, de refinado humor, coisas de pessoa inteligente e de bem com a vida. Aliás, uma das suas piadas favoritas refere-se justamente ao computador que utiliza, acoplado ao sintetizador de voz, em cuja memória há um vocabulário restrito a 2.600 palavras essenciais à sua comunicação.
Numa palestra, das muitas que já fez em várias partes do mundo, o físico apressou-se em justificar seu “sotaque californiano” (ele que é inglês, nascido em Saint Albans, nos arredores de Londres): “Desculpem o meu jeito de falar. É que me comunico com a ajuda de um computador americano”. Esclareça-se que a citada máquina foi fabricada no Estado norte-americano da Califórnia.
Aliás, os que o conhecem e que já ouviram alguma de suas palestras, narram inúmeros casos que comprovam a forma natural com que Hawking encara sua realidade pessoal, sem queixas, sem revolta e sem se fazer de indefesa vítima. Sua atitude é sempre e sempre positiva, natural e sem tristeza, o que, aliás, dá razão ao ex-presidente John Kennedy, que costumava dizer que não conhecia um único gênio que não fosse dotado de bom humor. Os mal humorados e rabugentos são os medíocres e arrogantes, que se julgam geniais, sem que o sejam de fato.
Stephen Hawking gosta de fazer pequenas e inocentes brincadeiras, ora com colegas professores, ora com alunos, com pesquisadores de suas relações, com amigos, com parentes e com todos ao seu redor, que refletem seu espírito forte e a maneira sempre positiva com que encara o mundo. Por exemplo, na porta da sala do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica, em Cambridge, onde é diretor, mandou colocar uma placa com estes dizeres: “Por favor, silêncio. O chefe está dormindo”. Claro que não está! Mas... Essa irreverência e alegria de viver são, convenhamos, tremenda bofetada na cara dos pessimistas e derrotistas que têm todas as facilidades com que a natureza dota as pessoas, mas que passam o tempo todo a se lamentar e choramingar por picuinhas, à espera que alguém faça o que lhes compete fazer.
Por isso – embora neste caso se trate de constatação óbvia, mas nem por isso menos pertinente – é mais do que justa a opinião emitida sobre o ativo e bem-humorado cientista pelo norte-americano John Boslough, autor de um dos poucos livros escritos até aqui sobre o genial físico britânico: “A mente de Hawking é a ferramenta mais poderosa da Terra”. Como não concordar com essa afirmação?! E que poder!!!
Boa leitura.
O Editor.
A relevância do trabalho científico do físico e cosmólogo inglês, Stephen Hawking é extraordinária e foge ao alcance do leigo. Seus principais campos de pesquisa são a cosmologia teórica e a gravidade quântica, conceitos tão complexos que desafiam a mente dos mais renomados e brilhantes cientistas através do mundo. Abordarei, posto que superficialmente (já que não sou físico), algumas de suas descobertas e proposições oportunamente. Todavia, meu objetivo, nesta série de reflexões sobre este que é um dos maiores gênios vivos do mundo, não é o de explicar e interpretar suas revolucionárias teorias, até porque meu conhecimento da matéria me impede de empreender tarefa desse porte.
O que quero ressaltar é o poder da mente humana para a superação de obstáculos virtualmente intransponíveis, façanha que nos maravilha e nos surpreende. Desde a infância, meus três ídolos, os que tomei como parâmetros e inspiração ao longo dos anos, são o ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, por sua inabalável persistência na busca dos seus objetivos; o físico alemão Albert Einstein, por sua disciplina mental e ousadia intelectual e Helen Keller, que sendo cega, surda e muda, superou essas terríveis deficiências orgânicas e se tornou uma das maiores conferencistas dos Estados Unidos.
Então, claro, não sabia da existência de Stephen Hawking e mesmo se soubesse, de nada adiantaria, pois na ocasião ele (que é apenas 11 meses e alguns dias mais velho do que eu) era, também, menino. Todavia, o cientista de Cambridge reúne, simultaneamente, as características que mais me atraem nas três personalidades que elegi como paradigmas. Ou seja, dispõe de mente cartesiana e tão brilhante quanto a de Albert Einstein, a quem não fica nada a dever; a persistência de Abraham Lincoln e a vontade e alegria de viver de Helen Keller. Daí meu entusiasmo por ele, que faço questão de partilhar com o mundo, mesmo sob o risco da perda de objetividade em meu texto, o que busco suprir com a paixão.
A doença que acometeu Stephen Hawking, quando tinha 21 anos de idade, é um tanto rara. É mais conhecida como “Mal de Lou Gehring”, nome que lhe foi dado em referência a um dos mais famosos jogadores de beisebol de todos os tempos, nos Estados Unidos. Esse atleta, até hoje admirado e reverenciado em seu país por suas proezas esportivas, foi acometido desse mal em 1937. A esclerose amiotrófica lateral causa paralisia progressiva em todo o corpo. Os músculos, todos eles, aos poucos, perdem o tônus e a doença, além de progressiva, é irreversível.
O físico inglês, por exemplo, só tem algum domínio sobre os três dedos intermediários da mão esquerda. É com eles que aciona, por exemplo, o sintetizador de voz, única forma que dispõe para se comunicar com o mundo. É verdade que sua privilegiada mente está além, muitíssimo além deste Planeta. Essa paralisia quase completa (com a exceção citada) e a impossibilidade de falar sem auxílio do aparelho é sua realidade cotidiana desde 1965. Naquele ano, após contrair pneumonia, teve que ser submetido a uma traqueostomia que resultou no corte acidental das cordas vocais.
Mas quem pensava que este acidente seria o fim do notável cientista bem-humorado, do professor competente e do requisitado conferencista (e creio que não havia uma só pessoa que não pensasse isso), ou que ele se deixaria abater e se entregaria á sua tragédia, estava muito enganado. De 1965 para cá, o notável físico nunca deixou de produzir. E o que produziu foi assombroso para cientistas sem nenhum problema orgânico. Imaginem para um homem paralisado dos pés à cabeça! Como não se entusiasmar por alguém assim?!!!
Três dedos de apenas uma das mãos (e só eles) são toda a força muscular de que Stephen Hawking dispõe. O que você faria se estivesse em seu lugar? Eu... certamente piraria! No entanto... com apenas esses três dedos, por exemplo, ele locomove. Aciona a cadeira de rodas motorizada, que lhe substitui as pernas e que pode atingir, até, a velocidade de 36 quilômetros por hora. Com ela, desloca-se pela casa sem precisar de ajuda de ninguém. Anos atrás, até brincava de esconde-esconde com Timmy, o filho caçula, que na oportunidade tinha dez anos de idade, no gramado de sua casa. Hoje, continua brincando, mas com o neto.
Com esses três dedos, Hawking liga o sintetizador de voz, com o qual “fala” com as pessoas, dá aulas na universidade, profere conferências e até conta anedotas – de finíssimo, de refinado humor, coisas de pessoa inteligente e de bem com a vida. Aliás, uma das suas piadas favoritas refere-se justamente ao computador que utiliza, acoplado ao sintetizador de voz, em cuja memória há um vocabulário restrito a 2.600 palavras essenciais à sua comunicação.
Numa palestra, das muitas que já fez em várias partes do mundo, o físico apressou-se em justificar seu “sotaque californiano” (ele que é inglês, nascido em Saint Albans, nos arredores de Londres): “Desculpem o meu jeito de falar. É que me comunico com a ajuda de um computador americano”. Esclareça-se que a citada máquina foi fabricada no Estado norte-americano da Califórnia.
Aliás, os que o conhecem e que já ouviram alguma de suas palestras, narram inúmeros casos que comprovam a forma natural com que Hawking encara sua realidade pessoal, sem queixas, sem revolta e sem se fazer de indefesa vítima. Sua atitude é sempre e sempre positiva, natural e sem tristeza, o que, aliás, dá razão ao ex-presidente John Kennedy, que costumava dizer que não conhecia um único gênio que não fosse dotado de bom humor. Os mal humorados e rabugentos são os medíocres e arrogantes, que se julgam geniais, sem que o sejam de fato.
Stephen Hawking gosta de fazer pequenas e inocentes brincadeiras, ora com colegas professores, ora com alunos, com pesquisadores de suas relações, com amigos, com parentes e com todos ao seu redor, que refletem seu espírito forte e a maneira sempre positiva com que encara o mundo. Por exemplo, na porta da sala do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica, em Cambridge, onde é diretor, mandou colocar uma placa com estes dizeres: “Por favor, silêncio. O chefe está dormindo”. Claro que não está! Mas... Essa irreverência e alegria de viver são, convenhamos, tremenda bofetada na cara dos pessimistas e derrotistas que têm todas as facilidades com que a natureza dota as pessoas, mas que passam o tempo todo a se lamentar e choramingar por picuinhas, à espera que alguém faça o que lhes compete fazer.
Por isso – embora neste caso se trate de constatação óbvia, mas nem por isso menos pertinente – é mais do que justa a opinião emitida sobre o ativo e bem-humorado cientista pelo norte-americano John Boslough, autor de um dos poucos livros escritos até aqui sobre o genial físico britânico: “A mente de Hawking é a ferramenta mais poderosa da Terra”. Como não concordar com essa afirmação?! E que poder!!!
Boa leitura.
O Editor.
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Também sou admiradora incondicional da inteligência em primeiro lugar e impaciente com a burrice, um grave defeito meu. Notável homem, e também notável texto, pois humaniza personagem e autor.
ResponderExcluirerrata: humanizam
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