quinta-feira, 8 de dezembro de 2011







Baile de máscaras

* Por Fernando Yanmar Narciso

Quando o mito é mais enaltecedor que a realidade, publiquem o mito. Célebre frase foi dita nos momentos finais do faroeste O Homem Que Matou o Facínora, de 1961. Se há um país craque em criar mitos, este é a América. Praticamente todos os presidentes norte- americanos(para usar um termo mais politicamente correto) , de Washington a Obama, tiveram suas verdadeiras personas omitidas do povo, em favor de personagens irreais, criados por marqueteiros, baseados neles mesmos, que ficaram para a posteridade.
Um dos presidentes mais exageradamente endeusados de todos os tempos foi John Kennedy. Seu pai, o ambicioso e manipulador Joseph, acompanhado do mafioso Sam Giancana dentre vários outros, se encarregou de criar a imagem do líder jovem e carismático para o filho, que representava as idéias do novo mundo em detrimento de todos os outros sexagenários de vastas cabeleiras grisalhas que haviam entrado no Salão Oval antes dele.
Temos de reconhecer que fizeram um trabalho magistral para esconder o que JFK realmente pensava, pois por debaixo do pano ele era um playboy devasso e ególatra, que traía Jackie Kennedy- por sinal, um casamento forjado também pelo pai dele- com qualquer mulher que se insinuasse para ele. Digamos que, se uma roda de trator tivesse genitais, JFK o levaria pra cama. Sua lista de amantes era maior que a folha de pagamento do mensalão.
Dizem as más línguas que o motivo de Kennedy ser tão idolatrado foi por ter sido assassinado na metade de seu mandato. A própria CIA garantia que era tudo uma questão de tempo: Se ele tivesse continuado mais um ano no poder, ele certamente teria acabado como Fernando Collor, o JFK tupiniquim.
Sem dúvida nenhuma, a maior conquista do Mr. President foi a “mulher perfeita”, o maior sex- symbol da história de Hollywood, Marilyn Monroe.
Em seus doze anos de carreira, a loira teve o mundo a seus pés, e por esse mesmo motivo, o tempo se encarregou de permitir que não enxergássemos quem ela realmente era até o momento de sua misteriosa morte.
Batizada como Norma Jean, filha tímida de uma mãe residente de um manicômio, ela criou seu disfarce de superstar para escapar do seu destino, e o vestiu até o último minuto. Conhecida por ser barraqueira e indomável pelos diretores com quem trabalhou, vivia de cama em cama tanto como Kennedy. Seus dotes sexuais, dizem também as más línguas, eram a garantia de seus contratos em Hollywood, tinha fama de insaciável.
Mas, sob a pesada maquiagem, os cabelos encaracolados e sua saia esvoaçante, escondia-se Norma Jean, uma moça solitária e desamparada, que não tinha a menor idéia de quem realmente era, mas tinha certeza absoluta que ão suportava ser Marilyn Monroe.Tinha aversão a higiene pessoal e se considerava uma prostituta digna das festinhas de Calígula. Apenas quando morreu suas alucinantes sessões com o psicanalista e seu vício em pílulas de todas as cores e tamanhos vieram à tona.
Estas e outras histórias podem ser encontradas no livro Marilyn & JFK, do autor francês François Forestier, uma espécie de Diogo Mainardi europeu. Apesar de muitas coisas no livro terem sido propositalmente exageradas, ele garante que 80% do que escreveu são fatos confirmados.
Ao abrirmos um jornal ou revista, acessar a internet ou ligar a TV, não estamos em busca de pessoas ou coisas reais, mas sim de ideais. Estereótipos, mitos que tornem nossas vidas menos insuportáveis. Não existe um mísero ser humano no mundo “do lado de fora”, dos tablóides ou revistas de fofocas, apenas meros personagens. Atores, celebridades, músicos e políticos interpretam versões pasteurizadas e simplificadas de si mesmos desde o primeiro instante fora da cama. A maioria o faz com tanta autoridade que já nem deve mais se lembrar de quem são.

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Um comentário:

  1. O autor, no intuito de se auto-promover, lançou o tal livro. Servindo como pretexto, deu a você a oportunidade de fazer um texto interessante e bem alinhavado.

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