Células estanques
* Por Pedro J. Bondaczuk
Irresistível desalento.
Vida fútil e vazia.
Tédio, imenso tédio:
mal sem remédio.
Olhar distraído e desatento
que se anuvia, e anuncia,
dia e noite, noite e dia,
mal disfarçada agonia
de um secreto tormento.
Angústia da solidão:
temor de estar só,
de ser sempre só,
de viver o tempo todo só
e de, quiçá, morrer só.
Fobias, cultivo fobias:
medo do silêncio,
receio de fracasso,
pavor das recordações.
Grilo do amanhã,
violando o silêncio
atormentando, sem cessar,
com cri-cris repetitivos
e ameaçando impor
novos silêncios totais,
mais e mais dias vazios,
renovadas frustrações.
Cubículos fechados,
células estanques,
compartimentos sombrios,
hermeticamente trancados
que açodam, com vigor,
pavorosa claustrofobia.
Quisera a luz dos seus olhos
para varrer as trevas da solidão.
Quisera a melodia da sua voz
para embalar sonhos encantados.
Quisera o calor do seu corpo
vigoroso, jovem, cálido,
para prover a redenção,
assegurar a imortalidade.
* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
* Por Pedro J. Bondaczuk
Irresistível desalento.
Vida fútil e vazia.
Tédio, imenso tédio:
mal sem remédio.
Olhar distraído e desatento
que se anuvia, e anuncia,
dia e noite, noite e dia,
mal disfarçada agonia
de um secreto tormento.
Angústia da solidão:
temor de estar só,
de ser sempre só,
de viver o tempo todo só
e de, quiçá, morrer só.
Fobias, cultivo fobias:
medo do silêncio,
receio de fracasso,
pavor das recordações.
Grilo do amanhã,
violando o silêncio
atormentando, sem cessar,
com cri-cris repetitivos
e ameaçando impor
novos silêncios totais,
mais e mais dias vazios,
renovadas frustrações.
Cubículos fechados,
células estanques,
compartimentos sombrios,
hermeticamente trancados
que açodam, com vigor,
pavorosa claustrofobia.
Quisera a luz dos seus olhos
para varrer as trevas da solidão.
Quisera a melodia da sua voz
para embalar sonhos encantados.
Quisera o calor do seu corpo
vigoroso, jovem, cálido,
para prover a redenção,
assegurar a imortalidade.
* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Imaginei uma viagem a Marte. Isso sim é solidão. Tão grande quanto estar enterrado.
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