sexta-feira, 9 de setembro de 2011







Pipas de papel

* Por Elane Tomich

se te visse o meu olhar
como à cor que se desprende
de uma onda ao luar

ou até como eu te amo
em instantes, mas depende
se o som do coração
deu as mãos ao som do beijo
num volteio do desejo


se um suspiro entrelaçado
eu e tu num mano a mano
tete a tete com o insano
fosse tudo misturado
num tempero apurado

se te amar fosse mais fácil
eu te juro, meu amor,
num pé de vento mais ágil

voaria ao teu encontro
com versinhos mal escritos
suados entre meus dedos
bemequeres esmagados
úmidos de tanto medo

na sofreguidão do mel
com que a abelha chega à flor
entre confissões, segredos
nus das vestes dos proscritos
no sempre apostaria

e o engano enganaria
em verdade em voo ao ceu
como agosto em ventanias
leva pipas de papel

Poetisa

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