O tesouro de Beca
* Por Núbia Araújo Nonato do Amaral
Beca namorava a linda garrafa de pinga do vô Décio.
- Vô? Quando a pinga acabar o senhor me dá a garrafa?
- Heinnnnn?
- A garrafa vô, o senhor me dá?
- Tua mãe sabe que você está bebendo?
Beca bufou resignada olhando com carinho para o seu avô surdo como uma porta. Aproximou-se dele e encarapitada no seu colo repetiu o pedido bem pertinho de seu ouvido.
- Vô, sua garrafa é bonita, quando a pinga A-C-A-B-A-R, dá ela pra mim?
- De jeito nenhum a garrafa vai ser minha né vô? Eu sou mais velho e por direito ela é minha.
Beca olhou para o irmão mais velho com tanta raiva que mal segurou as lágrimas. Vô Décio interveio e resolveu a disputa na hora.
- A garrafa é da Beca, a próxima pode ser sua. E sabe o que mais? Pera aí meu anjo...
Seu avô esvaziou a garrafa entregando-a a Beca que sorriu de orelha a orelha como se fosse um grande tesouro.
- Vou colher gotas de orvalho pra mamãe!
Passou por Murilo vitoriosa enquanto este armado de puro despeito esticou a perna em seu caminho. Garrafa e menina foram ao chão e as duas se despedaçaram. Beca chorou por dois dias e Maurílio arrependido se consumiu em culpa deixando até de comer.
No domingo, enquanto estava acamado recebeu a visita de Beca, que preocupada com o irmão levou para ele um chá de ervas com pequenas gotas de orvalho colhidas na canequinha.
- Perdoa Beca?
- Do quê? Da garrafa? Liga não mano, descobri que o vô tem um monte delas escondidas no poço velho. mas não fala nada pra vó tá bem?
Maurílio fez que sim com a cabeça enquanto dividia os sequilhos com a irmã.
* Por Núbia Araújo Nonato do Amaral
Beca namorava a linda garrafa de pinga do vô Décio.
- Vô? Quando a pinga acabar o senhor me dá a garrafa?
- Heinnnnn?
- A garrafa vô, o senhor me dá?
- Tua mãe sabe que você está bebendo?
Beca bufou resignada olhando com carinho para o seu avô surdo como uma porta. Aproximou-se dele e encarapitada no seu colo repetiu o pedido bem pertinho de seu ouvido.
- Vô, sua garrafa é bonita, quando a pinga A-C-A-B-A-R, dá ela pra mim?
- De jeito nenhum a garrafa vai ser minha né vô? Eu sou mais velho e por direito ela é minha.
Beca olhou para o irmão mais velho com tanta raiva que mal segurou as lágrimas. Vô Décio interveio e resolveu a disputa na hora.
- A garrafa é da Beca, a próxima pode ser sua. E sabe o que mais? Pera aí meu anjo...
Seu avô esvaziou a garrafa entregando-a a Beca que sorriu de orelha a orelha como se fosse um grande tesouro.
- Vou colher gotas de orvalho pra mamãe!
Passou por Murilo vitoriosa enquanto este armado de puro despeito esticou a perna em seu caminho. Garrafa e menina foram ao chão e as duas se despedaçaram. Beca chorou por dois dias e Maurílio arrependido se consumiu em culpa deixando até de comer.
No domingo, enquanto estava acamado recebeu a visita de Beca, que preocupada com o irmão levou para ele um chá de ervas com pequenas gotas de orvalho colhidas na canequinha.
- Perdoa Beca?
- Do quê? Da garrafa? Liga não mano, descobri que o vô tem um monte delas escondidas no poço velho. mas não fala nada pra vó tá bem?
Maurílio fez que sim com a cabeça enquanto dividia os sequilhos com a irmã.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário
Pequenos segredos e grandes sentimentos. Eu não seria tão boazinha a ponto de me esquecer da garrafa quebrada. Ficaria pelo menos sete anos sem conversar com meu irmão. Seu texto mexe comigo e traz um monte de vida pra ser lembrada.
ResponderExcluirBacana, Núbia!
ResponderExcluirBeca é maravilhosa, tem grande valor, é o tesouro para a família.
Parabéns, poetamiga!
Beijos e uma boa semana para todaos.
Mara minha irmã aprontava comigo, mas na hora da brincadeira estava sempre atrás dela.
ResponderExcluirBeijos, fica bem.
Zé, Beca é o meu resgate.
Beijos