Domingos campineiros sem derby
A cidade de Campinas --- que já foi conhecida em passado não muito distante como a "Atenas brasileira" --- pelo seu porte, características e importância nacional é um cenário adequado para contos, novelas e romances. Hoje é uma vibrante e problemática metrópole, com as virtudes e defeitos inerentes às grandes aglomerações urbanas do Brasil e do mundo. É, sobretudo, cosmopolita.
Abriga pessoas procedentes de vários países e continentes e de todo o território nacional, com as mais diversas maneiras de pensar, ostentando diversidades culturais, de costumes e de comportamentos.
Desenrolam-se aqui histórias reais --- dramas, comédias e tragédias --- de fazer inveja ao mais talentoso dos ficcionistas. É a realidade superando a ficção. A cidade é uma fonte inesgotável de tipos humanos, de inspiração à espera de um escritor atento e criativo para explorar esse riquíssimo microcosmo e produzir enredos imortais.
Estranhamente, porém, em raras oportunidades esse material vivo foi ou vem sendo utilizado. Salvo honrosas exceções --- houve uma novela de Janete Clair, por exemplo, com personagens de Campinas --- quase ninguém se aventurou a situar seus contos, novelas e romances nesta relativamente jovem metrópole.
Aliás, poucos são seus ficcionistas. Raros, também, são os escritores campineiros de projeção nacional e esses, via de regra, dedicaram-se à poesia (Guilherme de Almeida, por exemplo) ou à crônica e ensaios, quando não estudos acadêmicos, partidos de suas três universidades.
Com grande argúcia e senso de oportunidade, o jornalista, professor e escritor Luís Roberto Saviany Rey vislumbrou essa brecha. E se deu bem, como o leitor poderá constatar assim que terminar a leitura do seu vibrante livro intitulado “A maldição dos eternos domingos sem derby”.
Como bom contador de histórias que é – qualidade desenvolvida em anos de prática jornalística – traz a público este delicioso romance que, embora tenha por pano de fundo a paixão do campineiro pelo futebol e, mais especificamente, a rivalidade entre os torcedores dos dois times da cidade, Ponte Preta e Guarani, faz desfilar por suas páginas tipos e personalidades saborosos, com os quais topamos todos os dias nas ruas, bares, cinemas, praças e estádios, quando não debaixo do nosso teto.
Ou seja, são figuras humanas "vivas", verossímeis, despidas de estereótipos e que extrapolam a mera fantasia. Trata-se de um livro apaixonante, desses que nos prendem e se lêem de um único sopro, sem interrupções, com a respiração suspensa à espera do desfecho. Embora ficção, baseia-se em fatos reais: marcantes para alguns, esquecidos por muitos e novidades para os que sequer eram nascidos na ocasião em que ocorreram ou que não residiam aqui.
Saviany é um brilhante e conceituado jornalista da cidade, exímio colunista e criativo editor de política, com várias passagens pelo Correio Popular, Diário do Povo e sucursal da Folha de São Paulo, entre outros. Além disso, é experiente professor do Instituto de Comunicações da PUC-Campinas, onde tem contribuído para a formação de algumas gerações de jornalistas.
Acostumado, portanto, a lidar com pessoas, é um arguto observador de comportamentos. Seu texto flui espontâneo e sem pirotecnias verbais, primando pela clareza e objetividade. Por isso é tão atrativo. Além do que, aborda a grande paixão do brasileiro, raramente explorada pelos nossos escritores de ficção: o futebol.
A rivalidade entre pontepretanos e bugrinos, na época em que o romance se situa, era muito maior do que ocorre atualmente. Dividia famílias e estabelecia ou rompia amizades. Era, no entanto, estimulante para os clubes. O sucesso de um dos times incentivava o outro a se desdobrar e se reforçar para a busca de surpreendentes conquistas nos gramados.
E estas vieram. O Guarani conseguiu um inédito título de Campeão Brasileiro, em 1978. A Ponte Preta, depois de amargar nove anos de Segunda Divisão, tendo perdido duas memoráveis finais (com a Portuguesa Santista e a Prudentina), quando retornou à divisão de elite disputou, por cinco oportunidades, o título paulista. Mesmo tendo perdido a chance em todas, foram, sem dúvida, jornadas muito especiais em sua trajetória, inscritas com letras de ouro em sua história. Além disso, conquistou memorável 3º lugar no Campeonato Brasileiro da Série A – o mais difícil e competitivo do mundo – em 1983.
A expectativa é que este livro seja apenas o primeiro de uma longa série, explorando este filão praticamente inesgotável, representado por Campinas e principalmente por sua gente. Quem vai sair ganhando com isso será, sem dúvida, o amante da boa leitura.
Bos leitura.
A cidade de Campinas --- que já foi conhecida em passado não muito distante como a "Atenas brasileira" --- pelo seu porte, características e importância nacional é um cenário adequado para contos, novelas e romances. Hoje é uma vibrante e problemática metrópole, com as virtudes e defeitos inerentes às grandes aglomerações urbanas do Brasil e do mundo. É, sobretudo, cosmopolita.
Abriga pessoas procedentes de vários países e continentes e de todo o território nacional, com as mais diversas maneiras de pensar, ostentando diversidades culturais, de costumes e de comportamentos.
Desenrolam-se aqui histórias reais --- dramas, comédias e tragédias --- de fazer inveja ao mais talentoso dos ficcionistas. É a realidade superando a ficção. A cidade é uma fonte inesgotável de tipos humanos, de inspiração à espera de um escritor atento e criativo para explorar esse riquíssimo microcosmo e produzir enredos imortais.
Estranhamente, porém, em raras oportunidades esse material vivo foi ou vem sendo utilizado. Salvo honrosas exceções --- houve uma novela de Janete Clair, por exemplo, com personagens de Campinas --- quase ninguém se aventurou a situar seus contos, novelas e romances nesta relativamente jovem metrópole.
Aliás, poucos são seus ficcionistas. Raros, também, são os escritores campineiros de projeção nacional e esses, via de regra, dedicaram-se à poesia (Guilherme de Almeida, por exemplo) ou à crônica e ensaios, quando não estudos acadêmicos, partidos de suas três universidades.
Com grande argúcia e senso de oportunidade, o jornalista, professor e escritor Luís Roberto Saviany Rey vislumbrou essa brecha. E se deu bem, como o leitor poderá constatar assim que terminar a leitura do seu vibrante livro intitulado “A maldição dos eternos domingos sem derby”.
Como bom contador de histórias que é – qualidade desenvolvida em anos de prática jornalística – traz a público este delicioso romance que, embora tenha por pano de fundo a paixão do campineiro pelo futebol e, mais especificamente, a rivalidade entre os torcedores dos dois times da cidade, Ponte Preta e Guarani, faz desfilar por suas páginas tipos e personalidades saborosos, com os quais topamos todos os dias nas ruas, bares, cinemas, praças e estádios, quando não debaixo do nosso teto.
Ou seja, são figuras humanas "vivas", verossímeis, despidas de estereótipos e que extrapolam a mera fantasia. Trata-se de um livro apaixonante, desses que nos prendem e se lêem de um único sopro, sem interrupções, com a respiração suspensa à espera do desfecho. Embora ficção, baseia-se em fatos reais: marcantes para alguns, esquecidos por muitos e novidades para os que sequer eram nascidos na ocasião em que ocorreram ou que não residiam aqui.
Saviany é um brilhante e conceituado jornalista da cidade, exímio colunista e criativo editor de política, com várias passagens pelo Correio Popular, Diário do Povo e sucursal da Folha de São Paulo, entre outros. Além disso, é experiente professor do Instituto de Comunicações da PUC-Campinas, onde tem contribuído para a formação de algumas gerações de jornalistas.
Acostumado, portanto, a lidar com pessoas, é um arguto observador de comportamentos. Seu texto flui espontâneo e sem pirotecnias verbais, primando pela clareza e objetividade. Por isso é tão atrativo. Além do que, aborda a grande paixão do brasileiro, raramente explorada pelos nossos escritores de ficção: o futebol.
A rivalidade entre pontepretanos e bugrinos, na época em que o romance se situa, era muito maior do que ocorre atualmente. Dividia famílias e estabelecia ou rompia amizades. Era, no entanto, estimulante para os clubes. O sucesso de um dos times incentivava o outro a se desdobrar e se reforçar para a busca de surpreendentes conquistas nos gramados.
E estas vieram. O Guarani conseguiu um inédito título de Campeão Brasileiro, em 1978. A Ponte Preta, depois de amargar nove anos de Segunda Divisão, tendo perdido duas memoráveis finais (com a Portuguesa Santista e a Prudentina), quando retornou à divisão de elite disputou, por cinco oportunidades, o título paulista. Mesmo tendo perdido a chance em todas, foram, sem dúvida, jornadas muito especiais em sua trajetória, inscritas com letras de ouro em sua história. Além disso, conquistou memorável 3º lugar no Campeonato Brasileiro da Série A – o mais difícil e competitivo do mundo – em 1983.
A expectativa é que este livro seja apenas o primeiro de uma longa série, explorando este filão praticamente inesgotável, representado por Campinas e principalmente por sua gente. Quem vai sair ganhando com isso será, sem dúvida, o amante da boa leitura.
Bos leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
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Poucos escritores têm essa admirável capacidade de fazer surgir nas palavras um cenário inteiro, concreto, com gente de verdade que diz coisas de forma natural. Mesmo entre os talentosos e em bons livros se vê, vez por outra uma travada no raciocínio, uma lacuna discreta, mas que se faz notada. Sei da sua especialidade, Pedro, então é prestar atenção em todas as suas indicações.
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