segunda-feira, 14 de março de 2011




Zilá Mamede



* Por Talis Andrade

No corpo a corpo
com a vida
o telefone/bar
/o tango
Zilá se ausenta
como quem morre
sob os olhos atentos
da mãe costurando

No corpo a corpo
com a poesia
o exercício da palavra
arado cultivadeira
rompe veios morde chão
rompe campos de salinas
para o plantio de um verbo novo

No corpo a corpo
com a poesia
a colheita da rosa
a rosa de pedra
desencantada
encantada rosa

No corpo a corpo
com a poesia
a esperada presença
de um anjo
um secreto amor
acorde o sono

No corpo a corpo
com a morte
desvelado o véu
de noiva
a face tranqüila
bordada de sombras
para a posse
do sonho oceânico
o mar absoluto
(evi)ternamente
conquistado

No corpo a corpo
com o mar azul
Zilá se ausenta
os cabelos de musgo
lavados de espumas
por navegos caminhos
ao célico encontro
de Auta de Souza
e Santa Tereza
irmãs na pureza
no amor místico
que os amores terrenos
ficaram como segredos
de Bandeira e Sanderson
irmãos na poesia

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

Um comentário:

  1. Somente a poesia nos permite falar "cantando"...
    Somente ela nos liberta a alma e passeia com os nossos segredos, sem que outros nos desvendem.
    Abraços

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