domingo, 13 de março de 2011


Pepe

* Por Emanuel Medeiros Vieira

Para o meu sobrinho e amigo Giuseppe (Pepe), que partiu nesse 5 de fevereiro de 2011) – que encontre no Espírito de Deus a paz que tanto buscou em vida.

Me informam no domingo de manhã, que partiste ontem à noite. Estou longe, e ontem ainda pensava em ti e nas conversas tantas que tivemos. (Escrevo no calor da hora, com o coração partido.) No amor, Pepe, todos os erros são perdoados. Leal, travaste uma duríssima luta contra as sombrias forças que muitas vezes nos atormentam.

Não foi fácil, Pepe. Não, não faço literatura, e não sei dizer, eu que já enterrei tantos amigos. Um dia, escreverei com mais densidade (como mereces) sobre ti. É como um catarse: escrevo e ouço “Jesus Alegria dos Homens”, de Bach.

“Nem tudo de mim morrerá”, escreveu Horácio (século I a.C). Foi-se a matéria. E o Espírito está além. Me dizem que teu corpo será sepultado com os teus avós paternos – meus pais. Estás em maravilhosa companhia. Não estarás só. Os sonhos se esborracham no chão? Tantas vezes nos perguntamos: o que é a vida? Qual a razão de tanta dor? Por que tudo isso? Não sei, meu sobrinho.

Amaste muito, e como escrevi acima, no amor todos os erros são perdoados. Teu bravo e generoso pai Antônio fez tudo o que era humanamente possível. (Como a tua mãe e o teu irmão Eduardo.) E me lembro do que alguém já escreveu: “Mesmo agora que ele se foi, eu ainda o tenho na riqueza das minhas memórias. Agora sei que nosso mundo não é mais permanente do que uma onda subindo no oceano. Qualquer que sejam as nossas lutas e triunfos, qualquer que seja o modo como os experimentamos, em breve todos fundem-se numa coisa só, como a tinta aguada de uma aquarela num papel”.

Giuseppe Luchini Vieira (Pepe): descansa em paz!

(Salvador, fevereiro de 2011)

*Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros.

Um comentário:

  1. Tão fortes palavras, ja não o via a muitos anos fiquei muito triste, pepe foi p/ mim um grande irmão, sou de Pelotas da época do remo na verdade o esporte era nosso laço e particularmente sempre achei que poderia ser sua salvação, e acompanhei por um longo tempo.... Gostaria muito de estar perto mestes ultimos momentos... Ele sera para mim um ser impar apasar dos impulsos destruitivos que tinha....
    Adeus meu irmão ulgum dia estaremos juntos .....
    Adriano Reis de Souza

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