Honestidade não mata
* Por Fernando Yanmar Narciso
Agora eu definitivamente fui longe!
O histórico diretor Frank Capra foi um dos primeiros diretores americanos a desafiar o stablishment e demonizar a high society do país. Apesar de ser um republicano conservador, atravessou toda sua carreira sendo considerado um comunista ou democrata radical, quando na verdade mantinha sua ingenuidade e otimismo da infância, e uma fé inabalável na capacidade de renovação das pessoas.
Capra é considerado o gênio criador dos gêneros comédia romântica e comédia aloprada, gêneros esses destruídos conforme o tempo foi passando. Apenas Capra poderia ter imaginado o machão cara-de-pedra Gary Cooper protagonizando uma comédia, no caso, O Galante Mr. Deeds, de 1936. Aqui, no calor da Grande Depressão dos anos 1930, ele interpreta Longfellow Deeds, um aparentemente simplório, mas muito nobre tocador de tuba da fanfarra da pacata cidadezinha Mandrake Falls, Vermont, e arremedo de poeta nas horas vagas. De repente, aparecem uns engravatados de Nova York na porta da casa dele dizendo que seu tio, o magnata Martin Stemple, havia morrido e ele era o único herdeiro da fortuna- imensa, isso na época da Grande Recessão - 20 milhões de Dólares. Desse modo, os homens arrastam o caipira para todo o luxo da Big Apple, onde ele tem, obviamente, imensas dificuldades para se adaptar ao estilo de vida dos ricos e famosos.
Óbvio que, por se tratar de um novo-rico, toda a imprensa – em particular, a marrom- está disposta a fazer qualquer coisa para pegar Deeds com as calças na mão e faze-lo motivo de chacota em toda a cidade. Uma repórter em especial, Babe Bennett (Joan Arthur) é convencida a se fazer passar por donzela em perigo para se transformar em interesse amoroso para Deeds. Conforme vai conhecendo-o, secretamente escreve matérias sensacionalistas sobre ele que se tornam febre na cidade, garantindo-lhe a alcunha de “Cinderelo”.
Como não poderia deixar de ser, Deeds acaba se apaixonando por Bennett. Mas assim que descobre quem é ela de verdade, vê que já agüentou tudo o que pôde da “altíssima sociedade” e se prepara para abandonar Nova York. Mas um senhor desempregado, inconformado com o que leu nos jornais sensacionalistas sobre Deeds, invade sua mansão com uma arma em punho, disposto a tirar satisfações com ele. Depois de um acalorado monólogo do pobre senhor, Deeds se comove e se torna um filantropo, disposto a passar todos os seus milhões para as pessoas que realmente necessitam.
Ao saber disso, o advogado do tio dele, John Cedar (Douglas Dumbrille), com quem Deeds teve desavenças desde que o conheceu, decide declara-lo louco para a Justiça e ficar com a herança de Stemple para si.
Quase todos me consideram um cara ingênuo, que poderia cair num conto do vigário ou participar do roubo do século sem dizer nada e ainda sorrir. Distraído, e muito, sim, mal compreendido, também, mas ingênuo, acho que não. Sou, sim, um altruísta, que daria tudo que tenho, por uma boa causa, e que seria incapaz de apontar uma arma a alguém ou trabalhar só para conseguir dinheiro. Nesse mundo, que a cada geração que passa, se farta de malandros gananciosos e egoístas, é necessário que apareçam pessoas bondosas e sinceras, sem altivez esnobe como Deeds.
Filme mais que recomendado àqueles muquiranas que adoram transar com cifrões.
* Designer, filho de Mara Narciso, colunista do Literário
* Por Fernando Yanmar Narciso
Agora eu definitivamente fui longe!
O histórico diretor Frank Capra foi um dos primeiros diretores americanos a desafiar o stablishment e demonizar a high society do país. Apesar de ser um republicano conservador, atravessou toda sua carreira sendo considerado um comunista ou democrata radical, quando na verdade mantinha sua ingenuidade e otimismo da infância, e uma fé inabalável na capacidade de renovação das pessoas.
Capra é considerado o gênio criador dos gêneros comédia romântica e comédia aloprada, gêneros esses destruídos conforme o tempo foi passando. Apenas Capra poderia ter imaginado o machão cara-de-pedra Gary Cooper protagonizando uma comédia, no caso, O Galante Mr. Deeds, de 1936. Aqui, no calor da Grande Depressão dos anos 1930, ele interpreta Longfellow Deeds, um aparentemente simplório, mas muito nobre tocador de tuba da fanfarra da pacata cidadezinha Mandrake Falls, Vermont, e arremedo de poeta nas horas vagas. De repente, aparecem uns engravatados de Nova York na porta da casa dele dizendo que seu tio, o magnata Martin Stemple, havia morrido e ele era o único herdeiro da fortuna- imensa, isso na época da Grande Recessão - 20 milhões de Dólares. Desse modo, os homens arrastam o caipira para todo o luxo da Big Apple, onde ele tem, obviamente, imensas dificuldades para se adaptar ao estilo de vida dos ricos e famosos.
Óbvio que, por se tratar de um novo-rico, toda a imprensa – em particular, a marrom- está disposta a fazer qualquer coisa para pegar Deeds com as calças na mão e faze-lo motivo de chacota em toda a cidade. Uma repórter em especial, Babe Bennett (Joan Arthur) é convencida a se fazer passar por donzela em perigo para se transformar em interesse amoroso para Deeds. Conforme vai conhecendo-o, secretamente escreve matérias sensacionalistas sobre ele que se tornam febre na cidade, garantindo-lhe a alcunha de “Cinderelo”.
Como não poderia deixar de ser, Deeds acaba se apaixonando por Bennett. Mas assim que descobre quem é ela de verdade, vê que já agüentou tudo o que pôde da “altíssima sociedade” e se prepara para abandonar Nova York. Mas um senhor desempregado, inconformado com o que leu nos jornais sensacionalistas sobre Deeds, invade sua mansão com uma arma em punho, disposto a tirar satisfações com ele. Depois de um acalorado monólogo do pobre senhor, Deeds se comove e se torna um filantropo, disposto a passar todos os seus milhões para as pessoas que realmente necessitam.
Ao saber disso, o advogado do tio dele, John Cedar (Douglas Dumbrille), com quem Deeds teve desavenças desde que o conheceu, decide declara-lo louco para a Justiça e ficar com a herança de Stemple para si.
Quase todos me consideram um cara ingênuo, que poderia cair num conto do vigário ou participar do roubo do século sem dizer nada e ainda sorrir. Distraído, e muito, sim, mal compreendido, também, mas ingênuo, acho que não. Sou, sim, um altruísta, que daria tudo que tenho, por uma boa causa, e que seria incapaz de apontar uma arma a alguém ou trabalhar só para conseguir dinheiro. Nesse mundo, que a cada geração que passa, se farta de malandros gananciosos e egoístas, é necessário que apareçam pessoas bondosas e sinceras, sem altivez esnobe como Deeds.
Filme mais que recomendado àqueles muquiranas que adoram transar com cifrões.
* Designer, filho de Mara Narciso, colunista do Literário
Esse parágrafo final é declaração pessoal ou do personagem? Ficou ambíguo, mas ainda assim, bom para refletirmos sobre a "felicidade inevitável" que o dinheiro traz.
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