Carnaval, ah, Carnaval!
Carnaval, ah Carnaval! Como gosto dessa festa! Não, leitor, não sou folião. Nunca fui e dificilmente serei (nunca se sabe, não é verdade?). Sou, isso sim, atento observador: de tipos, de comportamentos, de costumes, de reações etc. Tenho que ser. Ai do escritor que não for. Ainda assim, com todas essas ressalvas, gosto de Carnaval. Não sei se posso caracterizar esse período anual de folia de “festa”. Talvez não. Mas vá lá, que seja.
O Carnaval propicia tema para um sem número de textos, de todos os gêneros e características. Poemas a propósito há muitos. Ficção talvez não haja tanta (o que acho estranho), mas é possível que haja e que eu é que ignore. Imaginem quantas histórias, trágicas, cômicas ou, o que é mais provável, tragicômicas essa liberação dos instintos enseja! Uma infinidade!
Já a esta altura do meu texto, muito moralista de plantão, certamente, deve estar torcendo o nariz, se contorcendo, revirando os olhos e estranhando que um sujeito aparentemente sisudo, como eu (mas as aparências enganam, lembrem-se) confesse, e publicamente e, o que é pior, por escrito, sua apreciação por isso que classificam como barbárie.
Como justificativa para seu repúdio a essa secular manifestação popular (e os do contra nem precisam desse ou de qualquer outro pretexto) – que é bom que se frise, não é restrita apenas ao Brasil como muitos desavisados pensam – citam a violência, os excessos na bebida, o sexo livre e desbragado (como se “todos” que pulam Carnaval agissem assim), desastres, mortes, etc.
“Bushit”!, diria o norte-americano. Besteira, digo eu! Essas tragédias e bobagens todas ocorrem, de fato, nesse período, mas acontecem o ano todo, em todos os lugares, com ou sem Carnaval. Dependem de cada pessoa. Que culpa eu tenho se alguma mocinha descabeçada decide liberar seu corpo ao primeiro aventureiro que o deseje? Ela não sabe das consequências? Deveria saber. A vida é assim, na base da causa e respectiva consequência. E em tudo, para o bem ou para o mal.
Conheço, em contrapartida, muito casamento duradouro e bem sucedido que é resultado de namoros que começaram em bailes de Carnaval. Cada qual sabe de si (ou pelo menos deveria saber) e lhe compete adotar as cautelas devidas e necessárias para não se dar mal.
Por exemplo, se o sujeito bebeu, nem chegue perto do volante do carro. E nem precisa passar da conta. Álcool e direção jamais combinam. Se decidir praticar sexo com algum estranho (ou estranha) – e deve estar ciente de que um relacionamento tão profundo certamente trará alguma espécie de conseqüência – que ao menos adote a cautela mais óbvia de todas: o uso da camisinha. Se eu recomendo ou aprovo esse comportamento, digamos, “liberal”? Claro que não! Não me consta que algum dos meus filhos tenha se deixado levar por momentânea e irresistível tentação nesse sentido e tenha cedido a ela.
Nunca os proibi de participar do Carnaval. Apenas preveni-os das conseqüências de determinadas atitudes e eles entenderam. Diálogo é, pois, a melhor prevenção contra bobagens irreversíveis, dessas que, via de regra, nos arrependemos amargamente pelo resto da vida, mas...
Há coisas que depois de praticadas, não podemos voltar atrás. Após ocorridas, o jeito é tentar o conserto, e isso quando ou se existir. Gravidez indesejada, doenças venéreas, acidentes de automóvel, rompimentos de namoro ou noivado, divórcios etc., são as mais freqüentes e comuns.
Reitero, todavia, que o Carnaval não tem nada a ver com isso. Ninguém força ninguém a fazer besteiras nesta época específica (e em nenhuma outra). Ademais, essas coisas ocorrem o ano todo. Ou não? Às favas com os moralistas de plantão, os tais macacos que ridicularizam o rabo alheio sem atentarem para o próprio.
Quando moço, eu fazia questão de ir a bailes de salão. Foram inúmeros os que frequentei. Para pular? Não, não, não, apenas para apreciar. Costumava comprar uma mesa, convidar uma garota bonita e suas amigas a me fazerem companhia e não arredar pé dali enquanto houvesse música e foliões brincando.
Ficava com olhos e ouvidos bem abertos, atentíssimo a tudo o que ocorria ao meu redor e a todos os variados “personagens” que desfilavam à minha frente. Atualmente, fico grudadinho na telinha da televisão, acompanhando, às sextas e sábados, os desfiles das escolas de samba paulistas e, aos domingos e segundas, os do Rio de Janeiro. Há mais de uma década que não perco uma única dessas transmissões. Fico babando com a criatividade dos carnavalescos, com o talento natural do brasileiro para a música e a dança e com tanto colorido, movimento, luz e som. Como, aliás, ficam os milhares de turistas que superlotam o sambódromo.
Um dos meus livros prediletos – provavelmente o próximo que irei lançar, talvez ainda neste ano – é “Passarela de sonhos”. É de contos, todos tendo por mote o Carnaval. É, sou réu confesso. Ressalto que essa nova obra literária é fruto das tantas observações que faço e já fiz nos tais bailes de salão que freqüentei no passado e dos desfiles de escolas de samba que continuo observando. São histórias verossímeis, ora trágicas, ora cômicas, ora tragicômicas (creio que a maioria). Carnaval... Ah, Carnaval!
Boa leitura.
O Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Carnaval, ah Carnaval! Como gosto dessa festa! Não, leitor, não sou folião. Nunca fui e dificilmente serei (nunca se sabe, não é verdade?). Sou, isso sim, atento observador: de tipos, de comportamentos, de costumes, de reações etc. Tenho que ser. Ai do escritor que não for. Ainda assim, com todas essas ressalvas, gosto de Carnaval. Não sei se posso caracterizar esse período anual de folia de “festa”. Talvez não. Mas vá lá, que seja.
O Carnaval propicia tema para um sem número de textos, de todos os gêneros e características. Poemas a propósito há muitos. Ficção talvez não haja tanta (o que acho estranho), mas é possível que haja e que eu é que ignore. Imaginem quantas histórias, trágicas, cômicas ou, o que é mais provável, tragicômicas essa liberação dos instintos enseja! Uma infinidade!
Já a esta altura do meu texto, muito moralista de plantão, certamente, deve estar torcendo o nariz, se contorcendo, revirando os olhos e estranhando que um sujeito aparentemente sisudo, como eu (mas as aparências enganam, lembrem-se) confesse, e publicamente e, o que é pior, por escrito, sua apreciação por isso que classificam como barbárie.
Como justificativa para seu repúdio a essa secular manifestação popular (e os do contra nem precisam desse ou de qualquer outro pretexto) – que é bom que se frise, não é restrita apenas ao Brasil como muitos desavisados pensam – citam a violência, os excessos na bebida, o sexo livre e desbragado (como se “todos” que pulam Carnaval agissem assim), desastres, mortes, etc.
“Bushit”!, diria o norte-americano. Besteira, digo eu! Essas tragédias e bobagens todas ocorrem, de fato, nesse período, mas acontecem o ano todo, em todos os lugares, com ou sem Carnaval. Dependem de cada pessoa. Que culpa eu tenho se alguma mocinha descabeçada decide liberar seu corpo ao primeiro aventureiro que o deseje? Ela não sabe das consequências? Deveria saber. A vida é assim, na base da causa e respectiva consequência. E em tudo, para o bem ou para o mal.
Conheço, em contrapartida, muito casamento duradouro e bem sucedido que é resultado de namoros que começaram em bailes de Carnaval. Cada qual sabe de si (ou pelo menos deveria saber) e lhe compete adotar as cautelas devidas e necessárias para não se dar mal.
Por exemplo, se o sujeito bebeu, nem chegue perto do volante do carro. E nem precisa passar da conta. Álcool e direção jamais combinam. Se decidir praticar sexo com algum estranho (ou estranha) – e deve estar ciente de que um relacionamento tão profundo certamente trará alguma espécie de conseqüência – que ao menos adote a cautela mais óbvia de todas: o uso da camisinha. Se eu recomendo ou aprovo esse comportamento, digamos, “liberal”? Claro que não! Não me consta que algum dos meus filhos tenha se deixado levar por momentânea e irresistível tentação nesse sentido e tenha cedido a ela.
Nunca os proibi de participar do Carnaval. Apenas preveni-os das conseqüências de determinadas atitudes e eles entenderam. Diálogo é, pois, a melhor prevenção contra bobagens irreversíveis, dessas que, via de regra, nos arrependemos amargamente pelo resto da vida, mas...
Há coisas que depois de praticadas, não podemos voltar atrás. Após ocorridas, o jeito é tentar o conserto, e isso quando ou se existir. Gravidez indesejada, doenças venéreas, acidentes de automóvel, rompimentos de namoro ou noivado, divórcios etc., são as mais freqüentes e comuns.
Reitero, todavia, que o Carnaval não tem nada a ver com isso. Ninguém força ninguém a fazer besteiras nesta época específica (e em nenhuma outra). Ademais, essas coisas ocorrem o ano todo. Ou não? Às favas com os moralistas de plantão, os tais macacos que ridicularizam o rabo alheio sem atentarem para o próprio.
Quando moço, eu fazia questão de ir a bailes de salão. Foram inúmeros os que frequentei. Para pular? Não, não, não, apenas para apreciar. Costumava comprar uma mesa, convidar uma garota bonita e suas amigas a me fazerem companhia e não arredar pé dali enquanto houvesse música e foliões brincando.
Ficava com olhos e ouvidos bem abertos, atentíssimo a tudo o que ocorria ao meu redor e a todos os variados “personagens” que desfilavam à minha frente. Atualmente, fico grudadinho na telinha da televisão, acompanhando, às sextas e sábados, os desfiles das escolas de samba paulistas e, aos domingos e segundas, os do Rio de Janeiro. Há mais de uma década que não perco uma única dessas transmissões. Fico babando com a criatividade dos carnavalescos, com o talento natural do brasileiro para a música e a dança e com tanto colorido, movimento, luz e som. Como, aliás, ficam os milhares de turistas que superlotam o sambódromo.
Um dos meus livros prediletos – provavelmente o próximo que irei lançar, talvez ainda neste ano – é “Passarela de sonhos”. É de contos, todos tendo por mote o Carnaval. É, sou réu confesso. Ressalto que essa nova obra literária é fruto das tantas observações que faço e já fiz nos tais bailes de salão que freqüentei no passado e dos desfiles de escolas de samba que continuo observando. São histórias verossímeis, ora trágicas, ora cômicas, ora tragicômicas (creio que a maioria). Carnaval... Ah, Carnaval!
Boa leitura.
O Editor.
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Aparentemente liberal, os conselhos foram sensatos, mas moralistas. Nem todos gostam de agir preventivamente. A adrenalina da incerteza move muita gente e não apenas no Carnaval. As "festas" de sexo grupal com alguém sabidamente portador do virus da AIDS estão aí para provar que viver perigosamente é droga poderosa.
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