sábado, 13 de agosto de 2016

Risum teneatis

Por Luís Edmundo

Teus olhos claros me disseram,
Como se fossem tua voz:
Ama-me... Os olhos também falam;
E quando os nossos lábios calam
O gesto e o olhar falam por nós.

Quando os teus dedos se encontraram
Nos dedos meus cheios de ardor,
Tua alma cálida fremia;
A tua mão nervosa e fria
Disse-me todo o teu amor.

Sorrias tu como uma estátua;
Lívida e cheia de emoção
Tu não falaste... a boca mente,
Tu foste minha inteiramente,
Foi meu teu virgem coração.

Passou no entanto aquele dia
Em que com febre e embriaguez
As nossas almas amorosas
Se uniram, trêmulas, ansiosas,
Pela primeira e última vez!

A boca mente... tu falaste...
Sem pressentir a minha dor...
Tu me negaste o amor ardente
Que em ti vibrava... a boca mente...
E tu mentiste, meu amor!

(Poesias, 1907.)


* Jornalista, poeta, cronista, memorialista, teatrólogo, historiador e orador, membro da Academia Brasileira de Letras.

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