sábado, 13 de agosto de 2016

O livro (O sopro)

* Por Luís Augusto Cassas


No início era o verso
dormindo na escuridão
E um grande amplexo
regia a imensidão
Não havia sofrimento
nem não sofrimento
apenas o mistério
em seu fluxo eterno
As letras do alfabeto
suspensas e incriadas
eram penduradas âncoras
fecundando o universo
A multiplicidade
subordinava-se
à unidade da criação
Estrelas pétalas e peixes
pássaros animais homens
pastavam em cooperação
Mas a obsessão do ser
e a possessão de viver
germinaram o cio
incendiando o vazio
Então o verso
apaixonou-se pelo reflexo
e irrompeu o adverso
desnorteando a estação
-  Faça-se a luz!
clamou a Unidade
- "Faça-se a ilusão!"
bradou a Multiplicidade
Instituiu-se a cobiça
o Bem e o Belo
a Verdade e a Justiça
desconectaram-se do quatérnio
O narciso e a flor de lótus
romperam os votos
E o grande caos
turvou a fonte original
Então a Multiplicidade
dissociou-se da Unidade
Mas preservou-a a Verdade
no arco-íris das Idades

In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 513

* Poeta maranhense.


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