Ecos
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
O sol me desperta, levanto-me
sem sequer pensar em pausas. Cobro de meu corpo uma força que já não
mais me aflora. Percebo sem muitos traumas vincos no meu rosto.
Um resquício de
vaidade ainda me prende ao espelho que reflete sem disfarces talvez o peso da
idade, talvez sequelas de um olhar não muito generoso. O tempo, sempre o tempo,
o algoz ditador ou o velho mergulhado em rios de sabedoria.
Procuro nas paredes
nesgas do sol, mordo o canto dos lábios para ter certeza do milagre. Sigo,
carregando um cântaro ora de alegrias e encantos, ora de dor e prantos.
Sigo convicta de uma
eternidade solitária, de uma certeza que me cobra alto, que me custa caro. O
desprezo de quem me enxerga arrebatada, exagerada, servil não me corrói, não me
fragmenta.
Sigo numa estrada
antiga coberta de uma poeira vermelha e andrajos. Sigo na rabeira do vento que
as vezes ressuscita meu nome e me devolve um sorriso tão familiar. Sigo
consumida em preces que o universo foi incapaz de apagar. Sigo só, por hoje...
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
Realismo poético. Isso existe? Você o criou. E ficou bonito.
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