terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Pílulas literárias 219

* Por Eduardo Oliveira Freire


FAMINTOS

Um dia, encontraram-se e mesmo sabendo que iria acontecer, beijaram-se até desaparecerem.

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“INVEJOSA”

Todos consideravam que Andreia tinha inveja de Ana. Na verdade, só a queria para ela. Imaginava amigas-irmãs a viajarem o mundo, deixando para trás a pequena cidade onde nada acontecia.

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ALEJANDRA (2007)

–Alô, sou eu, Alejandra. Não adianta disfarçar a voz, observo você faz tempo, desde que acabou de ler o livro Sobre Heróis e Tumbas, tem medo que eu apareça nua e o afogue no mar obscuro e revolto. Sou a princesa-dragão e a minha enfermidade produz pesadelos terríveis em você, sou amaldiçoada. Não tem curiosidade em me conhecer profundamente? Precisa atravessar o túnel-poço-cloaca para conhecer minha diabólica e incestuosa existência. Apesar de dizer que “ninguém merece uma Alejandra na vida real”, ficou fascinado por mim. Há obras de arte que nos marcam como gado, pior, queimam a alma. Sou uma deusa muito antiga, em minhas veias corre o sangue de povos milenares. Como já sabe o meu nome tem nove letras que nem a minha pátria. Por favor, não fica mais escrevendo isto na agenda e falando com a primeira pessoa que encontra, não pega bem. Um leitor atencioso percebe isso e você não descobriu a pólvora, querido. Há uma fúria em mim, herdei da minha família, principalmente do meu pai. Por isso, matei-o e me entreguei às chamas, desejava acabar com círculo-vicioso-metafísico-diabólico-incestuoso que me prendia. O fogo destrói e ao mesmo tempo purifica. E aí, quer fazer a travessia do túnel-poço-cloaca?

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CLARICE NAS REDES SOCIAIS

"Prefiro a escuridão, vejo melhor. Os olhos não ficam poluídos com a overdose de imagens".

“Pedi para meu amigo Dudu Oliva ler um texto que escrevi. Ele ficou surdo por minutos. Disse: O texto grita demais”.

“Não uso maquiagem, mas quando passo o batom vermelho de minha vó, fico outra”.

“Fiz um vídeo e postei na net. Não divulguei. Mas, um cara que se chama Anjo Caído comentou. Apaguei”.

“Quando estou só, Morfeus se revela ótimo consolo”.

“Acho um saco esta história de gêneros. A alma não tem sexo”.

“Amigo Dudu, quero ser uma gelatina cósmica também”.

“Por telefone: - Mamãe, estou bem. Um dia a gente se vê por aí”.

“Sonhei ser cachoeira”.

“Vou embora. Partir é minha vida. Até um dia!”

Anos depois:

“Voltei, ainda estão por aqui? Dudu Oliva, lembra-se de mim ou já morreu?”

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* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/



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